Por Outro Lado
Debrucei-me sobre "a sombra das moças em flor". Não seria a primeira nem a última vez que me encantaria por Proust. Antes de revirar suas frases fluídas, havia visitado alguns pontos, quase sempre os mesmos. Mas o meu espírito não. Nele atuavam as estrelas caídas. As entonações de prestar atenção. Postou-se em si mesmo - o lugar seguro e reconfortante - e dos silêncios suntuosamente murmurados, disse-me algo do seu conhecido segredo. Eu não tive medo e ouvi. Também vi, tão logo cessara o que havia mudado. Emudeci, mas somente por fora.
Naquele solfejar deixei descobertos os ombros e os braços. Todo meu ser era outro a dar-se a conhecer. E me encantava. Sem mais nem menos. Eram as individualidades interessantes de alguns costumes insensatos. Apresentei-me como sempre. Sem distrações. Sem os nadas. Em branco. Assim como Freud, não obtive sucesso (nem teria tal pretensão) ao tentar desvendar os mecanismos inextrincáveis da mente – a minha, a de toda a humanidade que há milênios desafia os mais ferrenhos estudiosos.
Autoconsciência, ego, self, deixaram de ter uma necessidade para tornarem-se uma realidade. Ainda que obscuramente nebulosa. Filtrei as diferentes noções e verdades aparentes. Pus-me a caminho mais uma vez. Desta vez com o corpo todo descoberto.
Autoconsciência, ego, self, deixaram de ter uma necessidade para tornarem-se uma realidade. Ainda que obscuramente nebulosa. Filtrei as diferentes noções e verdades aparentes. Pus-me a caminho mais uma vez. Desta vez com o corpo todo descoberto.
Tela da Autora -óleo sobre tela-l980
9 comentários:
Veja só que sincronia. Hoje cedo, peguei um volume para ler e encontrei um conto, com o mesmo sentido, com outra palavras, é verdade, mas que dizia alguma coisa semelhante ao que você concluiu ao reencontrar o do nosso amigo em comum.
"O conhecimento incipiente e equivocado que acumulamos sobre a existência com a visão, a audição, o olfato, o gosto e o tato se complementam e se corrigem. Porque surge a oportunidade de conhecer em sua inteireza a verdade da vida que levamos em nós, que sem o julgamento dos sentidos é a verdade perfeita. A verdade é inexprimível com palavras conceitos e juízos, como é inapreensível pela via dos sentidos." (Géza Csáth)
Eu também fiquei com a sensação de ter saído outro depois de ter lido.
Outro diferente daquele que se sentou a ler.
Obrigado pela partilha. Parabéns pela feitura. Beijos.
À sombra das moças em flor, em busca do tempo nem sempre perdido, com o auxilio de Freud e todos os conhecimentos assimilados, será possivel distinguir e caminhar de maneira mais resoluta para as realidades da vida.
Abraços
Luiz Ramos
Hola amiga Tere paso a dajar mi huella en tu blog y leer tus post bellas imágenes y textos.
Un abrazo de MA desde Granada.
"Tenho uma única identidade, a identidade do escrever" - Imre Kertész, no ensaio-romance, Eu, um outro. E acrescenta: uma identidade que se escreve a si mesma.
Beijo, Tere.
Por que você ainda não está no Facebook?
Olá Tere,
aqui conhecendo teu espaço.
è belo em todos os sentidos!
particularmente encantado com esse texto, leve pra ler mas a interpretação é densa e não é para qualquer ouvido.
Realmente MAGNÍFICO! Parabéns!
Um abraço terno a ti.
daufen bach.
Djabal,
Fico feliz por ter-te proporcinonado esse resultado!
Quanto ao Géza, memo não o conhecendo, gostei do que trouxeste dele, procurarei leituras mais. Beijo
Luiz,
Se Freeud ajuda, ainda não sei. Mas sigo ajudando-me, e contando com o tenho de mais caro. Obrigada.
Abraço
MA,
Hola! Muchas gracias. Hermosa!
Ana,
Muito interessante, pois, acredite, ainda há no meio literário quem atribua a outras circunstâncias o que para quem escreve é meramente ficcional. Beijão
Daufen,
Prazer em receber-te aqui. Também apreciei a tua morada. Volte sempre. Abraço
De qualquer lado, ângulo...a tua palavra vive e expande-se nua, vestida de maravilhosa arte!
1 Bj*
Luísa
Tere,
"Emudeci, mas somente por fora".
Eis a sabedoria, a aceitação de que ao circular entre outras palavras, idéias, conceitos, podemos formular os nossos próprio.
Em forma de literatura, mas intensamente produtor de saber.
Beijos
Salete
Luísa,
obrigada querida - tua vinda é sempre motivo de alegria.
Salete,
querida amiga, acresci as tuas pétalas aqui! Obrigada.
Beijos
Postar um comentário