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quinta-feira, 3 de junho de 2010
Reflexões de um seguidor
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sexta-feira, 28 de maio de 2010
Exposição Mar És
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terça-feira, 27 de abril de 2010
Mar és
Centro Cultural Gilberto Mayer,
e permanece para visitação até 01 de junho de 2010.
quarta-feira, 24 de março de 2010
ordenanças
domingo, 7 de março de 2010
Para cada momento uma palavra
Foto- Pombo -TT
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Tempo de Lírios
E nem era primavera. Ajustou as meias e os cordões dos sapatos. O tom flamingo se espelhava em cada partícula da paisagem. Dialogando com as abstrações, o instinto persistente da consciência desprovido de qualquer disfarce. As formas brancas, curvas, de centros amarelos e perfumes inolvidáveis permaneciam num emudecido encontro com tudo. A intolerante pergunta era só mais um pássaro entre outros dez mil pássaros pousados em suas vestes. Porque tudo é encontro? A partir dali não haveria brisa.
Reconheceu de imediato o desassossego entrelaçado das árvores. Chegara, finalmente. E era como se também tivessem chegado o ardor pulsante do que não se extinguiria.
Quem sabe do regresso, quem pode dizer sobre o que parte e acorda da sombra, da saga vulgar dos impulsos, das substâncias e rupturas floridas da ilusão que, a cada irromper do amanhã, desprezam algo de si mesmas? Desabrochar é um vício necessário. Do espírito.
Haveria de se perder tantas vezes quantas fossem sublimadas as suas forças. Tinha a impressão de levar consigo mais do que lhe era possível.
Soprando de um lugar ignorado um retalho igualmente irreconhecível debruçava-se sobre a nudez da claridade – a segregação de tudo quanto era conhecido e tênue. “Talvez não fosse eu” disse sobriamente.
Tudo parecia se materializar, a despeito das folhas caídas e dos anseios impacientes.
No jardim, no instante lento e perplexo do luar, nem o pai, nem o irmão, nem os filhos. Só uma crédula brancura. A que, irredutivelmente, colhia na sinuosidade do próprio rosto.
Editado a partir do original publicado em:
http://historiaspossiveis.wordpress.com/2010/02/07/tempo-de-lirios/
Foto - Lírios -TT
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
O Homem que brilhava

Andou para um lado e para outro. Seu entusiasmo não sabia se diria adeus à liberdade ou reconhecia onde estava. Ali o esperava o mar, aquele mar que podia contemplar por intermináveis momentos, e sempre mostraria algo diverso: uma concha, uma profundidade mais transparente, o rastro de uma nuvem, o rumo de outra corrente e as instantâneas ondulações espumando na margem. O som que ouvia assemelhava-se ao terno perfume de um presente recebido há muito tempo, bem distante.
Cada sensação era um tesouro inestimável, de uma euforia irreflexiva, como se pertencesse a um todo que imediatamente se desintegrasse. Onde acabaria alguém de alma demasiado sensível? “Aqui tens o coração de um homem”.
Não podia parar. Era para si mesmo um reflexo luminoso desprovido de qualquer significado. Olhava-se como a gaivota olha o cardume ou como o cardume olha o pássaro. Era um sondar repleto, de luz profunda, uma recompensa inolvidável do prazer de quem vê além do simples esforço das pupilas. Era-lhe irrefragável o sorriso, quase inocente, como quem soubesse ter guardados muitos mais para trazer aos lábios. Seguiu olhando ininterruptamente. Algo brilhava na areia limpa. A água morna molhava seus pés. Não recordava onde havia deixado a última lembrança, tampouco queria encontrá-la. Novamente percebeu o brilho na areia. Inclinou-se e recolheu o que lhe parecia ser um metal precioso. Já contava com algo. Fez uma pequena pausa. Em sua multidão de silêncios a voz do mar era o próprio corpo do mar que o domava e o refazia. Estendeu as mãos contra o sol. O brilho sumiu por entre os dedos. Consumiram-se os elos das coisas secretas.
Uma suave ironia marcou sua fronte persistente. Sorriu com a mesma bondade de antes. O mar agora era verde, brilhantemente verde e solitário. Com a cabeça inclinada caminhou como sabem caminhar os que não perdem jamais o que tanto se custa a conseguir ou não tem qualquer preocupação com as vis necessidades humanas – alimento, descanso ou amor.
Como se entrelaçado em incomensuráveis variantes e obviedades dirigiu-se ao indefinível com a doçura de quem só podia murmurar: “Aqui tens uma estrela mais intensa do que a minha”.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Histórias Possíveis - Edição 54
...descubra quem escreve o que em “Histórias Possíveis - Edição 54”.
Boa leitura.
https://historiaspossiveis.wordpress.com/2009/11/23/no-crepusculo-todas-as-cordas-sao-pardas/
No crepúsculo todas as cordas são pardas
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Eu em mim; de um outro lado
Desprovido de caráter competitivo, o evento não premia e não atribui classificações. Todos os selecionados têm seus trabalhos divulgados em exposições, shows, livros e CD's que são gratuitamente dirigidos a críticos especializados, galerias de arte, bibliotecas, escolas de artes e empresários que investem em atividades culturais, assim como a autoridades e lideranças empresariais.
Na categoria Literatura-Poesia a comissão de jurados foi composta pelos especialistas Carlos Francisco de Morais, Betty Vidigal e Milton de Godoy Campos.
O poema “Eu em mim; de um outro lado” de minha autoria, foi um dos escolhidos!
Na noite de 09 de novembro de 2009, no Citibank Hall em São Paulo, houve a exposição dos trabalhos selecionados nas várias categorias, com apresentação da dupla Sá & Guarabyra fazendo a abertura do show, e na seqüência os cantores e cantoras do Banco de Talentos - Música. Uma festa linda da qual tive a alegria de participar.
Eu em mim; de um outro lado
Estes ramalhetes de alvoradas
que seguro entre os dedos
são para descansar os pés retintos
os medos abandonados
a escorrer de um revés
são sais inteiros que ensaiam infinitos
nos mares que não meço
nem penso sem ver
são autos de bondade,
são segredos iluminados
com a amplitude secular do criador.
- mar és: disse-me a porção da procura –
Estes maços de crepúsculos
são a jura da saudade que impeço
a intenção de reter o instante
são pretextos invariáveis
diante da suposição de tornar visível
o desnível das ondas em que se adora permanecer
com a solitude salutar do navegador
urdindo a âncora, a loucura de vir a ser.
- torna-te o que és: disse-me Píndaro.
Este aro de razão
é a estrofe do estupor
a catástrofe difusa
a chuva do amor que se confunde
na ínfima virtude da ilusão
do que será somente – senão.
sábado, 10 de outubro de 2009
Sobre uma concepção

Recolhi um coração do chão e o cobri com sentimentos azuis. O dia não oferecia nada além do dia, e a cor da terra era um vilarejo macio.
- Tela - O Barqueiro - TT
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Sinfonias de Setembro

Cheguei antes que o pêndulo do tempo me visse
Sou rubra como é azul a pele do céu
Sou tão suave e tão versátil e tão mansa
Sei quase sempre o fruto em que me tornarei
A semente infatigável que me vigiará
Sei dos olhares estranhos e admirados que me investigam.
- Não interrogo. Nem sei se penso.
O vento é a seiva da minha voz que é nada
E é cor.
Foto-Cerejeiras-TT
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A unidade que me transforma e me divide

Não me pertenço.
Penso ser deste mundo
pressupondo que outro mundo
não exista além deste.
O que tenho é o espaço onde estou.
Onde estou sou o que tenho,
(tenho?) a mim mesma quando muito,
o café escuro que bebo.
Este pouco de mim
Estabelecer não me cabe
e se me cabe não estabeleço.
Desenho: Olhares de flores-TT
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Telhas transparentes
A ressonância das cores esvoaça no júbilo das folhagens. Sacraliza o momento de torpor de uma descoberta, de uma borboleta nívea.
O quadro em que algo faltou.
E sou o rio que pára de correr.
Dentro do rio o pássaro e o livro.
O gosto por orvalhos e plantas na leitura de um plano.
Não só o nu. O expresso meio tom.
Vêm os ecos dos membros ermos na biblioteca.
E é místico o balanço. Passos indissolúveis.
Não tenha medo meu anjo.
E tudo nasce deliberadamente como a borboleta alva, sem todos menores, sem abas unidas.
E se entrega à música pacífica que dá o sonho que diz sim ao rio e deságua nos livros
O meio tom, o nu. Do que quiser.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Clube do Conto da Paraíba
- Por que Literatura é também partilha
terça-feira, 23 de junho de 2009
Naturezas
pronúncias indeléveis, magnólias
prêmio das horas, madressilvas
o inesperado, girassol
a brancura seduz retinas, um lírio
fervilha neurônios, duas orquídeas
intuir que tudo é estigma, três petúnias
sucessões idênticas, hirtas hortênsias
não fossem as datas, carícias açucenas
pseudo tempo, dálias essências
e as amarguras, bromélias
desmemórias, margaridas
a dimensão anônima, nenhuma camélia
ou cicuta inocente, algum jasmim
enquanto o efêmero se esfria numa violeta,
da tarde floral se anuncia a gênese
e do cactus a próxima gentileza da noite
e dos dias e das noites o anúncio da beleza;
o momento, o instante, o roseiral
da rosa-alma, da rosa-gênese, da rosa-rosa.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Uma Outra História Possível
Na edição 44 do "Histórias Possíveis"
(entre outros colaboradores da revista), existe
" O homem que brilhava", desta que vos escreve,
"encadeada" pela alegria de mais uma publicação.
Partilho com vocês: Boa leitura!
http://historiaspossiveis.wordpress.com/2009/05/31/o-homem-que-brilhava/
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Enquanto ouço a Ave Maria
Enquanto ouço a Ave Maria
Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranqüila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão (Rainer Maria Rilke)
A natureza desnuda o efêmero que existe em mim. Como uma auréola de eterna quimera, observo o interminável subterfúgio do nada, as suas intermitências insondáveis. Guardo almas e rostos em frações e artefatos de tempo – quiçá por sonhar o improvável, o ilegítimo, ou por não admitir a possibilidade real da verdadeira ilusão. Incapaz de resistir às precipitações da consciência, meu olhar pesquisa o pensamento, a rebeldia de cada instante que não me precipita em sua fugaz duração. O orvalho brilha como singelos diamantes à luz do sol sobre as florescências rubriplúmeas. A névoa agradavelmente fria parece coadjuvar com os vales num interlúdio para nutrir o hoje. É sublime respirar o sorriso, o pacto radiante que ultrapassa o silêncio.
Não há preocupação. Nem razão para motivos. No indescritível dos momentos há um pequeno alívio, uma trégua. E no impalpável, na réstia de alento que se distrai para quando eu possa, comemoro toda a sorte da minha arte. Um gorjeio de ternura me fita confiante no que possuo de mais sensível, como se detivesse o dom de fazer brotar do barro uma obra semelhante à divina.
Uma nova estação reaparecerá para forjar dos erros os passos de não se perder nos próprios; Deus, inigualavelmente perfeito, não obscurece sua criação com o perfeccionismo.
Nem eu ousaria desperdiçar a referência em que o coração novamente acredita, e inebriado sorve o necessário – porque é da sua natureza crer que será feliz.
http://blogdoalt.files.wordpress.com/2008/04/gazeta-alt-ed66-24-05-09-visualizacao.pdf.
domingo, 24 de maio de 2009
A de aquários diversos
Pelo jornalista Oniodi Gregolin
Não eram as palavras
que me recebiam naquela
tarde. Tinta e cor
me davam boas-vindas
quando comecei a subir
os degraus. Dois lances
de escada e já a vi me esperando
no topo. Não caminhei
com pressa, sendo
que tinha uma quantidade
grande de pinturas para
olhar naquele ambiente.
Passando para a sala, mais
obras me vigiavam. De certo
modo me intimidavam, por
serem maioria. Casarios, pessoas,
paisagens, tudo parecia
me observar. As palavras, meu
mote de procura, ainda não
haviam sido pronunciadas ou
escritas, somente a cor sobre o
tecido que permanecia arte até
iniciarmos nossa conversa.
Aquele decorrer de menos de
dois minutos entre o subir escadas
e o aconchegar-me no sofá
me levou a uma vertigem de pensamentos.
Coisa que só acontece
mesmo quando a arte, de um modo
geral, permite essa viagem por
anseios e suspiros quase poéticos.
Mario Llosa, escritor peruano, descreveu
esse momento de interrupção
temporária da vida como resultado
de uma obra literária: “O romance
A de aquár ios
diver sos
apazigua o momento
de inquietude e insatisfação,
e esse momento
de suspensão provisória
da vida é que nos afunda
a Ilusão literária”. Mas não
foi Llosa o mais mencionado
naquela tarde; nos lábios da
artista – Tere Tavares –, Schopenhauer
era recorrente.
E da pintura à literatura, Tere,
nova membro da ACL (Academia
Cascavelense de Letras), deixou-se e
me levou a suspender a mente num
momento de conversa. “Eu entrei na
academia por meio de um convite de
uma acadêmica. Comecei a participar
das reuniões e logo fui admitida como associada
especial”. Por quase três anos, Tere
foi apenas associada à academia dos letrados
de Cascavel. Numa cerimônia na semana
passada, ela passou a ocupar uma cadeira defi
nitiva entre os membros. “Sempre esperamos
por algo assim, entretanto, até que não se confi
rme, sempre é uma surpresa”. Seguindo todos
os requintes que uma cerimônia desse porte exige,
Tere recebeu a toga verde e dourada que lhe caiu
sobre os ombros. Estava consentida.
A pintura e a literatura, nas quais é autodidata, dividem
a criatividade da artista. Os pincéis e a palavra são as duas paixões.
“Eu primeiro amei a pintura, depois, como prelúdio dos tempos do antigo
ginásio, a poesia, mas me realizo com as duas.
As artes dialogam entre si e todos os artistas sempre
se expressam por mais de uma delas”.
“É possível, hoje, viver de arte?”. “Não, mas como dizia Rainer
Maria Rilke, os artistas devem antes se garantir com alguma
renda para não fazer da arte uma forma de comércio,
podendo apenas se preocupar com o prazer de fazê-la”.
Por formação, a artista é economista e, já aposentada
do serviço público, faz de Cascavel o reduto das duas
manifestações artísticas que produz. “Não existe lugar
certo para produzir arte. Existe apenas o lugar
em que nos sentimos bem para isso. Hoje, aqui na
cidade, está havendo um bom crescimento no espaço
da cultura e isso é bastante positivo”.
Como amadurecimento da vertente literária
que deixou reaquecer, Tere publicou os primeiros
textos em antologias com outros poetas
no ano de 2002. A partir destas primeiras publicações,
surgiu em 2004 a primeira obra literária
solo da escritora: Flor Essência (Editora
Coluna do Saber, 2004). Também
composta por poemas, a obra permeia
o feminino e a natureza. Sobre aconchegar
um poema no papel, a autora
fala de inquietudes e solidão. “A poesia
surge pela necessidade de se expressar
e é isso que nos move até
ela. É como um chamamento em
momentos não muito alegres
e outros de solidão. Naqueles
momentos que sentimos que
precisamos dizer algo”.
Com uma experiência já
vivaz, em 2008 a autora
lançou a última obra,
Meus Outros (Editora Coluna do Saber, 2007). A
composição desta última manifestação literária
não saiu sem as diversas revisões da autora.
“Sempre há alguns textos que deixamos de fora.
Há ainda aqueles que modifi camos. Clarice Lispector
já dizia que depois de publicada a obra
ela não punha mais os olhos, razão tinha ela,
pois sempre queremos modifi car algumas coisas.
Outra coisa que acontece é quando olho
algum escrito antigo e penso: como pude escrever
isso? Mas não é porque é ruim, cada
dia vamos nos aperfeiçoando e exigindo
mais de nós mesmos. Schopenhauer dizia
que uma coisa é nascer com talento, outra é
a técnica para aprimorar esse dom”.
Não conheço a primeira obra da autora,
mas além da técnica da escrita, que se adquire
com sutilezas do praticar, a principal característica
de Meus Outros é a sinceridade
das palavras que se colocam para expressar.
Seguramente, pelo que conversamos, uma
obra avante é sempre um avanço. Resumiria
esse livro com um verso que extraí dele
no poema A verdadeira compreensão do
vazio: “E este sal derramado serve de
alento a alguém muito doce”.
Nossa conversa já discorria como se
fôssemos amigos de longa data. Como
lembrança daquela tarde, uma exemplar
de Meus Outros ela me presenteou.
E na dedicatória o oferecimento
de “algo das almas que trafegam
em esferas inaudíveis, porém perceptíveis”.
Ainda não pude degustar
com goles trôpegos todos os poemas
de Tere, mas o simples molhar
de lábios que tive com alguns deles
já instigou a vontade descontrolada
de me embriagar. Melhor seria
se os poemas fossem o vício da
carne; é minha alma, entretanto,
que transborda pelas reminiscências
que emergiram com
os Outros de Tere Tavares.
Como ela própria já se
disse: “seguramente,
sou de aquários diversos.
Publicado no caderno "Gazeta ALT" do Jornal Gazeta do Paraná, edição 66 de 24.05.09
http://blogdoalt.files.wordpress.com/2008/04/gazeta-alt-ed66-24-05-09-visualizacao.pdf
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Academia Cascavelense de Letras
