Tela-Observadores-TT
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Reflexões de um seguidor
Tela-Observadores-TT
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Exposição Mar És
Categoria
Licença
- Licença padrão do YouTube
terça-feira, 27 de abril de 2010
Mar és
Centro Cultural Gilberto Mayer,
e permanece para visitação até 01 de junho de 2010.
quarta-feira, 24 de março de 2010
ordenanças
domingo, 7 de março de 2010
Para cada momento uma palavra
Foto- Pombo -TT
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Tempo de Lírios
E nem era primavera. Ajustou as meias e os cordões dos sapatos. O tom flamingo se espelhava em cada partícula da paisagem. Dialogando com as abstrações, o instinto persistente da consciência desprovido de qualquer disfarce. As formas brancas, curvas, de centros amarelos e perfumes inolvidáveis permaneciam num emudecido encontro com tudo. A intolerante pergunta era só mais um pássaro entre outros dez mil pássaros pousados em suas vestes. Porque tudo é encontro? A partir dali não haveria brisa.
Reconheceu de imediato o desassossego entrelaçado das árvores. Chegara, finalmente. E era como se também tivessem chegado o ardor pulsante do que não se extinguiria.
Quem sabe do regresso, quem pode dizer sobre o que parte e acorda da sombra, da saga vulgar dos impulsos, das substâncias e rupturas floridas da ilusão que, a cada irromper do amanhã, desprezam algo de si mesmas? Desabrochar é um vício necessário. Do espírito.
Haveria de se perder tantas vezes quantas fossem sublimadas as suas forças. Tinha a impressão de levar consigo mais do que lhe era possível.
Soprando de um lugar ignorado um retalho igualmente irreconhecível debruçava-se sobre a nudez da claridade – a segregação de tudo quanto era conhecido e tênue. “Talvez não fosse eu” disse sobriamente.
Tudo parecia se materializar, a despeito das folhas caídas e dos anseios impacientes.
No jardim, no instante lento e perplexo do luar, nem o pai, nem o irmão, nem os filhos. Só uma crédula brancura. A que, irredutivelmente, colhia na sinuosidade do próprio rosto.
Editado a partir do original publicado em:
http://historiaspossiveis.wordpress.com/2010/02/07/tempo-de-lirios/
Foto - Lírios -TT
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
O Homem que brilhava
Andou para um lado e para outro. Seu entusiasmo não sabia se diria adeus à liberdade ou reconhecia onde estava. Ali o esperava o mar, aquele mar que podia contemplar por intermináveis momentos, e sempre mostraria algo diverso: uma concha, uma profundidade mais transparente, o rastro de uma nuvem, o rumo de outra corrente e as instantâneas ondulações espumando na margem. O som que ouvia assemelhava-se ao terno perfume de um presente recebido há muito tempo, bem distante.
Cada sensação era um tesouro inestimável, de uma euforia irreflexiva, como se pertencesse a um todo que imediatamente se desintegrasse. Onde acabaria alguém de alma demasiado sensível? “Aqui tens o coração de um homem”.
Não podia parar. Era para si mesmo um reflexo luminoso desprovido de qualquer significado. Olhava-se como a gaivota olha o cardume ou como o cardume olha o pássaro. Era um sondar repleto, de luz profunda, uma recompensa inolvidável do prazer de quem vê além do simples esforço das pupilas. Era-lhe irrefragável o sorriso, quase inocente, como quem soubesse ter guardados muitos mais para trazer aos lábios. Seguiu olhando ininterruptamente. Algo brilhava na areia limpa. A água morna molhava seus pés. Não recordava onde havia deixado a última lembrança, tampouco queria encontrá-la. Novamente percebeu o brilho na areia. Inclinou-se e recolheu o que lhe parecia ser um metal precioso. Já contava com algo. Fez uma pequena pausa. Em sua multidão de silêncios a voz do mar era o próprio corpo do mar que o domava e o refazia. Estendeu as mãos contra o sol. O brilho sumiu por entre os dedos. Consumiram-se os elos das coisas secretas.
Uma suave ironia marcou sua fronte persistente. Sorriu com a mesma bondade de antes. O mar agora era verde, brilhantemente verde e solitário. Com a cabeça inclinada caminhou como sabem caminhar os que não perdem jamais o que tanto se custa a conseguir ou não tem qualquer preocupação com as vis necessidades humanas – alimento, descanso ou amor.
Como se entrelaçado em incomensuráveis variantes e obviedades dirigiu-se ao indefinível com a doçura de quem só podia murmurar: “Aqui tens uma estrela mais intensa do que a minha”.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Histórias Possíveis - Edição 54
...descubra quem escreve o que em “Histórias Possíveis - Edição 54”.
Boa leitura.
https://historiaspossiveis.wordpress.com/2009/11/23/no-crepusculo-todas-as-cordas-sao-pardas/
No crepúsculo todas as cordas são pardas
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Eu em mim; de um outro lado
Desprovido de caráter competitivo, o evento não premia e não atribui classificações. Todos os selecionados têm seus trabalhos divulgados em exposições, shows, livros e CD's que são gratuitamente dirigidos a críticos especializados, galerias de arte, bibliotecas, escolas de artes e empresários que investem em atividades culturais, assim como a autoridades e lideranças empresariais.
Na categoria Literatura-Poesia a comissão de jurados foi composta pelos especialistas Carlos Francisco de Morais, Betty Vidigal e Milton de Godoy Campos.
O poema “Eu em mim; de um outro lado” de minha autoria, foi um dos escolhidos!
Na noite de 09 de novembro de 2009, no Citibank Hall em São Paulo, houve a exposição dos trabalhos selecionados nas várias categorias, com apresentação da dupla Sá & Guarabyra fazendo a abertura do show, e na seqüência os cantores e cantoras do Banco de Talentos - Música. Uma festa linda da qual tive a alegria de participar.
Eu em mim; de um outro lado
Estes ramalhetes de alvoradas
que seguro entre os dedos
são para descansar os pés retintos
os medos abandonados
a escorrer de um revés
são sais inteiros que ensaiam infinitos
nos mares que não meço
nem penso sem ver
são autos de bondade,
são segredos iluminados
com a amplitude secular do criador.
- mar és: disse-me a porção da procura –
Estes maços de crepúsculos
são a jura da saudade que impeço
a intenção de reter o instante
são pretextos invariáveis
diante da suposição de tornar visível
o desnível das ondas em que se adora permanecer
com a solitude salutar do navegador
urdindo a âncora, a loucura de vir a ser.
- torna-te o que és: disse-me Píndaro.
Este aro de razão
é a estrofe do estupor
a catástrofe difusa
a chuva do amor que se confunde
na ínfima virtude da ilusão
do que será somente – senão.
sábado, 10 de outubro de 2009
Sobre uma concepção
Recolhi um coração do chão e o cobri com sentimentos azuis. O dia não oferecia nada além do dia, e a cor da terra era um vilarejo macio.
- Tela - O Barqueiro - TT
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Sinfonias de Setembro
Cheguei antes que o pêndulo do tempo me visse
Sou rubra como é azul a pele do céu
Sou tão suave e tão versátil e tão mansa
Sei quase sempre o fruto em que me tornarei
A semente infatigável que me vigiará
Sei dos olhares estranhos e admirados que me investigam.
- Não interrogo. Nem sei se penso.
O vento é a seiva da minha voz que é nada
E é cor.
Foto-Cerejeiras-TT
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
A unidade que me transforma e me divide
Não me pertenço.
Penso ser deste mundo
pressupondo que outro mundo
não exista além deste.
O que tenho é o espaço onde estou.
Onde estou sou o que tenho,
(tenho?) a mim mesma quando muito,
o café escuro que bebo.
Este pouco de mim
Estabelecer não me cabe
e se me cabe não estabeleço.
Desenho: Olhares de flores-TT