quarta-feira, 24 de junho de 2015

Sobre lagartas e borboletas - Poema e Participação

Foto de Marcelo Gallep
Tere Tavares
Sou uma abelha, cuja colmeia é de letras melífluas. Sempre que um novo
favo de folhas se enfeixa, o chamo de livro, e de livros faço enxames. Não
me furto ao alimento que me é primordial à vida: escrevo, com cera resinada
de flores e chuvas, as caixinhas, onde, repartida e inteiramente, me entrego aos que gostam de virar páginas e colher palavras, como néctares para a alma.

Máscara Brasileira

Não definiu a proposta
As formas mais simples.
O que governa
Não escreve a boa tradição.
Na atualidade
E desde sempre
Faz muito tempo
Não é o verdadeiro eu que conta
Antes a concepção mais falsa
Do que deveria ser honestidade.
Canta o povo
Dança seu coração
Não obstante
De novo
Canta o povo
Dança seu coração
Sua alma se perde
E não tem que mudar por obrigação
E ainda pode mudar seu tortuoso caminho
Com seu grito de asas abertas
De inconformismo

Carátula Brasileña

No definió la propuesta
Sensilamente las formas.
Lo que gobierna
No escribe la buena tradición.
En la actualidad
Y desde siempre
Hace mucho tiempo.
No es el verdadero yo que cuenta
Si no la más falsa concepción
De lo que debería ser honestidad.
Canta el pueblo
Baila su corazón
Sin embargo
De nuevoCanta el pueblo
Baila su corazón
Su alma se pierde
Y él no tiene que cambiar por obligación
Y todavía puede cambiar su estorbado camino
Con su grito de alas abiertas
De no conformidad.

Tere Tavares


O e-book SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS já está disponível para venda no site da livraria Saraiva. Adquira seu exemplar clicando no link abaixo:
http://www.saraiva.com.br/sobre-lagartas-e-borboletas-8893578.html

A renda obtida será revertida para Ong Mano Down.Lançamento oficial no sábado, dia 27 de junho, o dia inteiro... compareça: https://www.facebook.com/sobrelagartaseborboletas?fref=nf

Mais detalhes:

SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS

Do “Projeto do Ovo ao Voo” idealizado pelas poetas Adriana Aneli, Adriane Garcia, Chris Herrmann e Maria Balé nasce o e-book “SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS”.

São 75 poetas, de várias idades, estilos e países reunidos com o objetivo de construir visões múltiplas sobre o tema “transformação”.

De sonetos a improvisos repentistas, da prosa poética ao rapper, a liberdade lírica dá o tom à obra e ao exercício poético: desafio e superação, medo e coragem, desejo e libertação.

O livro recebe o selo TUBAP Books, prefácio de Chris Herrmann, projeto gráfico de João Baptista da Costa Aguiar e Angela Mendes, com ilustrações inéditas da artista plástica mineira Cristina Arruda.

A surpresa fica por conta das biografias dos poetas, narradas a partir dos olhos dos insetos que os representam.

A renda obtida com a venda do livro será totalmente revertida para o projeto social MANO DOWN, entidade sem fins lucrativos que promove, através da visibilidade, a igualdade social, para que as pessoas com down e outros deficientes tenham liberdade para dirigir a própria vida.

O Lançamento virtual do livro "SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS", acontece na rede social Facebook no dia 27 de junho de 2015, durante todo o dia, com bate-papo e participação de todos os autores em página criada especialmente para divulgação do projeto, uma oportunidade para discutir literatura com professores, escritores, jornalistas, músicos e premiados artistas:

https://www.facebook.com/sobrelagartaseborboletas?ref=hl

O livro já está à venda pelo site da Livraria Saraiva:

http://www.saraiva.com.br/sobre-lagartas-e-borboletas-8893578.html

Autores:

Adri Aleixo, Adriana Aneli Costa Lagrasta, Adriana Elisa Bozzetto, Adriane Garcia, Afobório Feito de Carniça, Alberto Bresciani, Albino Alves, Alessandro Dornelos, Alexandre Guarnieri, Ana Elisa Ribeiro, Anahí Celeste Cao (Argentina), Bianca Velloso, Caetano Lagrasta, Carlos Magno, Carlos Moreira, Carlos Ventura (Suíça), Carminha Mosmann, Cely de Ceci, Chris Herrmann (Alemanha), Clauco Oliveira, Claudinei Vieira, Claudio Castoriadis, Cris Arruda, Diovani Mendonça (diÔ), Edmilson Felipe, Félix Coronel, Fran Nóbrega, Gabriel Resende Santos, Germana Zanettini, Germano Quaresma, Inês Monguilhott, Iracema Machado, Janet Zimmermann, Jô Diniz, Jorge Nagao, José Couto, José Reginaldo, Lázara Papandrea, Leila Silveira, Líria Porto, Lou Albergaria, Lourença Lou, Luciana do Rocio Mallon, Luciane Lopes, Luís Augusto Cassas, Luiz Gondim, Mag Faria, Maite Voces Calvo, Maria Balé, Mariana Queiroz, Marília Lima, Marina Bozzetto, Marcelo Adifa, Marcelo Moro, Marcos Magoli, Marcus Fabiano, Nil Kremer, Norma de Souza Lopes, Paulo Bentancur, Paulo de Toledo, Paulo Guilherme, Paulo Magalhães, Paulo Paterniani, Rogério Miranzelo, Seh M. Pereira, Sonia Salim, Suzana Pires, Tania Amares, Tejo Damasceno, Tere Tavares, Thiago Prada, Vera Molina, Wander Porto, Winston Morales Chavarro e Zeca Jardim.

Agora o livro "SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS' , numa estação de felicidade, ganhará também a versão impressa que começará a circular a partir de Agosto de 2015. Não fique sem o seu exemplar:
EXTRA! EXTRA! "Asas formadas, a borboleta está pronta para sair do casulo em forma de obra de arte: SIM nosso livro vai ganhar versão impressa!!!

Com selo editorial da Scenarium, teremos uma edição artesanal, com exemplares numerados e costura oriental.

Conheça o trabalho de Lunna Guedes:

https://scenariumplural.wordpress.com/

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Adágios

Uva e Vinho - Aquarela 2014 BY Tere Tavares


Adágios

Entre aceitações e esperanças, a presença do temor não pressupõe covardia, ausência de lucidez ou verdade, porventura uma incorrigível curiosidade ambiguamente vivaz, não absoluta, pela mesma propositura de que nada é absoluto.

Como se o relógio caminhasse em inação, não recebia ecos no oco da emoção, solar – fruto do distanciamento que não obtinha. O chapéu e os óculos esquecidos, como o amontoado de endereços onde a ousadia escorregava por denunciar no rubor do silêncio o ridículo perdão da fala.

Objetando-se à hipocrisia, continua a dispor na mesa os pratos com verdades convenientes e loucuras aceitáveis. Abre a longitude nas toalhas inodoras das uvas, das vinhas, clamando a supressão de sarmentos, cordões e troncos – os cachos frondosos como as folhas que os vem proteger, para não se transformarem em videiras sem braços. Contudo, a morfologia será a mesma, na essência ou na gema não há nada para suplantar... quando o cálice é a retirada dos brotos, a desfolha amadura o  fruto à cumplicidade dos carvalhos, o mosto fecundo dos vinhos.

Depois de She obteve a certeza de que possivelmente havia um talvez que lhe pertencesse. Ao traduzir a leitura, especulando os últimos anos de quase completa deserção desfruta a graça que afinal não se perdera. Não em She.

Apesar de perceber a palidez, imersa na decoração, mais diminuta a cada vez que se punha em frente à luz...a  diluição das possíveis modelagens , não tinha certeza, era culpa da sua ingenuidade, falta de atitude ou excesso de cuidado. Atitudes drásticas também não eram afetas de She.

Queria ser como uma touça de bambu e seqüestrar muito carbono, dirimindo a poluição da alma que  não se originava na queima das folhas, mas de algo que em She era fóssil por reconhecer há tempo aquela feliz desconhecida.

Na difusão dos pormenores havia têmperas de futuro. Ousar sonhá-lo passa distante de supor obtê-lo, pois de verdadeiro, talvez nem o hoje exista. O que importa é a troca –  moedas infantis e frágeis, revestidas de uma inocência quase reprovável –  sem  perda de validade.

Convalescendo a fios precisos pede sobretudo, que a sua saudade não sucumba na mesma intensidade quanto a que lhe deixam,  que não lhe neguem permanecer recordando o inextinguível quando a areia lhe alcançar a cor que a reservará.
  
O silêncio carrega a mesma crueldade e indiferença da fala –  deseja não sentir nada por ninguém. Rebusca o solo, repisa-o. Nada. Ainda a mesma coisa. Absolutamente impossível. Em cada lado do lodo resgata esculturas multiformes, sonhos talhados à força de não negar forças. Cegueiras que enxergam feito um ser pequenino que espreita com ansiedade às ríspidas aberturas, suaves adormecimentos de Natais esmerados, alinhavando perspectivas no esmaecido tropel de esperanças à guarda de uma oferta que o devir  lhe oculta. Somente a loucura lhe entrega uma fração da verdade – diversa da razão – por refletir-se na mais absoluta verdade: a inexistência do temor que só aos insanos é concedida.


do livro Entre as Águas (prosa 2011) By Tere Tavares

terça-feira, 16 de junho de 2015

Sobre lagartas e borboletas

É com muita alegria que vejo a concretização desse belíssimo projeto. Parabenizo e agradeço aos organizadores(as) pelo resultado. Que asas, todas asas, seja e haja sempre. Parabéns também à todos os autores(as) e à ilustradora Cristina Arruda. Sucesso e felicidades, sempre. Abraço.



"Tere Tavares é uma das 75 poetas participantes do livro Sobre Lagartas e Borboletas... e vem na ala internacional! Bom voo, Tere!!!"
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Obrigada! Obrigada!