"MUITO BOM RECEBER LIVROS ...
domingo, 2 de janeiro de 2022
Fortuna Crítica do livro Campos Errantes de Tere Tavares
"MUITO BOM RECEBER LIVROS ...
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
Publicação de um conto de Tere Tavares na Revista InComunidade -Aborim- do livro Destinos desdobrados- Penalux-2021
Aborim | Tere Tavares
http://www.incomunidade.com/aborim-tere-tavares/
Clique no link para conhecer a revista que é maravilhosa.
Obrigada à Revista InComunidade pela honrosa acolhida de minha escrita.
Enquanto se molha, algo lhe tolhe as incertezas. Vem-lhe à memória a trilha de ouro onde colheu seus primeiros amores. Aborim é insubmissa e intranquila. Dentro dela se opera uma mudança que lhe permite evidenciar o prazer de encontrar-se entre um e outro sobressalto. Habitam-na as órbitas inusuais. Ela perfura as cavidades do mundo adornando-se com a nostalgia insanável das aflições. Os riscos de vento que doa aos papéis seguem extensões que, com uma fisionomia invisível e inadvertida, perseguem-na apesar das desolações.
“A alma é a ilustração da mente, do intelecto e da genialidade. A arte deve enxergar na ocultação, no que resta de misterioso. Cumpre-me abordar temas menos dóceis, a dor que trafega no interior de cada ser vivo. Eu me amacio no mesmo instante que sou amada. Nem por isso deixo de estar próxima à desventura que venha a ser apaixonar-se por algum canalha e conduzir esse sentimento às últimas consequências – não raro, definitivamente últimas: [muitos dos que prometem amor, assassinam-te, controlam-te, desejam que mudes ou que fiques muda], – minha suspeita se pauta em experiências e observações. Por vezes, a melhor opção é a recusa, a não concessão que venha a abalar esse estar comigo. São poucas as coisas suficientemente sedutoras para me prenderem. Eu perdi a timidez de mostrar-me tímida para os outros. Resta-me o cuidado de nunca me afastar da alegria de ser a mais verdadeira e natural de todas as que sou. Porque isso emoldura a espontaneidade do meu espírito. Porque separar-se da própria vida é casar-se com a morte”.
Com a lógica do desapego, Aborim compreende que o essencial se encaixa, ou deveria se encaixar, de forma normal – o todo é incapturável. Ela constrói um mundo interior valiosíssimo, de harmonia, de amor universal. Nada a deduz da luz que a envolve e irradia de si, constantemente; mas a induz à leveza das não pretensões. Há algo de pretencioso em adotar a simplicidade? Não. Existe a gloriosa finalidade de evidenciar o que há de nobre [não há rejeição capaz de sobreviver ao inevitável brilho da sinceridade] de um mundo que nem sempre é percebido. Ainda que em narrativas sem auxílio: que palavras mais puras lhe molham os olhos e lhe desagravam a aridez – o que lhe vale é fermentar a estruturação do pensamento. As mutações, talvez, lhe mostrem com assiduidade que não a conhecem, sequer a veem. Para Aborim, nada é mais louvável do que captar esses momentos florais e registrá-los com real filosofia, como um sachê esquecido entre as mobílias que nada tem de proposital, exceto fruir a felicidade e evitar as traças. Impossível descrevê-la ou associá-la apenas a uma coruja demoníaca ou à noite.
Fortuna crítica de Guida Luís, via facebook:
Guida Luis Este excerto é de uma beleza magistral, cada palavra faz vir ao de cima , uma mulher divina, que merece ser verdadeiramente amada e só isso fará sentido, de outro modo vale mais seguir só, longe da superficialidade! Absolutamente encantada com este excerto, já sem falar na pintura! Lindíssima! O meu grande aplauso pelo todo!
Fortuna crítica de Wellington Luiz Feitosa Guimarães, via facebook:
Wellington Luiz Feitosa Guimarães: Um belo texto. É pouco. Um belo e bem escrito texto. Ainda é pouco. Um texto bom e literário. Ainda é pouco. É o quê, então? Um texto que não precisa ser definido, nem classificado por único, por ser sem padrão ou parâmetros. Ou parâmetros sobre um novo parâmetro. Mais à frente. Vanguarda e conservadora, Aborim é isso. Filósofa de averiguar, de intuir. Aborim não é nome que se confunda. Colocaria Aborim para conversar com Rosalinda e se dariam bem. Como sei? A inteligência não briga contra si. Belíssimo texto. Parabéns.
Do livro "Destinos desdobrados" contos- Editora Penalux, SP, Tere Tavares, 2021
Adquira um exemplar via e-mail: t.teretavares@gmail.com
Ou pelo site da Penalux.
Ou pelo site da Penalux.
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
TERE TAVARES E AS PALAVRAS COMO PINCELADAS SOBRE O MUNDO
PUBLICADO EM LITERATURA POR MARCIO SALES SARAIVA
Nosso CAFÉ PÓS-MODERNO recebe Tere Tavares que irá responder 13 perguntas e deixar um fragmento.
1- Quando você começou a escrever?
Não sei precisar, com exatidão, algum começo. Certamente, iniciei pela leitura. Desde a adolescência, tive contato com os livros. Lia, sempre que possível, desde romances e contos de fada a bulas de remédio. Ganhei alguns concursos de redação na escola. A partir do curso superior em Economia, no qual sou licenciada, precisei dedicar-me às literaturas específicas dessa área, pelo trabalho que exerci em diversas empresas, mormente na Caixa Econômica Federal, onde trabalhei até a aposentadoria. Minha primeira inclinação foi cursar Belas Artes, pois adorava desenhar e pintar. Porém, declinei, pois precisava, antes, trabalhar para sustentar-me. Nunca imaginei que, na maturidade, despertaria e descobriria, em mim, uma escrita que nem eu conhecia. E, por outra via, exerceria a pintura. Em ambas as artes, sou autodidata. A vereda se faz maior a cada livro que leio, a cada pintura que conheço. Seja escrevendo poesia ou ficção, o processo de investigação e a curiosidade, me são fontes de constante aprendizado.
2- Escrever é um dom ou consequência de muita leitura e transpiração?
Existe o dom, entretanto, ele não se sustenta sozinho. É necessário, imprescindível, muitíssimo de leitura [conceituo-a como toda uma existência], observação, exercício e pesquisa para exercer a escrita. Escrevo, antes de tudo, por amor, mas também como uma necessidade incansável de ressignificar os pensamentos, a realidade, a vida, o meu estar no mundo. Seja na poesia ou na prosa, deixo as palavras fluírem naturalmente, sem determinismos nem fixações que me afastem do que intenciono criar ou expressar. Tudo me inspira. Desde o que percebo ao que desconheço. Desde o que sinto, ou intuo, e se reflete no outro, na sociedade; como elementos indissociáveis à essa imensa seara chamada literatura.
3- Quais os “clássicos” da literatura você mais admira? Quais autoras e autores influenciaram tua escrita?
Na adolescência, eu lia o que estava disponível na biblioteca da escola, único lugar onde eu tinha acesso aos livros: basicamente, obras da literatura brasileira. Depois, noutro tempo, adiante de ver os filhos crescidos e aposentar-me de um trabalho em que lidava com números e cálculos, mas também com pessoas de todas as classes sociais e profissionais (o que me deu uma bagagem imensa no aspecto humano), parti para leituras inúmeras: livros nacionais, livros em outros idiomas como o espanhol, algo em italiano e francês. Não me sinto muito à vontade, se esse é o termo, em mencionar nomes que possam ter influenciado a minha escrita. A lista é imensa e vai desde a leitura de obra inteira ou fragmentada de muitos escritores e escritoras admiráveis em todos os gêneros literários. Creio que a variação do que li e continuo a ler me dá maior plasticidade ao escrever.
4- E na cena literária atual... Quem você já leu e gostou muito? Quem você indica, entre os contemporâneos, para as pessoas lerem?
Embora, no Brasil, infelizmente, haja poucos leitores, o mesmo não acontece quando se fala de escritores. O catálogo atual é vasto, ainda bem, assim como os estilos e vertentes literárias. Há obras excelentes que são verdadeiros convites à leitura, mas a grande maioria, são desconhecidas do grande público. Não atino o motivo que leva a esse triste cenário. Talvez haja falta de incentivo, divulgação. Parece que, se o autor ou autora, for brasileiro, principalmente fora do eixo RJ e SP, salvo raras exceções, já é um motivo para não ser lido. Um fato lamentável e desestimulante em muitos aspectos. Aqui, também, declino de indicar nomes. Prefiro deixar que cada um eleja o que lhe agrada ler, pelo despertar do desejo de investigar, seguindo suas emoções e necessidades, esse ou aquele escritor ou escritora.
5- Neste momento, qual é o livro que você está lendo?
Normalmente, não me fixo ou não me dedico a um único livro. Há um leque de livros que estão à minha volta, num agradável caos e coexistências que vou percepcionando no decurso dos dias, nas horas que sobram.
6- O que você já publicou até aqui? Foi difícil publicar?
Conto, atualmente, com nove livros publicados, entre poesia, contos e ensaios: “Flor Essência” (poesia 2004), “Meus Outros” (poesia 2007), “Entre as Águas” (contos 2011), “A linguagem dos Pássaros” (poesia Editora Patuá 2014), “Vozes & Recortes” (contos Editora Penalux 2015), “A licitude dos olhos” (contos Editora Penalux 2016), “Na ternura das horas” (ensaios Editora Assoeste 2017), “Campos errantes” (contos Editora Penalux 2018), “Folhas dos dias”, minha primeira experiência na plataforma e-book, (Ensaios, Selo Ser MulherArte Editorial, 2020). Integro várias Antologias e Coletâneas, no Brasil e no Exterior. Há farto material de minhas obras literárias e de pintura na Internet, e revistas eletrônicas do Brasil e do Exterior. Edito o blog “M-eus Outros”, desde 2007. Integro a Academia Cascavelense de Letras.
7- Se alguém deseja conhecer sua produção literária, você recomenda começar por onde?
Cada um dos livros que publiquei, é um bom começo! Indicaria o livro “Campos errantes”, contos, 2018, Editora Penalux, disponível no catálogo da editora, na Amazon.com, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.
8- Prosa ou poesia? Conto, novela ou romance?
Todos os gêneros literários em que sinto a emissão de forças vivas, que ampliam os pensamentos e, de alguma forma, me emocionam e me enriquecem o espírito.
9- Se ainda não dá para viver só de literatura, como você sobrevive?
Sou uma bancária aposentada. Não tenho outras fontes de renda.
10- Algumas escritoras e escritores fazem depoimentos de cunho político outras defendem a “arte pela arte”, uma autonomia entre fazer literatura e o contexto sociopolítico. Em sua opinião, qual a relação entre arte (ou obra literária) e a política?
Há situações e acontecimentos que me entristecem, machucam no mais profundo do meu ser. Impossível desaperceber-se enquanto sociedade, dos tantos flagelos dos quais quase ninguém escapa. Através das palavras ou da pintura, expresso e transmuto tudo isso, seja em abordagens mais diretas ou subjetivas. Há que deter-se nas entrelinhas mais do que no erguer de bandeiras. A arte é um ato de liberdade que se opõem à negação da vida intensiva e à harmonia da alma.
11- Em que momento da vida você sentiu... “eu sou escritora”.
Não foi num instante específico, mas no decorrer das publicações dos livros, dos acontecimentos que foram se sucedendo ao longo da minha trajetória literária.
12- Qual é a pergunta que você gostaria de responder e eu não fiz?
Não percebo nenhuma pergunta faltando. Tua entrevista é muito bem conduzida. Sinto-me honrada e agradecida pela oportunidade.
13- Qual é seu próximo projeto literário? Ainda este ano?
Trabalho numa recolha de contos que pretendo transformar em livro. Talvez um romance. Tudo acontece ao seu tempo.
Deixe uma poesia, frase ou fragmento de texto de sua autoria para quem leu esta entrevista fazer uma “degustação”...
Deixo um dos contos do livro “Campos errantes”, Editora Penalux, 2018.
O Homem que nunca era visto
Solenemente, vestiu-se para aquela comédia que um dia fora. Ele desconhecia a cosmogonia cifrada, a inadvertência. Precisava de algo mais substancial para se recolher. Inventar alguma vivacidade. Vinha-lhe à mente um compêndio de raciocínios inglórios. Chegou ao escritório. A inutilidade do corporativismo quis dele o que ele não admitia conceder. Não havia nada ali, além de uma volta para trás. Pensava que a vida existia para a lapidação do ser, ainda que acompanhada de toda sorte de falseamentos e dispersões. Uma aventura exterior, molhado o orgulho, subitamente, o extirpou dos pés, ou o que teriam sido para ele os pés, evidenciando-o no gosto de conhecer as aflições e os sobressaltos, sem qualquer simulacro. As espirais tingidas com seu sangue. Por fim, ele foi visto distanciado das ornamentações humanas, das cientificidades quando se pronunciou rumo ao infinito: “Creio que a Natureza não escolhe o que iluminar; simplesmente atua com seus raios infalíveis. Só o homem cru sabe das diásporas”.
Onde encontrar Tere Tavares?
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E-mail: t.teretavares@gmail.com.br
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Seus livros:
Na Editora Penalux, clique aqui.
Na Editora Patuá, clique aqui.
Os livros que não constam nesses catálogos podem ser adquiridos diretamente com a Tere Tavares. Basta solicitar via e-mail ou pelo seu facebook.
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Declamação de um poema de Tere Tavares
Antonio Torres, meus agradecimentos, caro amigo pelo vídeo e voz emprestada a esse poema, ainda inédito em livro.
Nem a eternidade é só eternidade
Te falta a ternura para as flores
Percebe a semente
Te falta a umidade para a Terra
Percebe o olho d'água
Te faltam olhos para afagar a Lua
Percebe a nuvem descendo os degraus
Te falta doçura para o que é belo
Percebe que podes completar o que te
falta
Te falta amor para te dizeres mais
suavemente
Percebe o afeto dentro do impossível
Te falta parar no teu ser interno e
afagá-lo
Percebe que és tu, agora.
Poema BY Tere Tavares 2021.
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
Resenha em fotos e vídeo do livro Destinos desdobrados de Tere Tavares
Senti-me lisonjeada com essa leitura da Taynara Leszczynski do meu livro "Destinos Desdobrados". Um livro em que ousei delinear perfis femininos, mulheres lobas, leoas, formigas em correição, a energia que engloba o ser feminino, mas com a amplitude que abarca toda uma sociedade. É isso e algo mais que irá tocar o leitor, seja mulher ou homem. Somos humanidade, e como humanidade havemos de pensar o mundo. Meu abraço e gratidão, Editora Penalux, Wilson Gorj e Tonho França, obrigada a todos(as) leitores(as) que me honram com suas vozes.
https://www.youtube.com/watch?v=VkdY4eEVXiM
No link acima acesse a resenha em vídeo.
Adquira seu exemplar pelo site da Penalux:
https://www.editorapenalux.com.br/loja/destinos-desdobrados
E, se preferir adquirir com autógrafo da escritora, envie mensagem no e-mail:
t.teretavares@gmail.com
Ou pelo facebook:
sexta-feira, 24 de setembro de 2021
Resenha do livro Destinos desdobrados de Tere Tavares - Germina Literatura e Arte Por Krishnamurti Góes dos Anjos
Desdobramentos poéticos - Por Krishnamurti Góes dos
Anjos
É possível conciliar o espírito da poesia com as
formas da prosa? Foi pergunta semelhante, mas bastante esclarecedora, que
Charles Baudelaire considerado como o responsável por uma guinada decisiva na
poesia moderna, dirigiu em carta a um editor de seus textos, ali por volta de
1861: “Qual de nós, em seus dias de ambição, não sonhou com o milagre de uma
prosa poética, musical sem ritmo e sem rima, bastante maleável e bastante rica
em contrastes para se adaptar aos movimentos líricos da alma, às ondulações do
devaneio, aos sobressaltos da consciência?”.
Desde então e, cada vez com mais frequência, os
escritores(as) têm produzido uma escrita algo arbitrária, despida de
formalidades de composição, e com o espírito próximo da anotação íntima.
Parece-nos que um impulso reflexivo serve de meio condutor para despertar
imagens e ideias. E temos afinal, uma abordagem ao mesmo tempo lírica e
incomodada, atenta às subjetividades e ao mundo ao redor sem, no entanto,
deixar de estar relacionada com as qualidades da prosa; por isso mesmo,
apresentando tendências voltadas para acolher textos maiores – narrativos ou
não –, mesmo que procure fixar um olhar lírico sobre a realidade. As frases e
parágrafos acabam por supor uma dinâmica extensiva para o texto e as imagens
evocadas.
A palavra perde seus contornos unívocos, e torna-se
multisignificativa, irradiadora de significados variados. Com o andar da
leitura, percebe-se o caráter de prosa desses textos – presente em tênues fios
de enredos e nas conjecturas das personagens, interessadas em resgatar fatos e
sentimentos que envolvem o fio narrativo. Textos em prosas poéticas que
eventualmente, recorrem a figuras típicas da poesia, como a aliteração, a
metáfora, a elipse, a sonoridade das frases etc. Contudo, o emprego desses
elementos subordina-se ao ritmo mais alongado do discurso.
Destinos desdobrados, da escritora e artista plástica
Tere Tavares segue tal seara de fortes conotações poéticas embasadas na preocupação
com o humano e em refinado trabalho com a linguagem, que permitem considerar os
textos como prosa poética. Poéticos porque são textos que não se fecham num
sentido único, ao contrário, abrem-se ao final da leitura e apontam para o
infinito, para o futuro e para dentro do “eu”. Faz-nos meditar sobre o penoso e
solitário trabalho de aperfeiçoamento da consciência individual, conseguido
graças à contemplação atenta do mundo e à investigação minuciosa dos submundos
que compõem a alma. Trecho do texto “Maria Pedro”:
“Escrevendo
como se falasse, eu lhe permito confiar em dados diferentes, em escalas de
conflitos insuperáveis e frases finais. Ensino-lhe a ver a dor maior para que
ele sinta a sua dor diminuir. Abasteço-o com arquejos inéditos como um alfabeto
infinito, onde cada soluço propõe uma nova música. Ele se entretece nessa
leitura como um estudo de concordância às normatividades vibracionais
capturadas quando se cola os ouvidos ao chão fechando as pálpebras. Isso supera
avaliações de forma ou conteúdo. Eu lhe permito um sinal para outras
fronteiras, a interpretação mapeada das catástrofes desconhecidas, das
monumentais ideografias que completam a paisagem involuntária da sua própria
luz; bastam-me esses voos que evolam de mim por puro deslumbramento”.
Se alguns textos se recolhem ao silêncio de
confissões envolventes, outros guardam, todavia, uma atitude de provocação
libertária, sobretudo naqueles que, de alguma sorte, tocam no sentir feminino e
nas tantas e tamanhas violências que as mulheres ainda hoje padecem, e que ao
final das contas acabam por se constituir nas “lost voices” do mundo. E isto
percebemos já a partir do título da obra que se caracteriza por uma intenção
manifesta. Desdobramentos da alma feminina. Percebe-se nitidamente a centelha de
inquietação de uma prosa levada ao estado da poesia, mas sem abrir mão do plano
narrativo. Verdadeira simbiose entre os gêneros tradicionais. Alquimia entre
prosa e poesia.
Mas isto também se faz por uma tendência meditativa
que vai se acentuando e constituindo linha de força da produção da autora. O
pendor reflexivo desdobra-se num leque de muitas faces, afinal. E pode mesmo
prescindir da centralidade do sujeito lírico, articulando um ponto de vista que
se entremostra oculto sob um fluxo de frases impessoais, e de que são exemplos
flagrantes, textos como: “A feminina arte de nascer”, Notas de amor de uma
mulher em muitas”, “Hino às obras inversas”, “Deméter”, “Filhos de papel e
tinta”, “A arte não conhece o impossível” e “Sobre o filho de José”. Já na segunda
parte da obra sob o título de “Outros destinos ou ensaios dos fins” que, dentre
outros aspectos, foca no perpassar do tempo em nossas vidas, merecem destaque
textos profundamente reflexivos como o são, “Nada precisa ser perfeito”,
“Ensaio dos fins”, “Amulherquedesejaser” e “Translúcida”.
Para o espírito reflexivo interessam mais as
ambiguidades e torções de sentido; são mais adequadas as palavras da ironia, do
jogo de contrastes ou da liberdade associativa. Desvios que a linguagem poética
produz para se afastar do imaginário comum. Acionado pela força do detalhe ou
do objeto, por um ângulo ou por um gesto fortuito, o procedimento reflexivo
costuma recorrer aos valores elementares – sensações, sentimentos, percepções
–, com o propósito de expressar determinada condição. Qualquer coisa ou ser,
têm o poder de estimular os sentidos e produzir entrelace de imagens.
Saliente-se finalmente, que a atitude meditativa
que prevalece em boa parte dos textos não provoca necessariamente uma
depreciação do efeito poético. Ao contrário, essa mesma visão crítica recusa os
mecanismos sociais que banalizam a linguagem e continua desejosa de uma
expressão outra, em que seja possível uma linguagem pessoal e ao mesmo tempo
comprometida com a experiência vivida. Sem dúvida uma atitude geral que tende à
uma concepção Holística da vida, uma forma de se ver a si mesmo e de ver o
mundo e todos os seres de uma forma global, como um todo, onde tudo está
interligado, onde nada é isolado, tudo pulsa simultaneamente, onde o todo está
presente em cada parte. Não existe nada desligado, isolado. Uma maneira de ver
que cada ser humano está diretamente conectado com todos os seres humanos e com
todas as demais coisas do universo.
Num mundo que está passando por tão rápidas mudanças em todos os
sentidos, seja nos avanços tecnológicos, seja nos costumes e crenças, é de suma
importância adquirirmos uma visão ampliada e um entendimento maior da vida. A
autora ao caminhar rumo às sombras que existem no interior do ser e que guardam
os mistérios primordiais, aposta no profundo poder da arte para transformar o
indivíduo e incorporar poesia à vida humana, para que esta se transforme num
poema contínuo e numa encantada realidade. Positivamente soube urdir textos que
arrebatam o leitor numa torrente de símbolos, imagens e significados.
Krishnamurti Góes dos Anjos
Escritor e Crítico Literário
15/082021
sábado, 18 de setembro de 2021
Publicação de um conto de Tere Tavares - Revista Cultura-e
"Arte, literatura, cinema, música e filosofia no ciberespaço. CULTURA-E. Conhecimento no meio digital. Ao seu alcance". .
Conto "Prece" do livro Campos errantes - contos- Editora Penalux- 2018
Tere Tavares
link para leitura:
https://revistaculturae.com.br/prece/?fbclid=IwAR2AdMLJyOT1bmM3iSAWprU6kWTJcwfeti_C3RGvXer92QyjT2kpQHKITnU
Diário dos inícios, novo livro de poesia de Tere Tavares