O contraste.
Ou seria tudo invisível.
O contraste.
Ou seria tudo invisível.
Pré-agonia
Obras em exposição no álbum Tere Tavares desde 2015 na:
Álbuns de 1ª Bienal Virtual de Arte Contemporânea no Brasil
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A MINHA ADMIRAÇÃO PELO QUE FAZ EM AMBAS AS ARTES: A DA ESCRITA PROSA/POESIA. E A DO PINCEL E TELA UNIDOS À IMAGINAÇÃO DA AUTORA /ARTISTA.PARABÉNS.
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Rosas de Verão-2016- Aquarela - Tere Tavares |
Sim , o texto e o que o acompanha, a pintura, se harmonizam na
indefinição dos sentidos, na imanência do significado poético através do
recursos metafóricos espraiados ao longo da linguagem tornada prosa-poesia ou
poesia-prosa. Os enigmas das vozes que se ouvem se confundem entre si e
falam uma linguagem que só quem desfruta da captação do poético pode entender.
Um texto que equivale a um poema no qual as indeterminações são provocados por
sensações simbólicas várias e multifacetadas. Parece um espaço onírico, onde
beleza de formas e sentimentos afloram à superfície das águas oceânicas. Seu
texto é pura poiésis.
Esquece o desespero o desprezo. Esquece que te
desfolham. Esquece que a beleza tem a tez do esquecimento da esfera que se
desorienta de ti. Recorda apenas de esqueceres e finge que estás alegre como as
cordas de um piano. Lembra-te excessivamente que precisas de alguém que
carregue o teu semblante que não prescindes do teu querer para ser o que
quiseres. Torna finda a estrada o rito o ritmo a retórica a ingenuidade calada
dentro dos teus abutres anônimos. Lembra-te do rebanho que é tristeza é lividez
é mundo e anonimato. O misticismo. O minimalismo. Reconduz o fundo inescrutável
dos teus horrores quase canções e cais. Abandona a beleza estrada desespero
desprezo montanha ritmo rito canções cais mistério. Desesperada e exata é a
náusea. Imita Deus quando te deres conta que és rebanho destroçado por que
precisas das memórias alastradas no teu sangue mutilado na multiplicação
incontável que te tornaste. Sê mais a alma e menos quase e nada. Reafirma o teu
invólucro passageiro. Do ser da espera do erro da montanha do modo do para
sempre. Sê apenas. Por ti.
Do livro Diário dos inícios, Metanoia Editora, RJ, Selo Mundo Contemporâneo
Edições, 2021 – Tere Tavares
O seu texto-ensaio, Tere Tavares, anuncia um estilo de escrita muito
pessoal, que se poderia situar entre o espaço ficcional e o do ensaio
paramentado de energia poética. Tenho reparado no seu texto, este, por exemplo,
que ora estou lendo, que há algo inusitado na sua prosa/poesia na qual o
ritmo frasal, o recurso estilístico-sintático, apresenta uma a sucessão de
palavras ou frases encadeadas que subverte a regra da norma da pontuação em
língua portuguesa. Quero dizer, as frases ou palavras são plantadas na linha do
texto sem o sinal de pontuação que se esperava gramaticalmente, no caso, a
vírgula, provocando, assim, a novidade estilístico-fônica-rítmica. Decerto isso
mereceria um estudo mais profundo tomando o todo da obra em questão ou mesmo
vendo se tal ocorrência aparece em outros livros seus.
***
Aquisição do livro pode ser feita na Editora Metanioa, RJ pelo linkk abaixo:
https://loja.metanoiaeditora.com/diario-dos-inicios
As piores feridas são as invisíveis.
Fragmento do conto "Antigamente", Destinos desdobrados, contos, Ed. Penalux 2021