terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Poema do livro Diário dos inícios, de Tere Tavares




Esse poema integra, entre outros, em segunda edição, o livro "Diário dos inícios", Metanoia Editora, poesia, Selo Mundo Contemporâneo Edições, RJ - 2021. 

Urdidura

Quando as flores pousam na janela
e nas folhas que me afagam os olhos
as mãos
a alma
Quando o detalhe me faz mergulhar
dobrar o dorso e repousar nas palavras
a luz não obscurece ainda que eu me esqueça da realidade
Ainda que não exista nada lá fora
Aqui há plenitude.

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Fortuna crítica do escritor, professor e crítico literário Francisco da Cunha e Silva Filho, vai abaixo transcrita:

Francisco Da Cunha

NO POEMA EM EXAME PREDOMINA A INTENSIDADE SUBJETIVA, ASSIM COMO SUAVIDADE PURA DE UM LIRISMO DE FUNDO SIMBÓLICO, NO QUAL O SENTIDO DA PEÇA LÍRICA SÓ PODE SER APREENSÍVEL PELA PERCEPÇÃO DE UM ESTADO, DA PARTE DO LEITOR, DEPREENDER A ALMA DA POESIA AQUI INFUNDIDA SOB O DOMÍNIO DA SUBJETVIDADE, DADO INEFÁVEL DO SER POÉTICO. O SENTIDO DA IMATERIALIDADE SE PODERIA VERIFICAR QUANDO O LEITOR ENTRA EM SINTONIA COM O TEXTO LÍRICO E SENDO CAPAZ DE AFIRMAR A SI MESMO QUE SE ENCONTRA DENTRO DE UM POEMA FEITO E BEM ELABORADO, OS SIGNOS POÉTICOS PLENIFICA-SE GRAÇAS AO NÍVEL ELEVADO DAS SENSIBILIDADE DO SUJEITO LÍRICO, DA INDEFINIÇÃO, DAS SUGESTÕES PROPICIADAS PELO EIXO SINTAGMÁTAICO EM CONJUNÇÃO COM O O EIXO PARADIGMÁTICO, OU SEJA, COM O CONJUNTO DE PALAVARAS DESPERTANDO O ESTRANHAMENTO, FATO DETEMRIANTE DA TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO IFORMATOVO EM DISCUROS LÍRICO. "URDIIDURA" , TENDO ESSES TRAÇOS DISTINTIVOS E DIFERENCIADORES DO MERAMENTE ENUNCNCIADO SINTÁTICO, INFORMACIONAL, É O SALTO PARA O ARTÍSTICO E, PORTATO, O ESTÉTICO. FRANCISCO DA CUNHA E SILVA FILHO Pós-Doutor em Literatura Comparada (UFRJ). Doutor em Letras Vernáculas (Literatura Brasileira, UFRJ). Mestre em Literatura Brasileira (UFRJ).

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Adquira seu exemplar no site da Editora: https://loja.metanoiaeditora.com/lancamentos/diario-dos-inicios?fbclid=IwAR2eodbC6NT1hhpXZAByNDoHzFWjrn1ncI7dDtX2frqglsFhG07GKpe52iY

Imenso Obrigada.

Texto de Tere Tavares do livro Destinos desdobrados publicado na Revista InComunidade, PT




Agradecimentos à Revista InComunidade, PT, pela honrosa publicação de um dos contos "Deméter" do meu recente livro "Destinos Desdobrados", Penalux, SP -2021.

Falo da Mulher e suas aspirações e inspirações, lutas e venturas.
Há alguma beleza e é para ser vívida, qual canto a ser ouvido pelo mundo inteiro, para além da barbárie.
Boa leitura!.
Deméter
Conjuga as flores e salta de onde estás. Restarás como a folha asfixiada na cor escorreita do fluxo outonal, na dormência aparente do tempo. A morte inclinada para uma aliança que virá em breve. Outra e outra vez, nos mistérios das estações. Perséfone.
As mulheres, dilatadas em suas inimagináveis variações, guardam dentro de si a matéria que, inevitavelmente, repassarão à existência que biografará suas relações com toda a humanidade – como quem estuda as descobertas pela observação conjunta e o permanente questionamento que se depara com a instrumentação espiritual e corpórea, com a disciplina de evanescer a ignorância e reduzi-la. Sobre que extensão se encontra o que perpassa a intrincada floresta dos sentimentos femininos? Há que perscrutar, na aparência e na profunda submersão, razões que as expliquem ao além limite das críticas pecaminosas.
Olhar demoradamente para as portas que não se tornam descendências, para o avesso das sombras onde as mulheres salvam suas intermináveis histórias, como se diagramas de páginas sagradas, inclusos os ornamentos com que brincam suas crianças, quando elas assumem carregá-las com o zelo dos anjos invencíveis feito mergulhos e voos culminados num mesmo encontro. Ser mãe é esquecer-se dos lenços. Sequer aparar as lágrimas. Mulheres provadas e provedoras ademais de todas as tiranias, das tácitas renúncias por tolos reinados e todos os apócrifos grifos, pseudoparaísos e fidalguias, bravuras apagadas nos acontecimentos sucessivos, desvendados e amplificados nas execráveis adjetivações que as vitimam para subjugá-las. Que harpas e harpias elas necessitam tornar-se, que fenecimento se oculta em cada revelado salto rumo às encostas abissais, às cercanias inusitadas, sem pasmo algum.
Nada do que se percebe é simples. Que felicidade, que riqueza é estender-se como sobrevivência, apesar de todos os pesos; a consciência é a fonte engenhosa da inesgotável generosidade que possuem de amar com o que é tangível, serem extremadas, verdadeiras e dignas sem almejar posteridade, pois conhecem a brevíssima memória do que são e representam. Dessas múltiplas guerreiras, nunca se saberá o quanto se fizeram boas e belas, o quanto foram treinadas para se livrarem de toda má didática e permanecerem ferozmente vivas e férteis, por amarem à grande mãe Terra como extensão de suas próprias almas.


Fortuna Crítica por

Marinella Dina (Ornella Dina Mariani), Itália, que, gentilmente, fez a tradução ao italiano do segundo e do último parágrafos do conto. Aqui está:


Tere Tavares mi ha postato un suo pezzo e non posso non tradurlo e riproporlo qui. E' intrigante, poetico, raffinato. Una meraviglia. Non faccio che ripeterlo. Qui su FB ci sono autori e autrici di vastissimo talento. Eccovelo:

"Le donne, dilatate nelle loro variazioni inimmaginabili, custodiscono in sé la materia che, inevitabilmente, passerà all'esistenza che biograferà i loro rapporti con l'intera umanità - come chi studia le scoperte attraverso l'osservazione congiunta e l'interrogativo permanente che si trova di fronte alla strumentazione spirituale .e corporeo, con la disciplina di far scomparire l'ignoranza e ridurla. Fino a che punto è ciò che scorre attraverso l'intricata foresta dei sentimenti femminili? Occorre scrutare, nell'apparenza e nel profondo sommerso, ragioni che le spieghino oltre il limite della critica peccaminosa. Niente che vedi è semplice. Che felicità, che ricchezza è estendersi come sopravvivenza, nonostante tutti i pesi; la coscienza è la fonte ingegnosa dell'inesauribile generosità che devono amare con ciò che è tangibile, essere estremi, veri e degni senza mirare alla posterità, perché conoscono il ricordo più breve di ciò che sono e rappresentano. Di questi molteplici guerrieri, non saprai mai quanto sono diventati buoni e belli, quanto sono stati addestrati a sbarazzarsi di tutta la cattiva didattica e rimanere ferocemente vivi e fertili, per amare la grande madre Terra come un'estensione delle proprie anime." Tere Tavares

Obrigada de coração. Grazie di cuore!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

FORTUNA CRÍTICA DO LIVRO - a licitude dos olhos - de Tere Tavares

 Carências

Para OArtistaNuncaVisto existe a suprema inconstância das coisas, o processo recolhido no irrealismo subscrito na ignorância da técnica. A favor da incompletude, chegam-lhe conjuntos para recolhê-lo antes que possa evitar o ato da criação, a resignação que lhe permite digerir o fluxo inevitável da sua força construtiva. Encontra isso na dormência involuntária que o assoma impetuosamente, desguarnecendo o sofrimento, transmutando-o em beleza, como última e possível opção diante da verdadeira e inapelável projeção de si mesmo, como ramos de frescor que, sagradamente, perfuram a terra. “Engano-me para não trair a arte; da minha penumbra extraio o néctar que é quase nada.”
Seu espaço só lhe oferece mais espaço e o percorre até a mais ínfima entranha – que o dissessem os projetos que o cérebro registrara no trauma dos dias. A partir do que recordam os sentidos forja-se a viagem, como as floradas que adornam e camuflam as árvores. “Não tentem decifrar-me. É inútil. De mim, guardem apenas o que esvoaça, a neutralidade do meu rosto a fecundar as opções como um morcego que acorda no seio da noite”.
Agora o presente são todos os seus suspiros, tardios como os talentos que não possui, como as ilusões cavadas numa essência de embriaguez. “O adorno adentrando em mim, preenchendo cada célula, sem ordenação, tomando-me os pulmões, os nervos, a derme, as veias que tingem os meus rastros, sem auxílio ou injúria, amadurando-me precocemente a alma ágil, agre e enrijecida, submetida noutra estrutura, quando, e só então, minha angústia aprende a sorrir porque algo do que fiz, finalmente, toca alguém”.
As lastimações são obras pousadas no espaldar das recordações, que já não o respiram como outrora. “O que penso quando não penso?” E pensa na falta indecorosa da veemência que o trás rente à escada – partícula de uma coisa única, como se quisesse adormecer para constituir-se noutra dimensão. Aborda a aflição e o amor como se retirasse, dos sentimentos, a sua biologia, onde se encolhe para expandir-se, confiante, sem notar se há preenchimento ou falta.
É, quem sabe, alguma sobra míope, parte do todo, no seu existir, enxergando resignado, desafortunado, feito caliça, meio, indo e vindo, nunca findando. Algo que não identifica o induz a permanecer entre dúvidas e zimbros e contar algo, constar de um núncio enigmático de coisas alheias e mesmo assim suas; como um domador a dançar sobre as papoulas e um coração que e o batiza com uma nova medalha.
Ele contempla os espelhos que não costumam mentir, e, apesar dos nódulos ocultos sob os músculos fortes, abre a estreiteza, o risco, e se completa porque finalmente vê. “Foi ali entre a desova dos peixes e o ardor dos areais que colhi a água que me traria novamente à vida.” Resgata-se apesar do sigilo, da polidez afinada nas emoções, lamenta a perda de um bosque que jamais apertou entre os braços, porque, na verdade, era uma selva temporária, uma casca.
OArtistaNuncaVisto, num ínterim, está novamente no topo e escava, coreografa, na ausência, as fuligens distanciadas do chumbo, seus inúmeros oásis, a sagrada e meticulosa investigação onde encontra, por instantes, um frêmito de paz, como quando se entretece nas brancas flores dos ipês e possui, numa quase obsessão, o ápice do que não esmorece. Como se minguasse nas próprias mutações, debruçado numa digníssima fecundidade, sorrí ao reconhecimento dos vales: “Fecho em concha as mãos para aquecer-me nos gumes das minhas obras. Sonho porque meu sonhar é fiel a todos os meus ritos e às minhas chaves”.
do livro "A licitude dos olhos" Editora Penalux contos 2016 .
Tere Tavares COMENTÁRIO POR FRANCISCO DA CUNHA E SILVA FILHO EM 07.01.2020: "Francisco da Cunha
Ora, , uma passagem de um livro como esta dá o que pensar e pensar num aforma nova e de ponta no domínio da crítica literária e do julgamento favorável ou não. Numa primeira leitura,antevejo uma narrativa enigmática e profundamente poético- filosófica, a qual pediria com urgência um aparelhamento teórico a fim de desenvolver uma hermenêutica para o texto ficcional. Há uma voz narradora que combina história de vida e experimentação de linguagem límpida na sintaxe e incomum na forma de narrar. Creio que estamos, diante dessa leitura e dos inúmeros ângulos narrativos, de um nova maneira de ser ficcional, na qual há uma predominância muito forte no contar e no como contar e no por que contar uma história imaginária e pejada de conceituações como se fossem aforismos . Creio ainda que,na análise desses relatos que nos surpreendem favoravelmente e desafiam a nossa argúcia interpretativa está na dimensão do Poético, na forma de comunicar o fluxo de vida em palavras, num torrencial contínuo no qual retalhos da vida humana são interligados na sintaxe e na semântica geral do texto. Abraços".

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Texto de Tere Tavares publicado na Revista InComunidade

 Presente lindo! Muito honrada e agradecida por constar com um de meus contos na prestigiosa Revista "InComunidade". Os meus cumprimentos pelo trabalho e edição.

Parabéns
a todos os participantes e editores.
Para leitura clique no link abaixo:
http://www.incomunidade.com/sobre-o-filho-de-jose-tere-tavares/?fbclid=IwAR2y5v01Dqh1ptAsEwy7ncF2SmfZeqnvPEnsrt8B71dtFO6IaCdH8WtsAYw

domingo, 2 de janeiro de 2022

Fortuna Crítica do livro Campos Errantes de Tere Tavares

É bom perceber as impressões vindas de uma voz de um escritor experiente como é Chico Lopes. Gratidão.

 "MUITO BOM RECEBER LIVROS ...

...dos amigos e, eu mal volto pra casa de uns dias fora pra curtir o Ano Novo com amigos, o correio já me traz pacotes de livros que chegaram e estavam à minha espera.
Entre eles, CAMPOS ERRANTES, da Penalux, da prosadora/poeta Tere Tavares, que é também uma pintora singular. Sua literatura é de difícil classificação, vaga entre a crônica, o conto e o ensaio, com uns lampejos de viva poesia - mas parece o tempo todo querer romper com as fronteiras de gênero. Esta edição traz delicadas pinturas de Tere, levemente abstratas.
Obrigadão, Tere". Chico Lopes. Em 03 de janeiro de 2019,


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Publicação de um conto de Tere Tavares na Revista InComunidade -Aborim- do livro Destinos desdobrados- Penalux-2021

 

Aborim | Tere Tavares
http://www.incomunidade.com/aborim-tere-tavares/
Clique no link para conhecer a revista que é maravilhosa.

Obrigada à Revista InComunidade pela honrosa acolhida de minha escrita.


ABORIM 

Enquanto se molha, algo lhe tolhe as incertezas. Vem-lhe à memória a trilha de ouro onde colheu seus primeiros amores. Aborim é insubmissa e intranquila. Dentro dela se opera uma mudança que lhe permite evidenciar o prazer de encontrar-se entre um e outro sobressalto. Habitam-na as órbitas inusuais. Ela perfura as cavidades do mundo adornando-se com a nostalgia insanável das aflições. Os riscos de vento que doa aos papéis seguem extensões que, com uma fisionomia invisível e inadvertida, perseguem-na apesar das desolações.

“A alma é a ilustração da mente, do intelecto e da genialidade. A arte deve enxergar na ocultação, no que resta de misterioso. Cumpre-me abordar temas menos dóceis, a dor que trafega no interior de cada ser vivo. Eu me amacio no mesmo instante que sou amada. Nem por isso deixo de estar próxima à desventura que venha a ser apaixonar-se por algum canalha e conduzir esse sentimento às últimas consequências – não raro, definitivamente últimas: [muitos dos que prometem amor, assassinam-te, controlam-te, desejam que mudes ou que fiques muda], – minha suspeita se pauta em experiências e observações. Por vezes, a melhor opção é a recusa, a não concessão que venha a abalar esse estar comigo. São poucas as coisas suficientemente sedutoras para me prenderem. Eu perdi a timidez de mostrar-me tímida para os outros. Resta-me o cuidado de nunca me afastar da alegria de ser a mais verdadeira e natural de todas as que sou. Porque isso emoldura a espontaneidade do meu espírito. Porque separar-se da própria vida é casar-se com a morte”.

Com a lógica do desapego, Aborim compreende que o essencial se encaixa, ou deveria se encaixar, de forma normal – o todo é incapturável. Ela constrói um mundo interior valiosíssimo, de harmonia, de amor universal. Nada a deduz da luz que a envolve e irradia de si, constantemente; mas a induz à leveza das não pretensões. Há algo de pretencioso em adotar a simplicidade? Não. Existe a gloriosa finalidade de evidenciar o que há de nobre [não há rejeição capaz de sobreviver ao inevitável brilho da sinceridade] de um mundo que nem sempre é percebido. Ainda que em narrativas sem auxílio: que palavras mais puras lhe molham os olhos e lhe desagravam a aridez –  o que lhe vale é fermentar a estruturação do pensamento. As mutações, talvez, lhe mostrem com assiduidade que não a conhecem, sequer a veem. Para Aborim, nada é mais louvável do que captar esses momentos florais e registrá-los com real filosofia, como um sachê esquecido entre as mobílias que nada tem de proposital, exceto fruir a felicidade e evitar as traças. Impossível descrevê-la ou associá-la apenas a uma coruja demoníaca ou à noite.


Fortuna crítica de Guida Luís, via facebook: 

Guida Luis Este excerto é de uma beleza magistral, cada palavra faz vir ao de cima , uma mulher divina, que merece ser verdadeiramente amada e só isso fará sentido, de outro modo vale mais seguir só, longe da superficialidade! Absolutamente encantada com este excerto, já sem falar na pintura! Lindíssima! O meu grande aplauso pelo todo!                                                                                                                                                                                                                                        


Fortuna crítica de Wellington Luiz Feitosa Guimarães, via facebook:

Wellington Luiz Feitosa GuimarãesUm belo texto. É pouco. Um belo e bem escrito texto. Ainda é pouco. Um texto bom e literário. Ainda é pouco. É o quê, então? Um texto que não precisa ser definido, nem classificado por único, por ser sem padrão ou parâmetros. Ou parâmetros sobre um novo parâmetro. Mais à frente. Vanguarda e conservadora, Aborim é isso. Filósofa de averiguar, de intuir. Aborim não é nome que se confunda. Colocaria Aborim para conversar com Rosalinda e se dariam bem. Como sei? A inteligência não briga contra si. Belíssimo texto. Parabéns.

Do livro "Destinos desdobrados" contos- Editora Penalux, SP, Tere Tavares, 2021

Adquira um exemplar via e-mail: t.teretavares@gmail.com 
Ou pelo site da Penalux.


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

TERE TAVARES E AS PALAVRAS COMO PINCELADAS SOBRE O MUNDO

PUBLICADO EM LITERATURA POR 


Nosso CAFÉ PÓS-MODERNO recebe Tere Tavares que irá responder 13 perguntas e deixar um fragmento.

1- Quando você começou a escrever?

Não sei precisar, com exatidão, algum começo. Certamente, iniciei pela leitura. Desde a adolescência, tive contato com os livros. Lia, sempre que possível, desde romances e contos de fada a bulas de remédio. Ganhei alguns concursos de redação na escola. A partir do curso superior em Economia, no qual sou licenciada, precisei dedicar-me às literaturas específicas dessa área, pelo trabalho que exerci em diversas empresas, mormente na Caixa Econômica Federal, onde trabalhei até a aposentadoria. Minha primeira inclinação foi cursar Belas Artes, pois adorava desenhar e pintar. Porém, declinei, pois precisava, antes, trabalhar para sustentar-me. Nunca imaginei que, na maturidade, despertaria e descobriria, em mim, uma escrita que nem eu conhecia. E, por outra via, exerceria a pintura. Em ambas as artes, sou autodidata. A vereda se faz maior a cada livro que leio, a cada pintura que conheço. Seja escrevendo poesia ou ficção, o processo de investigação e a curiosidade, me são fontes de constante aprendizado.

tt A licitude dos olhos.jpg

2- Escrever é um dom ou consequência de muita leitura e transpiração?

Existe o dom, entretanto, ele não se sustenta sozinho. É necessário, imprescindível, muitíssimo de leitura [conceituo-a como toda uma existência], observação, exercício e pesquisa para exercer a escrita. Escrevo, antes de tudo, por amor, mas também como uma necessidade incansável de ressignificar os pensamentos, a realidade, a vida, o meu estar no mundo. Seja na poesia ou na prosa, deixo as palavras fluírem naturalmente, sem determinismos nem fixações que me afastem do que intenciono criar ou expressar. Tudo me inspira. Desde o que percebo ao que desconheço. Desde o que sinto, ou intuo, e se reflete no outro, na sociedade; como elementos indissociáveis à essa imensa seara chamada literatura.

3- Quais os “clássicos” da literatura você mais admira? Quais autoras e autores influenciaram tua escrita?

Na adolescência, eu lia o que estava disponível na biblioteca da escola, único lugar onde eu tinha acesso aos livros: basicamente, obras da literatura brasileira. Depois, noutro tempo, adiante de ver os filhos crescidos e aposentar-me de um trabalho em que lidava com números e cálculos, mas também com pessoas de todas as classes sociais e profissionais (o que me deu uma bagagem imensa no aspecto humano), parti para leituras inúmeras: livros nacionais, livros em outros idiomas como o espanhol, algo em italiano e francês. Não me sinto muito à vontade, se esse é o termo, em mencionar nomes que possam ter influenciado a minha escrita. A lista é imensa e vai desde a leitura de obra inteira ou fragmentada de muitos escritores e escritoras admiráveis em todos os gêneros literários. Creio que a variação do que li e continuo a ler me dá maior plasticidade ao escrever.

tt A Linguagem dos Pássaros.png

4- E na cena literária atual... Quem você já leu e gostou muito? Quem você indica, entre os contemporâneos, para as pessoas lerem?

Embora, no Brasil, infelizmente, haja poucos leitores, o mesmo não acontece quando se fala de escritores. O catálogo atual é vasto, ainda bem, assim como os estilos e vertentes literárias. Há obras excelentes que são verdadeiros convites à leitura, mas a grande maioria, são desconhecidas do grande público. Não atino o motivo que leva a esse triste cenário. Talvez haja falta de incentivo, divulgação. Parece que, se o autor ou autora, for brasileiro, principalmente fora do eixo RJ e SP, salvo raras exceções, já é um motivo para não ser lido. Um fato lamentável e desestimulante em muitos aspectos. Aqui, também, declino de indicar nomes. Prefiro deixar que cada um eleja o que lhe agrada ler, pelo despertar do desejo de investigar, seguindo suas emoções e necessidades, esse ou aquele escritor ou escritora.

tt Entre as Águas.jpg

5- Neste momento, qual é o livro que você está lendo?

Normalmente, não me fixo ou não me dedico a um único livro. Há um leque de livros que estão à minha volta, num agradável caos e coexistências que vou percepcionando no decurso dos dias, nas horas que sobram.

6- O que você já publicou até aqui? Foi difícil publicar?

Conto, atualmente, com nove livros publicados, entre poesia, contos e ensaios: “Flor Essência” (poesia 2004), “Meus Outros” (poesia 2007), “Entre as Águas” (contos 2011), “A linguagem dos Pássaros” (poesia Editora Patuá 2014), “Vozes & Recortes” (contos Editora Penalux 2015), “A licitude dos olhos” (contos Editora Penalux 2016), “Na ternura das horas” (ensaios Editora Assoeste 2017), “Campos errantes” (contos Editora Penalux 2018), “Folhas dos dias”, minha primeira experiência na plataforma e-book, (Ensaios, Selo Ser MulherArte Editorial, 2020). Integro várias Antologias e Coletâneas, no Brasil e no Exterior. Há farto material de minhas obras literárias e de pintura na Internet, e revistas eletrônicas do Brasil e do Exterior. Edito o blog “M-eus Outros”, desde 2007. Integro a Academia Cascavelense de Letras.

tt Flor Essência.jpg

7- Se alguém deseja conhecer sua produção literária, você recomenda começar por onde?

Cada um dos livros que publiquei, é um bom começo! Indicaria o livro “Campos errantes”, contos, 2018, Editora Penalux, disponível no catálogo da editora, na Amazon.com, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.

tt Campos errantes V.jpg

8- Prosa ou poesia? Conto, novela ou romance?

Todos os gêneros literários em que sinto a emissão de forças vivas, que ampliam os pensamentos e, de alguma forma, me emocionam e me enriquecem o espírito.

9- Se ainda não dá para viver só de literatura, como você sobrevive?

Sou uma bancária aposentada. Não tenho outras fontes de renda.

10- Algumas escritoras e escritores fazem depoimentos de cunho político outras defendem a “arte pela arte”, uma autonomia entre fazer literatura e o contexto sociopolítico. Em sua opinião, qual a relação entre arte (ou obra literária) e a política?

Há situações e acontecimentos que me entristecem, machucam no mais profundo do meu ser. Impossível desaperceber-se enquanto sociedade, dos tantos flagelos dos quais quase ninguém escapa. Através das palavras ou da pintura, expresso e transmuto tudo isso, seja em abordagens mais diretas ou subjetivas. Há que deter-se nas entrelinhas mais do que no erguer de bandeiras. A arte é um ato de liberdade que se opõem à negação da vida intensiva e à harmonia da alma.

tt Meus Outros.jpg

11- Em que momento da vida você sentiu... “eu sou escritora”.

Não foi num instante específico, mas no decorrer das publicações dos livros, dos acontecimentos que foram se sucedendo ao longo da minha trajetória literária.

12- Qual é a pergunta que você gostaria de responder e eu não fiz?

Não percebo nenhuma pergunta faltando. Tua entrevista é muito bem conduzida. Sinto-me honrada e agradecida pela oportunidade.

13- Qual é seu próximo projeto literário? Ainda este ano?

Trabalho numa recolha de contos que pretendo transformar em livro. Talvez um romance. Tudo acontece ao seu tempo.

Deixe uma poesia, frase ou fragmento de texto de sua autoria para quem leu esta entrevista fazer uma “degustação”...

Deixo um dos contos do livro “Campos errantes”, Editora Penalux, 2018.

O Homem que nunca era visto

Solenemente, vestiu-se para aquela comédia que um dia fora. Ele desconhecia a cosmogonia cifrada, a inadvertência. Precisava de algo mais substancial para se recolher. Inventar alguma vivacidade. Vinha-lhe à mente um compêndio de raciocínios inglórios. Chegou ao escritório. A inutilidade do corporativismo quis dele o que ele não admitia conceder. Não havia nada ali, além de uma volta para trás. Pensava que a vida existia para a lapidação do ser, ainda que acompanhada de toda sorte de falseamentos e dispersões. Uma aventura exterior, molhado o orgulho, subitamente, o extirpou dos pés, ou o que teriam sido para ele os pés, evidenciando-o no gosto de conhecer as aflições e os sobressaltos, sem qualquer simulacro. As espirais tingidas com seu sangue. Por fim, ele foi visto distanciado das ornamentações humanas, das cientificidades quando se pronunciou rumo ao infinito: “Creio que a Natureza não escolhe o que iluminar; simplesmente atua com seus raios infalíveis. Só o homem cru sabe das diásporas”.

tt Na ternura das horas.jpg

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Seus livros:

Na Editora Penalux, clique aqui.

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Os livros que não constam nesses catálogos podem ser adquiridos diretamente com a Tere Tavares. Basta solicitar via e-mail ou pelo seu facebook.

tt Vozes & Recortes.jpg



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Declamação de um poema de Tere Tavares


 

Antonio Torres, meus agradecimentos, caro amigo pelo vídeo e voz emprestada a esse poema, ainda inédito em livro. 

Nem a eternidade é só eternidade

 

Te falta a ternura para as flores

Percebe a semente

Te falta a umidade para a Terra

Percebe o olho d'água

Te faltam olhos para afagar a Lua

Percebe a nuvem descendo os degraus

Te falta doçura para o que é belo

Percebe que podes completar o que te falta

Te falta amor para te dizeres mais suavemente

Percebe o afeto dentro do impossível

Te falta parar no teu ser interno e afagá-lo

Percebe que és tu, agora.

 

Poema BY Tere Tavares 2021.

 

 


 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Resenha em fotos e vídeo do livro Destinos desdobrados de Tere Tavares

Senti-me lisonjeada com essa leitura da Taynara Leszczynski do meu livro "Destinos Desdobrados". Um livro em que ousei delinear perfis femininos, mulheres lobas, leoas, formigas em correição, a energia que engloba o ser feminino, mas com a amplitude que abarca toda uma sociedade. É isso e algo mais que irá tocar o leitor, seja mulher ou homem. Somos humanidade, e como humanidade havemos de pensar o mundo. Meu abraço e gratidão, Editora Penalux, Wilson Gorj e Tonho França, obrigada a todos(as) leitores(as) que me honram com suas vozes.

https://www.youtube.com/watch?v=VkdY4eEVXiM No link acima acesse a resenha em vídeo.





Adquira seu exemplar pelo site da Penalux:
https://www.editorapenalux.com.br/loja/destinos-desdobrados

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