sábado, 29 de novembro de 2008

A frase de efeito de hoje


Extraio sumos do extinto.
Limito a procura ao escuro que me instiga.
Novamente lembro,(coisas do intuitivo)
Tenho alguma palavra,
outras aberturas além de alguma palavra.
Toda visão de não estar neste comércio de palavras.

Minha cabeça mexe, excede o pronome,
o pré-nome que espero;
o exame da íris no ermo das páginas.

Visto o que subsiste,
engulo um pão-de-queijo, um vestígio,
e, guardiã, perfuro a folha de rosto.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

moça das águas

irriga a vertente negra de espumas
minúscula morenice
umidade
em âncoras esquecidas,
no mar somente, onda
de textura palpitante,
viço amornado de espessuras.
-não foi o breu arisco a ferir os mercadores de gotas,
nem a clorofila abundante foi à que emanava nuvem crua,
noite fria- não resguardaria
o ímpeto escaldante no peito.
/o feitiço virou e disse: vai que por ti não há tempo ou final
no meu rol de caracóis/
nem a água curou as feridas,
nem o céu supriu tanto partimento agora mais vivo do que antes.

e nada pensa que não.
esquece e lânguida, corre...
sem falsas nódoas, canta...
e dilacera a mais alegre quimera que dura
o tempo de mil vidas merecidas, o coral do riso.
e do lábio arisco de tanto risco tonto, beija...
o beijo que ofusca no olho que briga e promete
o ventre de areias e algas e sal,
o breu jovem de uma nuvem,
o manto brusco do assovio triste,
não mais triste que um eu só.
negrume: fértil nascente do sândalo noturno.
moça, de sandálias e sementes
de um adeus útil
não mais fútil que um eu vestido.
breu de cílios longos, manto,
não mais santo que um eu distante.

sábado, 1 de novembro de 2008

A obra aromática e filosófica de Tere Tavares


A OBRA AROMÁTICA E FILOSÓFICA DE TERE TAVARES

By  Lu Cavichiolli poeta e escritora paulistana


Das Essências entre teus outros

A poética desta autora contemporânea passeia desde reais tempestades até retiros espirituais,onde revela sutilmente versos travestidos de uma prosa elegante que atinge âmagos & universos.

Especialmente em Meus Outros , segundo trabalho publicado pela autora, a poeta conduz linhas e imagens infinitamente costuradas em meandros humanos usando agulha diamantada bordando palavras/espelhos que refletem íntimos seres, entes – o ser na filosofia pragmática da era branca de tabulas rasas da humanidade.

Em cada verso ela nos presenteia com aromas de algodão no plantio semântico – semente fecunda sob o olhar descendente dos verbos anais da literatura.

Artista de pincéis cria morada em quadras, tercetos e linhas abstratas versando ambigüidades inerentes da vida, morte, abandonos e descobertas. Desenhando nuances em flor no ocaso de aquarelas, todas pitorescas na alegria do prisma cristalino em auroras boreais. 

Em Jogando o Buquê, Tere retrata com especial beleza o casamento e a noite de núpcias – valores perdidos entre os tesouros da humanidade. Pode-se ouvir o tilintar enigmático da magia feito mistério na descoberta do amor, quando diz:

“estava diante dos beijos brancos de arroz/a vestal quiçá deusa de outras viagens/ou brinde perfumado de laranjeiras/dizendo de si somente o inimaginável/o delírio inconfessável noite onde o rocio vermelho daria à verdade antiga e quase morta/apenas vestígios dos desertos gulosos e tão vivos/de sede e saciedade tão certos/que recuperariam lúcidos a plenitude inocente da vida.”

Na maioria de seus poemas vê-se a introspecção exata de cada dúvida que pode ou não estar isolada em neurônios, escondidas em corações, ou até enfileiradas no peitoril de alguma janela alheia. Vê-se o ser mortal na tentativa de ser imortal no total desvelo de sucumbir na ânsia vazia de saber-se impotente diante da majestade suprema de Deus.

Enfim, o livro e seu fantástico conteúdo têm a nobreza de ser companheiro nas horas obrigatórias da nossa bendita leitura de cada dia.

Resenha do livro "Meus Outros
Tere Tavares - Artista Plástica e Escritora

http://escritosnamemoria.blogspot.com.br/p/resenhas.html