terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Ainsa
Sentiu-se ínfimo. As dúvidas lhe escorreram pelo rosto. Não foi a primeira vez. Provavelmente também não seria a última. Que culpa haveria num ser que não se preocupava somente com o próprio curso, atendendo ao que não conseguia estagnar?
Não tinha pretensões, absolutamente nenhumas. Logo ele, tão simples, cordato, altruísta. Não se deixaria abater por nenhuma ilusão desocupada. Não sabia se tinha amigos ou admiradores – talvez amigos e admiradores fossem vernizes de uma tonalidade diversa. Solitários. Sumamente necessários.
Caminhava resoluto, como se provasse uma paz recém colhida. Felizmente “o enfeitador de paredes” não se havia esgotado. Arrematou o último exemplar. Identificava-se de algum modo ainda não descoberto com a obra e com o autor.
As dúvidas deixaram a face e ganharam o ar. Subiram nas árvores, pousaram na tepidez das folhas. O mesmo verde da cor primária. Não prosseguia de outra forma que não fosse a de apaixonar-se continuamente pelo que acreditava. O que poderia doar a todos. Seus momentos carregados de eternidade. O semblante único. A esperança insólita que lhe brotava na pele sem perder a alegria de germinar.
Foto da autora
sábado, 22 de janeiro de 2011
Queda de Barreira
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Horas internas de um passeio exterior
Acordei feliz,
saí para a rua.
De longe onde me via
passou um sopro cinza de bruma.
Fazia frio em pleno dezembro,
havia momentos onde pisei
a ânsia estreita e difusa da vida,
o bifurcar das arestas
numa paisagem nunca esquecida.
Foto-romã-TT
domingo, 5 de dezembro de 2010
Minicontos - Publicação em Portugal
Garbo
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Textos publicados na coletânea "A arte pela escrita três" (2010) organizada pelo "EscritArtes" editada em Portugal pela "Mosaico de palavras editora".
Foto TT
sábado, 20 de novembro de 2010
Agre
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Antologia Blocos On Line - Mares, Lágrimas e Outras Águas
para ti, minha bela flor de caracóis
sob o teu regaço de moça
o sargaço dessa mãe
extrema e nunca ausente
que te sente
porque te ama.
Nota: este, entre outros poemas integram a Antologia
Saciedade dos Poetas Vivos Digital - Vol.11
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/obrasdigitais/saciedigpv/11/capa11.php
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/obrasdigitais/saciedigpv/11/tere01.php
sábado, 9 de outubro de 2010
Sal da Terra Luz do Mundo e Cronópios - Publicação
O conto "Ainda sobre margaridas" foi publicado no Portal Cronópios:
http://www.cronopios.com.br/site/prosa.asp?id=4763
e também no site da Ana L. Vasconcelos Sal da Terra Luz do Mundo:
http://saldaterraluzdomundo.net/literatura_contos_margaridas.html
Partilho com voces essa dupla alegria!
E antecipadamente agradeço às leituras e comentários.
Desejo-lhes um ótimo final de semana!
Tela da autora - "A estrada de Alice" -2006
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Por Outro Lado
Autoconsciência, ego, self, deixaram de ter uma necessidade para tornarem-se uma realidade. Ainda que obscuramente nebulosa. Filtrei as diferentes noções e verdades aparentes. Pus-me a caminho mais uma vez. Desta vez com o corpo todo descoberto.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Ainda sobre margaridas
http://saldaterraluzdomundo.net/literatura_contos_margaridas.html
sábado, 14 de agosto de 2010
Permissão para brincar
Foto-Mar-TT
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Tán hermosa
Imagem- Renoir (girl sleeping)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Reflexões de um seguidor
Tela-Observadores-TT
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Exposição Mar És
Categoria
Licença
- Licença padrão do YouTube
terça-feira, 27 de abril de 2010
Mar és
Centro Cultural Gilberto Mayer,
e permanece para visitação até 01 de junho de 2010.
quarta-feira, 24 de março de 2010
ordenanças
domingo, 7 de março de 2010
Para cada momento uma palavra
Foto- Pombo -TT
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Tempo de Lírios
E nem era primavera. Ajustou as meias e os cordões dos sapatos. O tom flamingo se espelhava em cada partícula da paisagem. Dialogando com as abstrações, o instinto persistente da consciência desprovido de qualquer disfarce. As formas brancas, curvas, de centros amarelos e perfumes inolvidáveis permaneciam num emudecido encontro com tudo. A intolerante pergunta era só mais um pássaro entre outros dez mil pássaros pousados em suas vestes. Porque tudo é encontro? A partir dali não haveria brisa.
Reconheceu de imediato o desassossego entrelaçado das árvores. Chegara, finalmente. E era como se também tivessem chegado o ardor pulsante do que não se extinguiria.
Quem sabe do regresso, quem pode dizer sobre o que parte e acorda da sombra, da saga vulgar dos impulsos, das substâncias e rupturas floridas da ilusão que, a cada irromper do amanhã, desprezam algo de si mesmas? Desabrochar é um vício necessário. Do espírito.
Haveria de se perder tantas vezes quantas fossem sublimadas as suas forças. Tinha a impressão de levar consigo mais do que lhe era possível.
Soprando de um lugar ignorado um retalho igualmente irreconhecível debruçava-se sobre a nudez da claridade – a segregação de tudo quanto era conhecido e tênue. “Talvez não fosse eu” disse sobriamente.
Tudo parecia se materializar, a despeito das folhas caídas e dos anseios impacientes.
No jardim, no instante lento e perplexo do luar, nem o pai, nem o irmão, nem os filhos. Só uma crédula brancura. A que, irredutivelmente, colhia na sinuosidade do próprio rosto.
Editado a partir do original publicado em:
http://historiaspossiveis.wordpress.com/2010/02/07/tempo-de-lirios/
Foto - Lírios -TT
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
O Homem que brilhava

Andou para um lado e para outro. Seu entusiasmo não sabia se diria adeus à liberdade ou reconhecia onde estava. Ali o esperava o mar, aquele mar que podia contemplar por intermináveis momentos, e sempre mostraria algo diverso: uma concha, uma profundidade mais transparente, o rastro de uma nuvem, o rumo de outra corrente e as instantâneas ondulações espumando na margem. O som que ouvia assemelhava-se ao terno perfume de um presente recebido há muito tempo, bem distante.
Cada sensação era um tesouro inestimável, de uma euforia irreflexiva, como se pertencesse a um todo que imediatamente se desintegrasse. Onde acabaria alguém de alma demasiado sensível? “Aqui tens o coração de um homem”.
Não podia parar. Era para si mesmo um reflexo luminoso desprovido de qualquer significado. Olhava-se como a gaivota olha o cardume ou como o cardume olha o pássaro. Era um sondar repleto, de luz profunda, uma recompensa inolvidável do prazer de quem vê além do simples esforço das pupilas. Era-lhe irrefragável o sorriso, quase inocente, como quem soubesse ter guardados muitos mais para trazer aos lábios. Seguiu olhando ininterruptamente. Algo brilhava na areia limpa. A água morna molhava seus pés. Não recordava onde havia deixado a última lembrança, tampouco queria encontrá-la. Novamente percebeu o brilho na areia. Inclinou-se e recolheu o que lhe parecia ser um metal precioso. Já contava com algo. Fez uma pequena pausa. Em sua multidão de silêncios a voz do mar era o próprio corpo do mar que o domava e o refazia. Estendeu as mãos contra o sol. O brilho sumiu por entre os dedos. Consumiram-se os elos das coisas secretas.
Uma suave ironia marcou sua fronte persistente. Sorriu com a mesma bondade de antes. O mar agora era verde, brilhantemente verde e solitário. Com a cabeça inclinada caminhou como sabem caminhar os que não perdem jamais o que tanto se custa a conseguir ou não tem qualquer preocupação com as vis necessidades humanas – alimento, descanso ou amor.
Como se entrelaçado em incomensuráveis variantes e obviedades dirigiu-se ao indefinível com a doçura de quem só podia murmurar: “Aqui tens uma estrela mais intensa do que a minha”.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Histórias Possíveis - Edição 54
...descubra quem escreve o que em “Histórias Possíveis - Edição 54”.
Boa leitura.
https://historiaspossiveis.wordpress.com/2009/11/23/no-crepusculo-todas-as-cordas-sao-pardas/