sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Car-na-val-ha
Car - na - val - ha
Eis o mosto
Com gosto de sangue
A ferver
Na cegueira
Que se (quer)
Visão
Sem cortes.
By Tere Tavares para a page "Boca a penas":
https://www.facebook.com/bocaapenas/photos/ms.c.eJwlx8ENwAAIA7GNKuBCKPsvVqH6Z0hVO4M3Nflwfw2T6qh7gzTB0PqvyHvt3B1bxmuxH3gAD~_I~-.bps.a.330923613765004.1073741835.248254622031904/331533447037354/?type=1&theater
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
Alguém que, com o acontecimento, sonha
Alguém que, com um acontecimento, sonha
Fico pensando
O quanto faria sem essas intermináveis cicatrizes.
Silencio-me no unguento das folhas de dente-de-leão para afagar a ferida.
Faço, do cataplasma, um prato gourmet.
Deito-me num leito estreito onde toda minha dificuldade afunda.
Escrevo porque sinto [somente a palavra me suspende]
Então consigo sumir.
Ir sumindo.
Espero que o dia passe.
Repasso a minha vontade.
O jugo de sempre, os desperdícios involuntários, os exercícios da inaptidão.
Sinto o peso de não ter peso.
Sinto vergonha e revolta.
Sinto vergonha por sentir revolta e vergonha.
Sinto que não há volta, não há retorno.
Em torno de mim a jornada se apaga com o sol posto.
A lua beija o meu sono e as estrelas consomem meu cansaço.
E esse braço, e esses sonhos todos que criei,
Não morrerão antes que as minhas mãos os afaguem.
Antes que meus olhares sejam totais.
Acredito e evito enlouquecer.
Sinto pena do que poderia ter sido.
Sinto pena do que poderia ser.
Sinto o que é.
Sinto com a proscrição, por saber que, de algum modo,
Tudo será, e tudo terá sido.
Assustadoramente belo [Como eu sem mim]
Num sem tempo [Talvez]
Noutro tempo que não esse.
Fico pensando
O quanto faria sem essas intermináveis cicatrizes.
Silencio-me no unguento das folhas de dente-de-leão para afagar a ferida.
Faço, do cataplasma, um prato gourmet.
Deito-me num leito estreito onde toda minha dificuldade afunda.
Escrevo porque sinto [somente a palavra me suspende]
Então consigo sumir.
Ir sumindo.
Espero que o dia passe.
Repasso a minha vontade.
O jugo de sempre, os desperdícios involuntários, os exercícios da inaptidão.
Sinto o peso de não ter peso.
Sinto vergonha e revolta.
Sinto vergonha por sentir revolta e vergonha.
Sinto que não há volta, não há retorno.
Em torno de mim a jornada se apaga com o sol posto.
A lua beija o meu sono e as estrelas consomem meu cansaço.
E esse braço, e esses sonhos todos que criei,
Não morrerão antes que as minhas mãos os afaguem.
Antes que meus olhares sejam totais.
Acredito e evito enlouquecer.
Sinto pena do que poderia ter sido.
Sinto pena do que poderia ser.
Sinto o que é.
Sinto com a proscrição, por saber que, de algum modo,
Tudo será, e tudo terá sido.
Assustadoramente belo [Como eu sem mim]
Num sem tempo [Talvez]
Noutro tempo que não esse.
By Tere Tavares na page "Boca a penas":
https://www.facebook.com/bocaapenas/photos/a.317081218482577.1073741829.248254622031904/318813684975997/?type=1&theater
Publicado também na Antologia Internacional "Fénix/Logos":
htmhttp://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L14/LOGOS-14MAI-2015-POESIA_51.htm
https://www.facebook.com/bocaapenas/photos/a.317081218482577.1073741829.248254622031904/318813684975997/?type=1&theater
Publicado também na Antologia Internacional "Fénix/Logos":
htmhttp://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L14/LOGOS-14MAI-2015-POESIA_51.htm
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Lábil ou Passagem transitória
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Uma noite inesquecível na UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
No dia 26 de novembro de 2014 participamos, à convite do Centro Acadêmico do curso de Letras gestão “Eu Passarinho”, do I Encontro Acadêmico de Letras: Diálogos Interdisciplinares, na Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS -Campus Realeza, juntamente com Maria Aparecida Palma, Maria Lucia Kleinhans Pereira e Vera Fonseca, ocasião em que abordamos sobre "Mulheres Poetas e Poetizadas" como representantes da Academia Cascavelense de Letras. Esteve também compondo essa mesa-redonda a escritora realezense Marli Tereza Ost.
O grupo de escritoras foi homenageado pelo Projeto Cultural “Joaninha ou o que é?” e o Grupo de Teatro "La Broma". Os atores fizeram várias esquetes a partir dos poemas das convidadas. Foi uma surpresa que me levou à uma emoção indizível, ao reconhecer o poema "Duo" do livro "A Linguagem dos Pássaros" entre as encenações. Houve sessão de autógrafos onde pudemos partilhar nossas obras e interagir com todo público presente. Foi um noite memorável e inesquecível.
À todos que compõem a Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS- Campus Realeza, Curso de Letras, diretores, professores e graduandos, nosso respeito e amizade, e o compromisso, reafirmado, na promoção, compartilhamento e difusão da Poesia e da Literatura, nosso redobrado bem-haja!
Tere Tavares
http://www.uffs.edu.br/
https://www.facebook.com/uffsonline/info?tab=overview
Tere Tavares
http://www.uffs.edu.br/
https://www.facebook.com/uffsonline/info?tab=overview
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Dois contos de Tere Tavares na mallarmargens | revista de poesia e arte contemporânea
Os contos publicados compõem o livro "Entre as Águas" (contos) 2011- Edição Independente.
Para leitura acesse o link abaixo:
http://www.mallarmargens.com/2014/11/2-contos-de-tere-tavares.html
Obrigada Jandira Zanchi pela honrosa publicação dos contos, ilustrados com minhas pinturas. Ah! Pura alegria!
Obrigada aos leitores que me honram com a vinda e partilha.
Espalhem como pólen!
Abraço a todos!
Olhos Azuis- Aquarela- 2014 ByTere Tavares |
http://www.mallarmargens.com/2014/11/2-contos-de-tere-tavares.html
Inverno Indiferente- OST- 40x32 -1994 By Tere Tavares |
Obrigada Jandira Zanchi pela honrosa publicação dos contos, ilustrados com minhas pinturas. Ah! Pura alegria!
Obrigada aos leitores que me honram com a vinda e partilha.
Espalhem como pólen!
Abraço a todos!
domingo, 16 de novembro de 2014
Resenha do livro A Linguagem dos Pássaros - por Vivian de Moraes
"A linguagem dos pássaros" é o quarto livro da escritora Tere Tavares, também artista plástica, e o primeiro pela Patuá. Costurado por figuras como, obviamente, pássaros e voos, mas ainda outros temas como romãzeiras e romãs como metáforas, o amor a dois e a existência natural, o livro convida o leitor a adentrar o universo íntimo de Tere.
Em praticamente todos os poemas, sejam os longos e de sintaxe sofisticada como "cada vez mais te pertenço", seja nos curtos como "Poema de uma folha que voa", há sempre um "eu" marcado explicitamente na tessitura da trama que se faz de sons e silêncios, movimentos e suspensões, voos e pousos.
Há mesmo um poema que é em si no título: "O sorriso nasce no ventre das estrelas para tornar-se pássaro."
Uma das características poéticas de "A linguagem dos pássaros" é o alongamento dos versos no fim dos poemas, criando um ritmo um tanto esquisito, como em "Cantas como a água sobre o livro", um belo metapoema sem obviedades linguísticas:
"cultivas o pomar na alegria rota das aves
como se soubesses aferir os aniversários do tempo
carregas as drusas da melodia nas costuras das portas,
esqueces as ranhuras entre as flores
a um toque irresistível de Bach,
trazes à mão o bailado para saciar a fome do som,
e deixar somente o fragor das palavras,
arrebanhando árvores de céu, de lavra,
sobre o clamor da sombra feliz da tua morada,
linguagem de pássaros na compulsão do verso
a verdade não é nada; o que crês ser a verdade é tudo.
regressas à primavera dos invernos, trazes sóis, pois te acendem as faces, no fio luminoso que não pensa florir - é a esfera dos arcanjos voláteis que notas, porque é no ar das estrelas que surfas e descobres que és multidão, que és música à dança da alma - terra que te segue."
Como é possível notar no mesmo poema, as outras artes fazem parte do fazer poético da escritora. Em outros, ela fala em "tintas" e "claves".
Entre os poemas de amor está "Éramos a nossa pele rouca":
"Quando um pequeno cílio se abriu no meu peito
Senti, os teus olhos se enraizaram nos meus.
Aquela folha inerte sabe que há um rosto
que a deseja de outra cor.
A ficção sem corpo e sem alma
foge do olho nu - porque nada nela é inteiro.
Então eu existi porque existias comigo."
Pode ser um poema de amor, mas pode, novamente, ser metalinguagem e, nesse caso, bastante discreta e bela, uma dubiedade que torna o poema bastante belo.
Os jogos de sentido também estão presentes no livro de Tere Tavares, como em "FloRir": "E nos tons distantes dissolveu a modorra,/ o siso de viver: Flor Ir... é preciso." E o poema espelhado na outra página, "Garbo", nos derrama aos olhos e ouvidos os seguintes versos:
"E porque os seus sonhos musicais saltitavam
é que havia dança
E porque suas asas ainda não existiam
houveram girassóis
E porque seria pássaro algum dia
deixaria para sempre de ser cativo
E porque o voo é inesquecível
inscreveria a eternidade
com o crivo silencioso dos corajosos."
Parece que Tere Tavares se apropriou da capacidade de se comunicar como os pássaros, ou seja, com beleza e melodia. "A linguagem dos pássaros" é um livro conceitual, bonito e bem amarrado. Uma leitura inspiradora.
http://www.editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=273&Itemid=53
VIVIAN DE MORAES é escritora, com três livros de poesia lançados de forma independente, com tiragem de 200 cada, entre 2012 e 2013, rapidamente esgotados. São eles: “Sonetos Sombrios”, “Poemas e Canções” e “haicais/ vivian/ de moraes”. O quarto livro de poemas sairá pela Editora Patuá nos próximos meses. Jornalista não atuante, mantém dois blogs literários com resenhas de livros das editoras Patuá e Companhia das Letras, respectivamente: amuletospatua.blogspot.com e resenhascompanhia.blogspot.com, além do seu blog pessoal (viviandemoraes.blogspot.com). A autora já foi publicada por revistas como Cult, Pacheco, Samizdat, Zunái, Gente de Palavra e Mallarmargens. Seu próximo projeto é a edição eletrônica da Revista Nefelibata, cujo primeiro número deverá ir ao ar até janeiro de 2015.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Minha participação na Revista Mallarmargens
A artista plástica e poeta, Tere Tavares, em mallarmargens:
Alguns poemas que constam do meu livro "A Linguagem dos Pássaros" Editora Patuá, 2014, publicados na Revista Mallarmargens, Grata, Jandira Zanchi pela edição.
Espero que apreciem, curtam, espalhem como pólen!
mallarmargens revista de poesia & arte contemporânea:
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Cantas como a água sobre o livro
Pássaros ao sol By Tere Tavares |
Cantas como a água sobre o livro
cultivas o pomar na alegria rota das aves,
como se soubesses aferir os aniversários do tempo.
carregas as drusas da melodia nas costuras das portas
esqueces as ranhuras entre as flores
a um toque irresistível de Bach.
esqueces as ranhuras entre as flores
a um toque irresistível de Bach.
trazes à mão o bailado para saciar a fome do som,
e deixar somente o fragor das palavras,
arrebanhando árvores de céu, de lavra,
sobre o clamor da sombra feliz da tua morada.
e deixar somente o fragor das palavras,
arrebanhando árvores de céu, de lavra,
sobre o clamor da sombra feliz da tua morada.
[linguagem de pássaros na compulsão do verso
a verdade não é nada ; o que crês ser a verdade é tudo.
regressas à primavera dos invernos, trazes sóis
[ pois te acendem as faces
[no fio luminoso que não pensa florir
[– é a esfera dos arcanjos voláteis que notas,
[ porque é no ar das estrelas que surfas,
[e descobres que és multidão
[ que és música à dança da alma – terra que te segue.
[ pois te acendem as faces
[no fio luminoso que não pensa florir
[– é a esfera dos arcanjos voláteis que notas,
[ porque é no ar das estrelas que surfas,
[e descobres que és multidão
[ que és música à dança da alma – terra que te segue.
Do livro "A Linguagem dos Pássaros" Tere Tavares, Editora Patuá poesia 2014
Pintura: "Pássaros ao sol" 2014
pela autora Tere Tavares
pela autora Tere Tavares
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Duo
Duo
Não um passo, um pássaro
Que se apaixona pela paixão
E quer, seja deus ou homem,
Saber mais do que simplesmente aparenta.
Não o ar, o arrepio.
Pele que não se repele.
Não um aviso, um vazio.
Quadros subscritos na decorrência fria do tempo.
Sou descoberta e verto o sangue branco da minha não presença.
Enquanto infalível é a flecha
A mover-se como asa refletida em nuvens e rodopios invisíveis.
Comprei papel para desenhar e na minha mão interrompeu-se um horizonte.
Nesse cárcere a que chamam de corpo a alma sem braços se dispersa.
O zunir da janela revela a desenvoltura dos telhados
O movimento se abranda no bradar dos ventos, se refugia
[nas frestas das ondas.
Já não ouço os pensamentos.
Beijo em tudo a saudade dos filhos e da casa.
Transformo palavras em lírios, moldadas à água de uma
[fonte infinita – abrigam-se em mim, ao viés do meu corpo
[ como halos a rescindir o sol que se esparrama sobre um núcleo de arbustos estelares,
[que jamais deixarão de ter-me
[– ramos de ternura, voz que me dá silêncios.
[– ramos de ternura, voz que me dá silêncios.
Do livro "A Linguagem dos Pássaros" Tere Tavares (poesia 2014 Editora Patuá, SP)
Foto da autora Tere Tavares
Foto da autora Tere Tavares
sábado, 11 de outubro de 2014
Carta sem distinatário
Teatro |
Carta sem destinatário
A alma se liquefaz com sua força imensa; nem por isso menos insegura. Animou-se por estar diante de um incalculável delírio. Inconsequente, porém lícito. Não se fixaria num prumo de onde sobreviessem más idéias.
As nuvens dançavam por entre as frases que encontrava com a benevolência contínua do calor. Dissoluto, passou por uma livraria. Sem tempo para entrar observou à distância as preguiçosas pilhas de livros suspirando na vitrine. Imaginou a última indolência no folhear de uma obra. “A alma pergunta e o livro fala.” Os motivos eram silêncios ensurdecidos.
“Tão incomunicável é o pensamento mesmo entre coisas muito próximas” – expressou-lhe algo notadamente melancólico, mas de sorriso tão amável quanto às sementes mais fecundas. “Às vezes uma mentira salvadora é mais nobre que uma impiedosa verdade.” Fechou-se junto a essa dubiedade, numa política suntuosamente fiel.
Assentiu a um aceno apenas por polidez. Sentia-se pouco à vontade diante de estranhos. Era de seu único interesse o que sentia ou imaginava sentir. “A dúvida não se ampara em acasos.”
Voltou a refletir sobre os aspectos daquele repentino remorso – única herança obtida entre um e outro chiste daquele dia onde muitas promessas se quebraram – mais fugaz que um instante e talvez por isso com estruturas tão indeléveis, como o sal angustiado do vazio que se seguiria, ou a veemência de que não ressuscitasse nada – rugas de uma jornada irrepartível de menos de uma hora. O tempo sabe ser cruelmente profético e inteligentemente arrebatador.
Adorava estar solto, tão inóspita era a verdade onde se dispunha a caber. Como se nas lágrimas atenuasse a secura da voz, madrugava em reminiscências bondosas, refugiando-se na possibilidade, ainda que remota, de mais algumas revelações felizes.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Minha participação na Revista "Escritoras Suicidas"
Minha participação na Edição de número 48, outubro 2014, da Revista "Escritoras Suicidas". Obrigada às editoras Adelaide Do Julinho e Mariza Lourenço pela oportunidade.
Para leitura clique no link abaixo:
http://www.escritorassuicidas.com.br/edicao48_7.htm#teretavares48
domingo, 5 de outubro de 2014
Meiguice
terça-feira, 2 de setembro de 2014
"A linguagem dos Pássaros" ...na imprensa
Vários veículos de comunicação estão a publicar matéria sobre o meu novo livro de poemas
"A linguagem dos Pássaros". Meu muito obrigada a todos.
Lembrando que o livro pode ser adquirido no catálogo da Editora Patuá, SP aqui:
www.editorapatua.com.br
Livro "A linguagem dos pássaros", da escritora Tere Tavares, é publicado pela Editora Patuá.
Jornal PatoB JornalOnline:
http://www.patob.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=13607&Itemid=1
Jornal "O Paraná":
Tere Tavares lança livro de poemas
Sala Verde é palco para o lançamento de "A linguagem dos pássaros"
Portal do Município de Cascavel, PR:
Jornal Hoje de Cascavel, PR
http://www.jhoje.com.br/Paginas/20140901/variedades.pdf
Site "Musa Rara".
http://www.musarara.com.br/linguagem-de-passaros
Blog da Revista Germina- Literatura e Arte:
http://germinaliteratura.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-09-15T11:28:00-03:00&max-results=20
Site "Musa Rara".
http://www.musarara.com.br/linguagem-de-passaros
Blog da Revista Germina- Literatura e Arte:
http://germinaliteratura.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-09-15T11:28:00-03:00&max-results=20
sábado, 23 de agosto de 2014
A Linguagem dos Pássaros
"A Linguagem dos Pássaros"
Novo livro de poemas de Tere Tavares, com capa e projeto gráfico de Leonardo MAthias e edição de Eduardo Lacerda, publicado pela Editora Patuá, SP.
Saiba mais sobre a autora e o livro em:
http://www.editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=273
Convite:
O Lançamento será dia 05 de setembro a partir das 19 horas, na Biblioteca Pública Sandálio dos Santos - Paço das Artes- à Rua Paraná, 2786, Cascavel, PR, juntamente com a abertura da exposição de poemas ilustrados "Parcerias poéticas IX" da Academia Cascavelense de Letras.
Contamos com a honrosa presença de todos.
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Publicação de contos - Germina - Revista de Literatura e Arte
Obrigada às editoras Silvana Guimarães e Mariza Lourenço por esse presente.
Para leitura basta clicar no link abaixo:
http://www.germinaliteratura.com.br/2014/naberlinda_teretavares_ago14.htm
Para leitura basta clicar no link abaixo:
http://www.germinaliteratura.com.br/2014/naberlinda_teretavares_ago14.htm
domingo, 6 de julho de 2014
E foram rasgadas as leis
Auguste Renoir - Girlhood - Drawin
|
E foram rasgadas as leis
que sobre nós não absorveram
a mensagem truncada afirmando
que os incensos haviam se multiplicado
e aprendido a comover os reis e os réus
nossos olhos veriam a felicidade
derramando-se nos cântaros infinitos
quando, por fim, já não seriam necessários
nossos ombros -
somente as alianças emolduradas dentro dos livros
por escrever. De coração e alma limpos.
Poema by Tere Tavares
terça-feira, 17 de junho de 2014
Sem pena de ter
"Mulher Lendo" 1874- Pierre Auguste Renoir |
Sem pena de ter
A Igreja tinha um cheiro de antiguidades. Um balcão repleto de livros cobertos de pó obstruía o corredor. Algumas abelhas se distraiam pousando em velhas imagens que rodeavam as paredes. O rapaz passou as mãos de leve nos pés quebrados de um Santo Antonio. Uma lástima deparar-se com tudo naquele estado. Ele também tocou os bancos de jacarandá. Sentou-se.
Tanta atenção lhe despertava o lugar que quase esquecia o que o levara até ali.
A moça da rua de ontem. Como não atender-lhe as dúvidas, esquecer-lhe o tom suplicante?
Daria cabo do seu egoísmo cumprindo a promessa. Antes rezaria pelos mortos com a mesma devoção que o faria para os vivos. Pediria pelo fim da angústia dita esperar, da enfermidade nominada crer, e tudo o mais que lembrasse as tristes ilusões do mundo. Pediria perdão pelo que pedisse e pelo que pensasse.
Naquela manhã de Maio morrera a morte do seu olhar na moça da rua de ontem. O assíduo assédio daquela alma se estendia sobre o silêncio daquele cenário gasto. A manhã de Maio era ali, com ele, ajoelhado, mentindo qualquer escrúpulo, revelando ocos de fora e de dentro. O resto era medo que o deixava na margem lúcida de próximas águas. O repasto, a moça da rua de ontem.
Vestia a viva ânsia de sair o mais depressa dali e levar-lhe o que a cobriria como a uma rainha. A sua. A imagem de ouro de Santa Rita. Um pé na escadaria e outro na rua. Voltou. Queria também os livros para salvar o amor no amanhecer e no poente.
do livro "Meus Outros" 2007 by Tere Tavares
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Era uma vez a preguiça
Era uma vez a preguiça
Chegou por uma janela verde e se
multiplicou em várias outras janelas. Avistou uma figura humana que portava na
cabeça um chapéu de palha: “O homem do futuro é o
homem holístico” disse o chapéu da figura humana à cabeça da janela verde “A
simplicidade é um mistério muito simples”. Acordara
sonhando que era a figura holística ou o futuro de chapéu esverdeado a sonhar
que dormia acordado.
Outro homem, de baixa estatura,
cabelos sebosos, roupas esfarrapadas e maculadas, acompanhado de uma mulher de
longas tranças usando uma tiara de moedas antigas, saia abundante e rodada; dirigiram-se
ao deserto verde do chapéu marrom. Passaram pelo quarto da vestimenta
artesanal: “Viemos cumprir a missão”, disseram em uníssono exibindo um baralho.
A mulher pediu à figura humana ou ao seu chapéu que se aproximassem. Começou a
rodar vertiginosamente no mesmo instante em que três gatos – um angorá turco,
raro, com um olho azul e outro amarelo, um siamês e outro malhado, também se
aproximavam.
Num olhar sábio e terno o angorá
roçou-lhe as pernas ronronando palavras aparentemente ininteligíveis com as
três línguas que ainda lhe restavam. “Impressiona a quantidade e a qualidade do
que julgamos conseguir ou conhecer antes ou depois de nós, não”?
Os gatos olhavam para o casal
verde da janela esfarrapada e para a figura de janelas humanas parecendo sorrir
inutilmente para as honras da casa e os idiomas do chapéu. O persa malhado
cochichou para o angorá: “Sansão, está na hora. Será que estão preparados?” Os
dois felinos paralisaram ao ouvirem de uma carta a voz empastada avisando que a
mesa seria servida em seguida. “Tenho minhas dúvidas de como falam as cartas. Aprendemos,
mas nunca o bastante para esquecermos de novamente aprender.
O futuro é de quem pensa. Depreender
é uma quimera enigmática e intransferível que a humanidade inteira se recusa a
definir” – disse o herói quase acovardado após ocultar-se num número
obtuso que seria imediatamente substituído por outro número de melhor aspecto e
valor. “A dor é sozinha”, repetiu antes de sumir inexpressivamente noutra soma de
um sem número de indivíduos. Ou cartas.
Continuaria ousando
imorredouramente enquanto esperança houvesse. “Há quem seja nessa multidão
de moucos, há quem ouse em meio às vozes emudecidas, há quem chore quando já não
se acredita em lágrimas, quem resista quando já não é possível (?) resistir”. As
idéias ou a falta delas não seriam limites. “Talvez, um dia, se possa alcançar uma
fraternidade verdadeiramente culta. Libertas Quæ Sera Tamen!”.
Esse era o seu quadrado. Liso.
Deliciosamente aflitivo.“Talvez a
percepção seja um senhor inominável, porém reconhecível, não a qualquer um, mas
à maioria senhora de um senhor qualquer, controvérsias, mal ou bem-humoradamente
levadas a sério. O poder das coisas deveria atuar a favor da vida, como presentes.
Aos diferentes cabe a sina de o serem, reconhecerem-se felizes, porque o normal
não é de admirar embora tenha o mesmo merecimento. Ponderar porém, fica
distante da beleza perspicaz com que nos brindam as margens – sustentando águas
de um rio revolto, e ao mesmo tempo manso, porque é singular e inevitável o seu
curso”.
Não soube até aquele ponto de
onde retirara as palavras, se dos gatos, da figura verde do chapéu humano, ou
da sua própria cabeça. Do lado oposto.
foto by Tere Tavares
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Anoitecer em Ipioca - Óleo sobre tela - 50x70cm - 2011 - Tere Tavares |
Essa tela está como capa da Revista Ponto de Vista,
Acompanhada desse poema:
Cântico do Cântaro
Essa raiz de água
Esse oráculo de agora
emoldura um reino disposto ao sol e à noite
alcança um porto de melodias inolvidáveis,
as colmeias da alegria suspensas nos salgueiros
a erva sem fronteira minguando em terraços de páginas,
num soluço de semeadura, madura e abstrata,
no extremo e frio traço da manhã
ungido pela caixa acústica do mar
Tudo branco, mas não sem cor.
Do livro "A linguagem dos Pássaros" By Tere Tavares Editora Patuá 2014
quarta-feira, 2 de abril de 2014
No ovo do novo
No ovo do novo
Um avião mergulhou no mar. À sua
passagem restaram espécies irremediavelmente sucumbidas.
Eu pensei em como se tornara
possível uma pista subaquática e se os tripulantes e passageiros haviam
evoluído para uma respiração diferente. “Muito provavelmente”.
Disse uma voz irreconhecível
vinda de Não Sei Onde.
Meus pés sentiram o solo úmido,
agradável, vi o mar de outro ângulo, as ondas se arremessavam vagarosamente na
areia. A praia estava repleta de pequenas aeronaves, aves ressuscitando e peixes
vivendo fora da água. Todos respiravam quase à vontade naquela que parecia uma
efervescente revolução biológica confusa, muito distante de chegar ao fim, como
tudo, aliás.
Era um pesadelo ou um prenúncio
de futuro, onde o homem trocava de lugar com os habitantes dos oceanos e rios,
uma maneira de implorar-lhes perdão ou expiar as culpas, por admitir enfim que
os seres aquáticos também têm alma e família.
O mesmo reconhecimento em ralação
aos seres alados, os atropelados pelas malhas invisíveis não tardariam muito.
Muito não tardou mesmo. Num céu delirante os sapiens-sapiens, sem protetor
solar ou qualquer kit de sobrevivência, mal suportavam as asas obesas e
ofegantes e sucumbiam de calor.
O sol trabalhara de forma secretamente inovadora nos últimos
anos – à sorrelfa de astronautas, ciber satélites espiões, ideogramas e
oráculos do I Ching, centúrias de
Nostradamus e profecia Hopi. Da Vinci não errara ao prever – “não prever é já lamentar”– que “um dia o homem teria asas e uma vez tendo
experimentado voar, caminharia para sempre sobre a Terra de olhos postos no
Céu, pois é para lá que tencionaria voltar.”
Os peixes aceitaram o pacto e foram
morar nas casas do homem. Por benevolência – característica intrínseca dos
habitantes das águas – não usariam arpões, nem redes, nem anzóis, sequer iriam
pescar e viveriam somente de aspirar o ar com guelras perfeitamente adaptadas
àquela novíssima forma de obter oxigênio. “Parece muito justo” disse Não Sei Onde.
Quanto aos pássaros, uma nuvem gigante de nome Muito, encarregou-se de levá-los
para o interior das próprias plumas e lá prosperaram felizes para sempre (?)
junto aos seus filhos de algodão.
Muito também tomou para si a
incumbência de cuidar de Não Sei Onde, por ter descoberto ser o seu irmão desaparecido
há milênios da fronteira genealógica espacial. Muito também especulou consigo
mesmo que o Céu era uma árvore inexistente e Não sei Onde, ao ler-lhe o
pensamento, prontamente concordou.
Texto do livro "Entre as Águas" By Tere Tavares
http://www.musarara.com.br/no-ovo-do-novoTexto do livro "Entre as Águas" By Tere Tavares
Publicação no site "Musa Rara".
Imagem: Flying-Machine-Leonardo-da-Vinci-1490
Publicado também na Revista "Grito"
:http://www.revistagrito.com/#!No-ovo-do-novo/cywl/F48DE876-4898-48C1-8A22-3B37B2F778D5
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