quarta-feira, 24 de março de 2010

ordenanças

foram as lágrimas
escaladas
que reconstruíram os meus olhos
de ausência e silêncio
de não obscurecer o tempo
que, ingrato, nubla de ansiedade a minha alma.
 
de que me valem os dias sem a obra-prima
deslizando do que não vê?
o esmero de haver a cor mais sublime
se é isento o céu que me vive?
 
encontro o vazio em toda a plenitude
e não tento, senão em vão
e insana, reencontrar-me em sua lição
isuportavelmente perfeita.
  •  

12 comentários:

Unknown disse...

" agrande realização
parece defeituosa
seu efeito não degenera
...
...
o repouso vence a agitação
o frio vence o quente."

Diz o Tao, que no momento de explicá-lo, ele não se materializa. Foge.

Posso dizer que o rastro que você encontrou é digno daquele mistério.

Beijos.

Madalena Barranco disse...

Ah, Tere, minha linda poetisa! É indefinível o que seus versos produzem em meu coração quando leio seu conjunto... As lágrimas são as marés da alma.

Beijos, com carinho
P.S. muito obrigada pelo seu comentário.

Joaquim do Carmo disse...

Boa noite, Tere e parabéns pela beleza de mais este trabalho - é sempre um gosto ler os seus poemas, um privilégio poder passar aqui alguns momentos tão agradáveis!
Beijinho

Ricardo Mainieri disse...

O vazio, antes de ser um estorvo, pode ser um desafio...
Nós permite olhar para dentro de nós e extrair, por exemplo, este poema.

Beijão.

Ricardo Mainieri

Salete Cardozo Cochinsky disse...

Tere
Dessa vez poética, que faz com que podemos ver o trânsito das "lágriamas", o que constitue o vazio, e o movimento de apropriar-se, tornando o trágico, o dolorido do humano em matéria prima para a arte e consequentemente um registro do que é "ser" na atualiade.
Beijos

antes blog do que nunca! disse...

Tere,

tudo vale a pena, quando se fala da alma e seus desejos mais profundos.

Que belo poema. Bem hajas!

1 Bj*
Luísa

Renato Torres disse...

Tere,

é bonito de ver como, em tua escrita, dão-se as mãos a poesia e a visualidade que buscas com a pintura. é uma espécie de poesia pictórica, que encontra correspondências inequívocas entre a brancura da tela virgem, e os vazios existenciais. aqui ou lá, a busca será sempre a mesma.

um beijo,

r

Tere Tavares disse...

Afáveis amigos, a interlocução com vocês é sempre agradável e edificante. Agradeço a todos.
Afetuoso abraço "too".

Ricardo e Regina Calmon disse...

MUITO BOM À CASA TUA RETORNAR MADRINHA E AMIGA QUERIDA!

SEMPRE LINDAS LETRAS EM POÉTICA TUA!

VIVA LA VIDA

luís filipe pereira disse...

Um poema, aparentemente disfórico, ao jeito de catábase, de descida às franjas do vazio, porém o vazio é promessa da construção,apelo à reordenação do caos, ao sofro da novidade criadora, ordenanças outras,

grato pela partilha,
filipe

Tere Tavares disse...

Ricardo, obrigada. Vida Viva!

Luis Felipe,
Sem esta outra perspectiva, o novo não teria motivos para instar, entre o que muda e o que emudece, sobram as palavras.

Abraço fraterno aos dois.

Ramosforest.Environment disse...

Tere,
Sentidos, sentimentos, sensações.
Busca do sentimento de viver.
Luiz Ramos