domingo, 3 de julho de 2011

Marina


Marina
Uma secura afagou-lhe as águas fronteiriças enquanto a alma molhava-se de círculos.
Decantava sofregamente emoções submersas no percurso de ida ou talvez não...
o amor era um engano farto de ser-lhe ...pestanas mudas do choro desencontrado de já não saber derramar-se, a concha arredia desnudando a areia desconexa
o escrutínio intranquilo e definitivo dando-se ao alcance dos contornos, moles, enrubescidos em ápices arrebanhando o redobrar das horas, subindo ao ar em pequenas gotículas de sais dissolvidos em ondulação
...desidratava-se
enquanto salinava o perfume de um nome, a ardência da pele evadindo-se em refulgências geográficas, minúsculas velas de navios pequenos ao pouso de gaivotas gris – exotismos inextinguíveis – a marca não desaparece quando se subtrai o que a originou, ouvira dos nimbos e dos mergulhos marginais.
No outro refúgio onde dominava estranhos percursos, as marés começavam nos primeiros dias de si – o transcorrer dos anúncios próximos do oceano – e haver como obtê-los, sons e sentimentos, ah! os divisores de águas de onde vêem as lentes alucinadas da invenção – não entender o que se fora
...sobrevivia em percalços lábeis, desaparecidos numa qualquer intacta memória.
Para além da emoção, a inércia vigorosa ...fractal.

13 comentários:

Roberto Malacrida disse...

Magistralmente Lindo, feito Terê, pureza e singeleza. Obrigado por nos brindar assim amiga. Bjs

Madalena Barranco disse...

Querida Tere,

O sal do mar em seu texto é como a vida salina que se mistura em todas as partes ddo corpo, provocando aromas e paisagens maravilhosas... Belíssimo texto.

Beijos, com carinho

Ana Guimarães disse...

Com essa singeleza toda, como disse o Roberto Malacrida, acho que você nem precisa de férias! Se você visse o stress que rola aqui no Rio, diariamente! Eu então, minha amiga, saindo de uma reforma na cozinha!
Beijos. Boa viagem!

Tere Tavares disse...

Roberto,
Como diria o Guimarães Rosa: a beleza é dentro da gente. Abraço amigo.

Madá,
Linda amiga, o sal pode ser doce!
Beijos.

Ana,
O stress é globalizado - como tudo - me parece. O demais são os "cultivares". Beijos

Obrigada pela companhia de vocês.

Salete Cardozo Cochinsky disse...

Tere, querida
Ontem quando já estava pronto e fui enviar o comentário... Caiu a luz.
Ficamos 12 horas com a luz só em uma fase. Imagina com esse frio não podíamos estar com ar condicionado ligado.
Teu texto, dessa vez com um "quê" do estilo de Kafka. Diferença, o lirismo que te acompanha.
Não pode-se ler somente uma vez. Parabéns pelo teu talento. Beijos

☆Lu Cavichioli disse...

Oi Tere, como disse a Salete, não se pode ler uma só vez.

Prosa poética e lírica, escrita sempre com muito esmero, como um bordado.

Especialidade esse texto!

abraços

Lu C.

Mª João C.Martins disse...

"[...]a marca não desaparece quando se subtrai o que a originou[...]"

Assim, como uma tatuagem perpetuada a ferro e fogo a impedir que se apague vida da memória.

Lindo, Tere!!

Um beijinho

Anônimo disse...

Tere, teu conto/poema tem a fragrância de rosas indefinidas. Um cheiro no ar, um perfume numa pedra. Você nos expõe fortes resquícios de sua fase poética neste conto. É texto que preciso ler várias vezes, tantas quanto necessárias para que possa adentrar seu sentido mais visceral.

Beijo da amiga Dôra Limeira

Ramosforest.Environment disse...

Não consigo separar a escritora da artista plástica. Sua literatura pictórica mostra sua vocação para a pintura.
Sua densidade na escrita vem colorida com tintas derramadas da pena com que Você escreve.
A sensação geográfica convive com o sentimento da poetisa.
Abraço
Luiz Ramos

Ricardo Mainieri disse...

Obrigado, Tere, pela visita e cumprimentos. Vou conseguindo algum destaque neste tipo de concurso, os quais valorizo por representar um processo de escolha abalizada.
Quem sabe, um dia destes tenha livro meu para anunciar. Dois deles estão em análise. Um no RS e outro em Recife. Vamos esperar. Tenho uns vinhos bons para abrir e comemorar...(rs)

Abs.

Ricardo Mainieri

Tere Tavares disse...

Salete,
O frio já começa a sumir e logo virá a primavera.
Obrigada pelo carinho!

Lu,
volte. Tenho imensa alegria com tua leitura.

Maria João,
minha amiga de além-mar! Receber-te é um presente.

Dõra,
Quão adorável é a tua companhia, a tua palavra aqui impressa. Volte sempre!

Luiz,
Tinta e palavra, nem eu distingo por vezes, qual delas sou! Ou soo! Feliz com tua presença.

Ricardo,
O mais belo que há é comemorar cada pequena doçura que a vida nos dá! Tim-Tim!

Grata a todos vocês pela leitura e incentivo. Grande abraço.

Madalena Barranco disse...

Querida Tere, vim lhe agradecer a visitinha em meu blog. E... que música linda se ouve por aqui... Além dos aromas e sabores de suas belíssimas marinas e pinturas , seja pelos pincéis, seja pelas teclas. Beijos, com carinho
Madá

Anônimo disse...

Vir, ouvir, ler, sentir...

Proseias com poesia!

Um beijo, e muito grata pelo delicadíssimo comentário no Kanauã.
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Katyuscia