domingo, 26 de julho de 2015
Livro Entre as Águas na versão E-book
Honrada e agradecida à querida amiga Carmo Vasconcelos e ao amigoHenrique L. Ramalho, pela publicação, na íntegra, da versão ebook do livro "Entre as Águas" (Contos 2011) - Um duplo abraço de cá do Atlântico por esse presente maravilhoso. Para leitura basta acessar o site:
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/Escritores/TERE-TAVARES/TERE.htm
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Verted'ouro
![]() |
Van Gogh - Flor Jardim - 1888 |
Verted’ouro
Não és bom, nem és
mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
(Olavo Bilac)
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
(Olavo Bilac)
O sol continua a sumir por entre as pedras, com seus raios quase
entristecidos. As ondas se esparramam como anjos incansáveis. A mulher com nome
de flor ou de santa tinha a voz intensa, breve, e, principalmente risonha. Assemelhava-se
a uma evolução musical de suave atmosfera.
Não bastasse o canto, tinha o encantamento, o pleno exercício do querer,
aceitando o que não fora possível mudar. Pensava com o sentimento.
Seria um estado de beatitude elaborada para o inestimável
memorial das criaturas iluminadas. Descrevia o que sentia enquanto a outra forma
de si mesma escrevia o que pensava. Quando tudo cessava era o mirar do seu
pensamento sem olhos, nunca o seu sentir sem palavras. “Fui melhor quando não
fui eu”. Constatou ainda com dúvidas que o único meio de obter uma noção, mesmo
que mínima sobre o bem e o mal, é conhecer
as lágrimas com a compaixão de quem é capaz de sentir pelo outro o sofrimento e
a alegria.
Sua pretensa ingenuidade entrou instantaneamente noutro par de
olhos fixos na escuridão. Gostaria de
dizer que não mudara em quase nada e que estava até mais bonita, mais feliz.
“Os recados, às vezes, passam sem ruído, nem sempre cegos”, murmurou imaginando
que viria do infinito algum elfo para esvaecer a sua hesitante decisão.
Não conteve o impulso de retornar e preencher com delicadeza o
que carregaria para sempre no seu importante jardim sem importância.
Ainda que não soubesse, a engenharia das minudências soava
como um límpido cristal, permitindo um quase perfeito retrato, à distância, do
lugar onde estava. As mudanças invisíveis, enganadas, aparentemente
imóveis. Conduzia palavras como se
fossem água e sol, universos autônomos refrescados livremente nas
transparências.
Tentava dissuadir o berço de estrelas longínquas – ninguém é
capaz de tecer melhor sobre o acaso do que a fugaz eternidade que lhe conferiam,
a cada vez que, ingenuamente, as imaginava caladas.
“Com que amor me vive essa porção que me escapa. Sempre
soube que a escreveria e seria com a alma que não domino.” Murmurou no passo
que dava em direção de si mesma, como se aninhasse um segredo revelador. Na
dupla face que a tudo contorna, mesmo veladamente, havia um zelo
imprescindível. Os deuses possuem a mesma e inauferível dimensão que passa
invariavelmente pelo desejo, à presença de perpetuarem-se no âmago das
consciências e revolverem-se na imperfeição do que nunca morre. “Permaneço no
outro como sendo o meu árido exterior re-fletido numa solução inevitável. Com a
beleza párvoa de não estar em mim.”
Do livro "Entre as Águas" (prosa) 2011 By Tere Tavares
quarta-feira, 15 de julho de 2015
AQUAFÚRIA: UMA ANTOLOGIA DE POETAS SEDENTOS
"Lute pela Água. Lute pela vida".
Organização: Thiago Cervan
Apresentação: Carlos Eduardo Carneiro
Foto da capa: Laura Aidar
Julho de 2015
"AQUAFÚRIA: UMA ANTOLOGIA DE POETAS SEDENTOS"
Foto by Tere Tavares |
Da flor das fontes
Que brota num veio
Para assinar-te a sede
E pela sede ensinar-te
Que é da fonte a flor
Incolor e inodora
Que te olha
Que te molha
Que te água.
By Tere Tavares
Confiram as demais participações em:
http://issuu.com/thiagocervan/docs/aquafuria_uma_antologia_de_poetas_s
Download gratuito. Em PDF.
O Poema "Da flor das fontes" também está publicado na Revista Fénix Logos:
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L16/LOGOS16-SET2015-POESIA-65.htm
Publicação na Antologia Fénix Logos Julho 2015
Toda gratidão e apreço à Carmo Vasconcelos e Henrique L. Ramalho pela publicação na Revista Fénix-Logos, Número 15, edição de Julho/2015.
Cumprimentos a todos os autores(as) participantes.
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L15/LOGOS15-JUL2015-TEXTO_22.htm
Ao relevo submisso do espelho admitiu sem negações outra de si. Sem expressão de noções ou julgamentos. Sem mágoas ou amarguras, isenta de culpa por talvez destroçar-lhes quaisquer ressentimentos. Alegrou a tristeza no segmento de um objetivo ou de um objeto para tudo o que suportava. Intrometeram-se luminescências que se fecharam abertamente nos florescimentos vindos de fora. E persistiam em diversos murmúrios. Como os dias iguais a todos os dias que ainda submergiam numa loucura feliz. Um acesso exterior e nada para partilhar, apesar do convite – o temor é perdedor assíduo da indiferença – a pior forma de amor que há.
A malha da insônia seria o anzol fosforescente do corpo indefeso. Perto dali morava um cedro cinqüentenário, um canto de corruíra, uma cerejeira onde alguém, com muito zelo, reservara sementes para lhe dar.
Afagou-lhe as pálpebras, os anéis dos cabelos, a face, as formas de pérola. No seu abraço permitiu-lhe o abandono seguro de quem se sente amado. Incondicionalmente. O quarto sempre à sua espera, o quadro de tulipas pousando no coração azulado entre as paredes claras, o ensejo rosado a esperar-lhe o gosto singular, lençóis de algodão perfumados de maciez maternal. Uma ingênua liberdade toldava-lhe a tristeza adormecendo para reconfortar-se no amanhã, com um sorriso corajosamente inesquecível. Sobre uma luz difusa entre singelezas de fogo repetiu como uma canoa flutuante o langor que se perdera numa erva antiga, a cantiga que previa inteira e só por aquela noite a procurara como se soubesse não tê-la. “O inesquecível é o amor que sobra. Para algumas, e só para algumas coisas, que são para sempre.”
Aqueles olhos eram loucos e surdos. E eram também aqueles ouvidos com olhos. Porque há ouvidos cegos e fragores inaudíveis com olhares: E olhos mudos e lábios olhando as profusões invisíveis ao tato. O paladar pênsil do gesto sem lábios. Olhar sápido de olivas. E oliveiras repletas de retinas tocando o sol com brumas, com mãos de vinho... “que misteriosos olfatos escondeis além de vós? Precisarei de todos os sentidos ao mesmo tempo.” Ouviu um perfume qualquer que seu coração reconheceu, tocou-o de forma irreversível na escuridão, na proximidade ausente do momento que a prendia até que surgissem os delineamentos de consciência e subconsciência, o desconhecido perguntando se poderia resumir-se. Não com uma resposta qualquer. Tampouco com o retrocesso.
Sobrava-lhe o nada para expressar o mínimo, e não expor estranhamentos a caberem uns dentro dos outros – primaveras com floradas de gelo, verões sendo outonos mornos, invernos de calor a nevar no tropeço das nuvens. As oliveiras misturadas aos sândalos e madressilvas. Flores de laranjeira deslizando pelo tempo, entre as asas dos melros... um mero truque da imaginação, a memória talvez nem sua que se seguia por séculos.
E desse olfato surdo vê a completude indefinida em fractais. Nem tão abstratos assim, a imaginação do gosto lhe saliva a boca. “Não se lembrem de Pavlov. Houve uma vez em que me dei sais. Depois açúcares. Não há nada ou ...talvez alguma coisa aja fora de mim. Vejo novamente quando ouço e novamente toco quando olho. Outra vez me ouço quando degusto. E novamente me alimento quando tudo se mistura nesse inesgotável recurso de meia-estação.”
Multiplicou-se com rebeldia e graça por todas as frações da luz – no colo do ar e do tempo, como as areias juvenis... fecundando-se indefinidamente em oceanos pautados por um eco outro, do outro lado. O lado de dentro.
(do meu livro "Entre as Águas" publicado em 2011)
Tere Tavares
Cascavel - Paraná, Brasil
http://m-eusoutros.blogspot.com.br/
Cumprimentos a todos os autores(as) participantes.
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L15/LOGOS15-JUL2015-TEXTO_22.htm
COMO SABES
"TÍMIDO COMO UMA CRIANÇA. SOU IGNORANTE"
Por Tere Tavares
"O inverossímil em matéria de sentimentos é o sinal mais seguro da verdade."
(Liev Tolstói).
"TÍMIDO COMO UMA CRIANÇA. SOU IGNORANTE"
Por Tere Tavares
"O inverossímil em matéria de sentimentos é o sinal mais seguro da verdade."
(Liev Tolstói).
Ao relevo submisso do espelho admitiu sem negações outra de si. Sem expressão de noções ou julgamentos. Sem mágoas ou amarguras, isenta de culpa por talvez destroçar-lhes quaisquer ressentimentos. Alegrou a tristeza no segmento de um objetivo ou de um objeto para tudo o que suportava. Intrometeram-se luminescências que se fecharam abertamente nos florescimentos vindos de fora. E persistiam em diversos murmúrios. Como os dias iguais a todos os dias que ainda submergiam numa loucura feliz. Um acesso exterior e nada para partilhar, apesar do convite – o temor é perdedor assíduo da indiferença – a pior forma de amor que há.
A malha da insônia seria o anzol fosforescente do corpo indefeso. Perto dali morava um cedro cinqüentenário, um canto de corruíra, uma cerejeira onde alguém, com muito zelo, reservara sementes para lhe dar.
Afagou-lhe as pálpebras, os anéis dos cabelos, a face, as formas de pérola. No seu abraço permitiu-lhe o abandono seguro de quem se sente amado. Incondicionalmente. O quarto sempre à sua espera, o quadro de tulipas pousando no coração azulado entre as paredes claras, o ensejo rosado a esperar-lhe o gosto singular, lençóis de algodão perfumados de maciez maternal. Uma ingênua liberdade toldava-lhe a tristeza adormecendo para reconfortar-se no amanhã, com um sorriso corajosamente inesquecível. Sobre uma luz difusa entre singelezas de fogo repetiu como uma canoa flutuante o langor que se perdera numa erva antiga, a cantiga que previa inteira e só por aquela noite a procurara como se soubesse não tê-la. “O inesquecível é o amor que sobra. Para algumas, e só para algumas coisas, que são para sempre.”
Aqueles olhos eram loucos e surdos. E eram também aqueles ouvidos com olhos. Porque há ouvidos cegos e fragores inaudíveis com olhares: E olhos mudos e lábios olhando as profusões invisíveis ao tato. O paladar pênsil do gesto sem lábios. Olhar sápido de olivas. E oliveiras repletas de retinas tocando o sol com brumas, com mãos de vinho... “que misteriosos olfatos escondeis além de vós? Precisarei de todos os sentidos ao mesmo tempo.” Ouviu um perfume qualquer que seu coração reconheceu, tocou-o de forma irreversível na escuridão, na proximidade ausente do momento que a prendia até que surgissem os delineamentos de consciência e subconsciência, o desconhecido perguntando se poderia resumir-se. Não com uma resposta qualquer. Tampouco com o retrocesso.
Sobrava-lhe o nada para expressar o mínimo, e não expor estranhamentos a caberem uns dentro dos outros – primaveras com floradas de gelo, verões sendo outonos mornos, invernos de calor a nevar no tropeço das nuvens. As oliveiras misturadas aos sândalos e madressilvas. Flores de laranjeira deslizando pelo tempo, entre as asas dos melros... um mero truque da imaginação, a memória talvez nem sua que se seguia por séculos.
E desse olfato surdo vê a completude indefinida em fractais. Nem tão abstratos assim, a imaginação do gosto lhe saliva a boca. “Não se lembrem de Pavlov. Houve uma vez em que me dei sais. Depois açúcares. Não há nada ou ...talvez alguma coisa aja fora de mim. Vejo novamente quando ouço e novamente toco quando olho. Outra vez me ouço quando degusto. E novamente me alimento quando tudo se mistura nesse inesgotável recurso de meia-estação.”
Multiplicou-se com rebeldia e graça por todas as frações da luz – no colo do ar e do tempo, como as areias juvenis... fecundando-se indefinidamente em oceanos pautados por um eco outro, do outro lado. O lado de dentro.
(do meu livro "Entre as Águas" publicado em 2011)
Tere Tavares
Cascavel - Paraná, Brasil
http://m-eusoutros.blogspot.com.br/
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Trânsfuga
![]() |
Foto By Tere Tavares |
Trânsfuga
No infinito das folhas, nas sombras, não sei de ti as arestas acesas, conversas entre amigos sobre a razão de viver, tu, o rosto torturado e perdido por detrás do nariz, espreguiças sinais de fogo à camilha, o algarismo que temos no intelecto, como objeto.
Cupidos dorminhocos acordam ao teu lado amores de papel, a tentação, como diria a réplica menos indigna e sem convicções, deitas por terra um ferimento profundo, uma acha de zelo para o que míngua.
O homem de casaco amarelo engana os tolos, as novas maneiras de ver se houve Adão ou Eva, ateístas controversos, metrópoles de caos e técnica, como se mestres morressem a cada segundo.
Enquanto quase me ajoelho – às vezes pecas e nem desces do salto – não sei se devo agradecer, longe de mim, gosto, não gosto, é assim que eu fico, baba de caracol, borboleta adestrada. Porque morta. Como esse escorpião que trazes amarrado.
do livro "Entre as Águas" (2011) By Tere Tavares
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Minha participação na Revista Soletras
Honrada e agradecida à Revista Soletras e, em especial, ao escritor Lino Mukurruza
pela iniciativa de propor-me essa entrevista. que consta nas páginas 7 e 8 da " Revista Soletras" edição de junho de 2015. Segue aqui:
Para leitura da revista na íntegra, em PDF, basta clicar no link a seguir:
https://www.dropbox.com/s/2yez527wsyk7wmg/SOLETRAS%20JUNHO%20DE%202015.pdf?dl=0
pela iniciativa de propor-me essa entrevista. que consta nas páginas 7 e 8 da " Revista Soletras" edição de junho de 2015. Segue aqui:
Ela é brasileira, pintora, escritora e,
acima de tudo, autodidacta. Formou-se em literatura por gosto e prática e
publicou o seu “Flor essência” – um livro naturalista, a avaliar pela forma
nostálgica como os elementos da Natureza são percepcionados pelo sujeito
poético. Alias, há uma espécie de cumplicidade entre a autora e o meio, tanto
que se confunde o sujeito da escrita: se o meio, se a autora ou ambos. Chama-se
nada mais nada menos que Tere Tavares, autora com quem mantivemos uma conversa,
a qual lhe apresentamos a seguir.
Soletras:
Como é que entra
para a escrita? Há alguma influência particular para tal?
Tere: Não há uma exactidão quanto aos
começos. Porém, desde a infância me sentia atraída pelos livros; cheguei a
ganhar alguns concursos de redacção na escola. A escrita em si, repousava em
outras exigências e, entre um e outro intervalo, ganhava substância. De muito
gostar, ler e observar, nasceram os primeiros poemas, em distintos períodos. Quanto
às influências, gosto de muitos autores, como Carlos Drummond de Andrade,
Cecília Meireles, Macedônio Fernandez, Roa Bastos, Fernando Pessoa, Vinícius de
Moraes, Marcel Proust, Eduardo Lacerda, Demetrios Galvão, Marco Aqueiva, Cora
Coralina, Clarice Lispector, Robert Musil, Marcelo Novaes... a lista é longa,
mas encurto o caminho, dizendo que caminhei por entre inúmeros autores e
autoras, dos clássicos aos contemporâneos, de que gosto muito. Perfazendo um
somatório ao que possuo de vicissitudes, cheguei, digamos, até um ponto que não
tem um término, visto que, é constante o buscar e o experimentar.
Soletras:
O que representa
a escrita para si?
Tere: A princípio, vejo-a como uma
necessidade de comunicação, uma forma de expressão do pensamento e das ideias.
Um aprofundar-se numa fonte de vida intensa e repleta. Um modo peculiar de
entendimento e autoconhecimento. Um encontro comigo mesma e com os outros. Não
pretendo representar nada que vá além do que os meus leitores possam extrair da
minha escrita.
Soletras:
Na sua poética,
notamo-la tão próxima à Natureza (amor íntimo a residir em si), temática nova
não diríamos, diferente sim! Quer comentar?
Tere: Amo a Na t u r e z a . E quando
escrevo, de algum modo, a Natureza também escreve: como se tivéssemos um pacto.
Respeito muito isso.
Soletras:
Fala de pássaros
como fosse uma ave, alguma canção para os pássa-ros, as flores, as águas e o
intimo e/ou mar?
Tere: A vida é um voo, um mar, um jardim,
uma canção. As notas dessa múltipla partitura se diversificam para unirem-se
num grande mosaico de palavras, onde todas as formas de vida se perfilam,
dançam e confluem.
Soletras:
Lidos alguns dos
seus livros, sentimos algumas umas proximidades neles: a mesma fluidez,
sobretudo na descrição, quer na poesia como na prosa (muita imagem, técnica
impar, criação individual). Algum segredo nisso?
Tere: A criação decorre dos sentires e
visões que vou percebendo ao meu redor. Sou artista plástica, talvez, advenha
disso uma certa habilidade de pintar com as palavras. No mais é tudo fluência
criativa sem segredos nem artifícios.
Soletras:
Pode partilhar a
sua experiência de ser escritora?
Tere: No fundo, eu ainda não me sinto
totalmente madura como Escritora. A Literatura requer estudos constantes,
viagens noutros e diversos mundos que vão para além das perspectivas,
perpassando o próprio ser. Sigo experienciando. Sem ater-me a cânones,
academicismos ou técnicas. Simplesmente escrevo pelo prazer de escrever.
Soletras:
Sente-se na sua
poética uma semelhança técnica (descrição), quando comparada com a de Núria
Masot (em “A sombra do templário”). É uma simples coincidência?
Tere: Confesso que desconheço, pelo
menos até ver o nome nessa pergunta, a escritora Núria Masot, seu livro e sua
técnica. Tenho certeza então que se trata de coincidência, até por que não me
atenho, como afirmei na pergunta anterior, a qualquer técnica pré-estabelecida.
Soletras:
Como é que olha
o mundo através da escrita?
Tere: Como uma forma de ampliar
horizontes e conhecimentos. Com abrangências múltiplas e amplitudes inimagináveis.
Com limitações também, vezes inúmeras. Há momentos em que penso serem os olhos
do mundo que me apanham e me dão palavras. Escrever alarga o meu mundo e a
minha vida. Lanço-me então nessa busca contínua e incansável.
Soletras:
“Há no livro
muitos outros segredos nos convidando a serem explorados com cuidado…” (diz o prefaciador
do seu Flor Essência). Quais são esses segredos?
Tere: Digamos que há fios de invisibilidade
em cada linha que se lê, independentemente de quem a escreveu ou escreve. Não
há nada de intencional nisso, como também, e não há como negar, que existe a
pluralidade na sintaxe, um quê de subjectividade que se propõem às aberturas do
pensamento: eu não chamaria isso de segredo ou mistério, mas antes de pistas,
de insights e signos justapostos a formarem um conjunto no qual o leitor dirá
de si mesmo. ante a leitura que o captura justamente por esses fios, não
sobrando mais nada ao escritor.
Soletras:
Você tem entrado
em contacto com alguns livros de autores moçambicanos. Quais? Pode comentar
essa experiência?
Tere: Conheço algo da escrita do jovem
Lino Mukurruza, versos auspiciosos que li no Facebook, no qual reconheço um grande
potencial literário, notadamente na sua poesia. Posso dizer que é um trabalho
de alto nível, muito promissor. Através de Lino Mukurruza, também conheci a
“Revista Soletras” edição em PDF, onde li o José Craveirinha, um grande poeta
moçambicano.
Posso
dizer que essa experiência é, para além de enriquecedora, uma grande abertura
de horizontes. É imenso saber-se lido e ler escritores de outros continentes.
Uma prova a mais de que a arte, essencialmente a Literatura, não conhece
fronteiras.
Soletras:
Há muitos
autores moçambicanos, sobretudo jovens, que vêem no Brasil uma oportunidade
para se lançarem na escrita. É realista esta percepção?
Tere: As oportunidades
existem, sempre, para todos. Galgá-las, porém, materializando um ideal ou um
objectivo, é outra questão. Se houver qualidade, persistência, esforço e um
pouco de sorte vejo que é muito possível a esses jovens autores realizarem seus
sonhos e virem a ser publicados não apenas no Brasil, mas em outros países
lusófonos.
Por Lino Mukurruza
Lino Mukurruza
(Moçambique) Lino Mukurruza (pseud.). Lino Sousa Mucuruza, moçambicano. Publicou “Vontades de partir & outros desejos” – Poesia. (FUNDAC, 2014), “Almas em tácitas” – Poesia (LUA DE MARFIM, 2015) Colabora em diversas revistas, nacionais e internacionais, só para destacar algumas: (“PIRÂMIDE”, “SOLETRAS”, “LITERATAS”, “CORREIO DA PALAVRA” – Revista da ALPAS 21, “XITENDE”, “SINESTESIA” Caderno literário “PRAGMATHA” entre outras). Consta nas antologias poéticas “CLEPSYDRA” – Coordenada pela poeta Gisela M. Gracias Ramos Rosa - (COISAS DE LER, 2014), “À FLOR DA ALMA” – Coordenada pela poeta Sandra Ferrari Radich Fresa - (SOL, 2014) “Vozes do Hiterland” (Letras de Angola, 2014), “PREMONIÇÕES” – (LUA DE MARFIM, 2015), “POEMA-ME” (LUA DE MARFIM, 2015), “POESIA DE PINTAR E SER FELIZ” (LUA DE MARFIM, 2015) na 12 Volume da antologia “LOGOS” (Janeiro, Fevereiro 2015), foi vencedor mencionado e participa na antologia do XXX prémio mundial de poesia “NÓSSIDE” 2014. Vencedor em segundo lugar do 2º Concurso de Literatura da Academia de Letras, Artes Ciências de Brasil (ALACIB). Vencedor em 3º lugar do concurso internacional de literatura ALPAS 21 “a palavra do século” (Brasil, 2015). Actualmente cursa Português na Faculdade de Ciência da Linguagem, Comunicação & Arte da Universidade Pedagógica (Niassa) igualmente membro de direcção (tesoureiro) do Clube de Escritores Poetas & Amigos de Niassa (CEPAN).
Para leitura da revista na íntegra, em PDF, basta clicar no link a seguir:
https://www.dropbox.com/s/2yez527wsyk7wmg/SOLETRAS%20JUNHO%20DE%202015.pdf?dl=0
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Sobre lagartas e borboletas - Poema e Participação
![]() |
Foto de Marcelo Gallep |
Tere Tavares
Sou uma abelha, cuja colmeia é de letras melífluas. Sempre que um
novo
favo de folhas se enfeixa, o chamo de livro, e de livros faço
enxames. Não
me furto ao alimento que me é primordial à vida: escrevo, com cera
resinada
de flores e chuvas, as caixinhas, onde, repartida e inteiramente, me entrego aos que gostam de virar páginas e colher palavras, como néctares para a alma.
Máscara Brasileira
Não definiu a
proposta
As formas mais
simples.
O que governa
Não escreve a boa
tradição.
Na atualidade
E desde sempre
Faz muito tempo
Não é o verdadeiro
eu que conta
Antes a concepção
mais falsa
Do que deveria ser
honestidade.
Canta o povo
Dança seu coração
Não obstante
De novo
Canta o povo
Dança seu coração
Sua alma se perde
E não tem que mudar por
obrigação
E ainda pode mudar seu tortuoso
caminho
Com seu grito de asas abertas
De inconformismo
Carátula Brasileña
No definió la
propuesta
Sensilamente las
formas.
Lo que gobierna
No escribe la buena
tradición.
En la actualidad
Y desde siempre
Hace mucho tiempo.
No es el verdadero
yo que cuenta
Si no la más falsa
concepción
De lo que debería
ser honestidad.
Canta el pueblo
Baila su corazón
Sin embargo
De nuevoCanta el pueblo
Baila su corazón
Su alma se pierde
Y él no tiene que cambiar por
obligación
Y todavía puede cambiar su
estorbado camino
Con su grito de alas abiertas
De no conformidad.
Tere Tavares
O e-book SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS já está disponível para venda no site da livraria Saraiva. Adquira seu exemplar clicando no link abaixo:
http://www.saraiva.com.br/sobre-lagartas-e-borboletas-8893578.html
A renda obtida será revertida para Ong Mano Down.Lançamento oficial no sábado, dia 27 de junho, o dia inteiro... compareça: https://www.facebook.com/sobrelagartaseborboletas?fref=nf
Mais detalhes:
SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS
Do “Projeto do Ovo ao Voo” idealizado pelas poetas Adriana Aneli, Adriane Garcia, Chris Herrmann e Maria Balé nasce o e-book “SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS”.
São 75 poetas, de várias idades, estilos e países reunidos com o objetivo de construir visões múltiplas sobre o tema “transformação”.
De sonetos a improvisos repentistas, da prosa poética ao rapper, a liberdade lírica dá o tom à obra e ao exercício poético: desafio e superação, medo e coragem, desejo e libertação.
O livro recebe o selo TUBAP Books, prefácio de Chris Herrmann, projeto gráfico de João Baptista da Costa Aguiar e Angela Mendes, com ilustrações inéditas da artista plástica mineira Cristina Arruda.
A surpresa fica por conta das biografias dos poetas, narradas a partir dos olhos dos insetos que os representam.
A renda obtida com a venda do livro será totalmente revertida para o projeto social MANO DOWN, entidade sem fins lucrativos que promove, através da visibilidade, a igualdade social, para que as pessoas com down e outros deficientes tenham liberdade para dirigir a própria vida.
O Lançamento virtual do livro "SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS", acontece na rede social Facebook no dia 27 de junho de 2015, durante todo o dia, com bate-papo e participação de todos os autores em página criada especialmente para divulgação do projeto, uma oportunidade para discutir literatura com professores, escritores, jornalistas, músicos e premiados artistas:
https://www.facebook.com/sobrelagartaseborboletas?ref=hl
O livro já está à venda pelo site da Livraria Saraiva:
http://www.saraiva.com.br/sobre-lagartas-e-borboletas-8893578.html
Autores:
Adri Aleixo, Adriana Aneli Costa Lagrasta, Adriana Elisa Bozzetto, Adriane Garcia, Afobório Feito de Carniça, Alberto Bresciani, Albino Alves, Alessandro Dornelos, Alexandre Guarnieri, Ana Elisa Ribeiro, Anahí Celeste Cao (Argentina), Bianca Velloso, Caetano Lagrasta, Carlos Magno, Carlos Moreira, Carlos Ventura (Suíça), Carminha Mosmann, Cely de Ceci, Chris Herrmann (Alemanha), Clauco Oliveira, Claudinei Vieira, Claudio Castoriadis, Cris Arruda, Diovani Mendonça (diÔ), Edmilson Felipe, Félix Coronel, Fran Nóbrega, Gabriel Resende Santos, Germana Zanettini, Germano Quaresma, Inês Monguilhott, Iracema Machado, Janet Zimmermann, Jô Diniz, Jorge Nagao, José Couto, José Reginaldo, Lázara Papandrea, Leila Silveira, Líria Porto, Lou Albergaria, Lourença Lou, Luciana do Rocio Mallon, Luciane Lopes, Luís Augusto Cassas, Luiz Gondim, Mag Faria, Maite Voces Calvo, Maria Balé, Mariana Queiroz, Marília Lima, Marina Bozzetto, Marcelo Adifa, Marcelo Moro, Marcos Magoli, Marcus Fabiano, Nil Kremer, Norma de Souza Lopes, Paulo Bentancur, Paulo de Toledo, Paulo Guilherme, Paulo Magalhães, Paulo Paterniani, Rogério Miranzelo, Seh M. Pereira, Sonia Salim, Suzana Pires, Tania Amares, Tejo Damasceno, Tere Tavares, Thiago Prada, Vera Molina, Wander Porto, Winston Morales Chavarro e Zeca Jardim.
Agora o livro "SOBRE LAGARTAS E BORBOLETAS' , numa estação de felicidade, ganhará também a versão impressa que começará a circular a partir de Agosto de 2015. Não fique sem o seu exemplar:
EXTRA! EXTRA! "Asas formadas, a borboleta está pronta para sair do casulo em forma de obra de arte: SIM nosso livro vai ganhar versão impressa!!!
Com selo editorial da Scenarium, teremos uma edição artesanal, com exemplares numerados e costura oriental.
Conheça o trabalho de Lunna Guedes:
https://scenariumplural.wordpress.com/
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Adágios
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Coletivo Marianas
Estamos no "Coletivo Marianas" com nossos livros e nosso trabalho:
http://www.coletivomarianas.com
https://www.facebook.com/coletivomarianas/photos/a.772421539538944.1073741828.772398766207888/792837640830667/?type=1&__mref=message_bubble
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.776234649157633.1073741831.772398766207888&type=3
http://www.coletivomarianas.com
https://www.facebook.com/coletivomarianas/photos/a.772421539538944.1073741828.772398766207888/792837640830667/?type=1&__mref=message_bubble
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.776234649157633.1073741831.772398766207888&type=3
terça-feira, 16 de junho de 2015
Sobre lagartas e borboletas
É com muita alegria que vejo a concretização desse belíssimo projeto. Parabenizo e agradeço aos organizadores(as) pelo resultado. Que asas, todas asas, seja e haja sempre. Parabéns também à todos os autores(as) e à ilustradora Cristina Arruda. Sucesso e felicidades, sempre. Abraço.
"Tere Tavares é uma das 75 poetas participantes do livro Sobre Lagartas e Borboletas... e vem na ala internacional! Bom voo, Tere!!!"
"Tere Tavares é uma das 75 poetas participantes do livro Sobre Lagartas e Borboletas... e vem na ala internacional! Bom voo, Tere!!!"
--------------------------------------------------------------------------
Obrigada! Obrigada!
Link para a Fan Page no Facebook: https://www.facebook.com/sobrelagartaseborboletas?fref=photo
terça-feira, 26 de maio de 2015
Em nome de alguém
![]() |
Decisão - ost - 20x40cm 2007 by Tere Tavares |
Em nome de alguém
Onde entrelinhas se entrelaçam
formando nebulosas, autenticidades
tanto estranhas quanto lúcidas,
tanto verdadeiras quanto subjetivas,
diretas como evidentes
Seriam videntes os poetas,
nas gretas das metáforas,
difusões escudadas em palavras,
velados no desvelo de crerem-se relevos num quase nada,
quase pássaros, num esvoaçar indeciso de silêncios,
quase mundos, quase horizontes, beija-flores.
Não se encontra ninguém para enviar um poema,
haverá quem o queira?
Então se o devolve
não intacto
mas com o tato branco da mão que o exercita e o crê,
num ato breve, fora do tempo,
que o espera folhear-se num qualquer livro,
num luzir de escuridão.
formando nebulosas, autenticidades
tanto estranhas quanto lúcidas,
tanto verdadeiras quanto subjetivas,
diretas como evidentes
Seriam videntes os poetas,
nas gretas das metáforas,
difusões escudadas em palavras,
velados no desvelo de crerem-se relevos num quase nada,
quase pássaros, num esvoaçar indeciso de silêncios,
quase mundos, quase horizontes, beija-flores.
Não se encontra ninguém para enviar um poema,
haverá quem o queira?
Então se o devolve
não intacto
mas com o tato branco da mão que o exercita e o crê,
num ato breve, fora do tempo,
que o espera folhear-se num qualquer livro,
num luzir de escuridão.
Poema do livro "A Linguagem dos Pássaros" Editora Patuá 2014.
Tela; Decisão 20x 40cm - 2007 -By Tere Tavares
terça-feira, 19 de maio de 2015
Publicação na Antologia Fénix Logos Maio 2015
Estou nessa Antologia "FENIX" LOGOS Maio 2015, organizada pelos escritores portugueses Carmo Vasconcelos e Henrique Lacerda Ramalho. Agradeço muitíssimo a ambos, e ao meu amigo e poeta Lino Mukurruza de Moçambique. Há muita poesia e prosa aqui.
Basta clicar na imagem e passear; com os olhos atentos.
http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/L14/LOGOS-14MAI-2015-POESIA_51.htm
ALGUÉM QUE, COM UM ACONTECIMENTO, SONHA
Tere Tavares |
Fico pensando
O quanto faria sem essas intermináveis cicatrizes. Silencio-me no unguento das folhas de dente-de-leão para afagar a ferida. Faço, do cataplasma, um prato gourmet. Deito-me num leito estreito onde toda minha dificuldade afunda. Escrevo porque sinto [somente a palavra me suspende] Então consigo sumir. Ir sumindo. Espero que o dia passe. Repasso a minha vontade. O jugo de sempre, os desperdícios involuntários, os exercícios da inaptidão. Sinto o peso de não ter peso. Sinto vergonha e revolta. Sinto vergonha por sentir revolta e vergonha. Sinto que não há volta, não há retorno. Em torno de mim a jornada se apaga com o sol posto. A lua beija o meu sono e as estrelas consomem meu cansaço. E esse braço, e esses sonhos todos que criei, Não morrerão antes que as minhas mãos os afaguem. Antes que meus olhares sejam totais. Acredito e evito enlouquecer. Sinto pena do que poderia ter sido. Sinto pena do que poderia ser. Sinto o que é. Sinto com a proscrição, por saber que, de algum modo, Tudo será, e tudo terá sido. Assustadoramente belo [Como eu sem mim] Num sem tempo [Talvez] Noutro tempo que não esse. |
Tere Tavares
Cascavel - PR- Brasil |
domingo, 17 de maio de 2015
Marinheiro Só - Guache sobre Papel
![]() |
Marinheiro Só - Guache sobre papel - By Tere Tavares |
Palavras que recebi da amiga e integrante da Diretoria Sônia Regina Spengler Xavier:
"Obrigada a você Tere Tavares, colocaremos moldura nesta obra e fará parte do acervo cultural do Jardim Maria Luiza. "A oportunidade é o caminho pra quem tem talento", parabéns, e com certeza ver nascer uma obra é um momento único!!! Que Deus sempre lhe abençoe! Um grande abraço"!
sexta-feira, 15 de maio de 2015
"Criação Essencialmente"- Resenha do livro Flor Essência
Por Lino Mukurruza
Flor essência. Neste livro de apenas 96 páginas, Tere Tavares (amiga escritora e poeta, Brasileira) confirma aquilo que tenho dito nos últimos dias, «os modelos são todos para todos». Odeio os ensaístas que têm a tendência para comparar uma escrita com a outra. Toda a escrita que não seja plagiadora é singularmente de quem cria. Por mais que haja imagens criacionais numa, assim como na outra letra é patético igualmente inserir um poeta ou escritor no feto pronto, ou imagens semelhantes. Tere Tavares concebe a sua escrita com uma perfeição ao nível da língua, letra-poética, imagens tinta e voz. Tornando a sua escrita para o leitor “ecrã” de projecção cinematográfica. Neste caso, o leitor vem ver nesta escrita o mínimo e a essência dos objectos que ela descreve sobre a sua agradável letra: “a lagrima não diz/ o rio que me percorre/ nem o riso me define / … a nudez é/ sempre forte demais/ na continua fluência/ de buscar o íntimo mistério”. Tere Tavares emociona e apaixona o leitor, leitor que dá significação aos mínimos detalhes da escrita e da letra, dos exercícios e da prática, da arrumação e da perfeição: “as coisas que digo/ não me dizem/ já as que calo me contam …”. Há um descrever muito íntimo e profundo que só uma poeta madura, como Tere Tavares, nesta escrita pode fazer: madura? Eu não disse madura, talvez esteja equivocado entre os radares desta letra, cuja semente foi lançada pela Tere Tavares “… Tua saia toda vida/ toda sorte o teu seio/ e branca toda lágrima que molhasse a boca/ das flechas que atiras ao destino”. Há igualmente um exercício que é muito importante em criação da letra literária, em particular a poesia: “a abelha chegou/ bebeu o néctar da flor de limoeiro/ vestiu-se de me// o pássaro chegou pousou no galho em meio aos espinhos vestiu-se de ninho// homem … vestiu-se de mel/ … ninho/ … limoeiro”. Tere Tavares não só é poeta e/ou escritora, é também “gostadora” de palavras de forma mestra e especial: “noiva do sol/ veste-se de olhos negros/ núpcias da noite”: esta poeta é concreta! Isso sim, caracteriza a sua escrita singular, pelo menos neste livro, que para mim livro não sei se é (isso transcende o ser livro), mas autêntica viagem. Talvez se justificado pelo facto da mesma poeta Tere, para além de pintar em telas de papéis, igualmente em telas de tinta plástica (arte): “sou incapaz/ de chorar uma lágrima de cada vez/ vejo-me cachoeira/ chorando todas as chuvas juntas/ e a cada poente/ tépido … no anseio de um sonho ressôo”. Esta escrita inspira e ensina não a escrever, mas a pintar imagens lindas e perfeitas quando o jogo na escrita ganhar outro conceito como “aprimorar” a beleza, e o gongorismo desta perfeição erra apenas o que é: “o sol vermelho/ acalma o horizonte/ fico assim/ a perder-se no avesso do dia/ até que a unidade de um sopro me contemple” nesta mesma escrita, para além do amor ao mínimo do concreto das coisa(S?), existe igualzinho a essência de preferência e aqui eu me encontro: “a madrugada é mãe santa/ traz flores silvestres/ as únicas que valem apena” esta poeta também gargalha a letra sem limite. A letra fica frustrada e ri-se com ela e volta a estar furiosa. Contudo, Tere Tavares é uma das poucas escritoras com estas características, até porque não pretendo comparar! Comparar, comparar o quê?
Lino Mukurruza
Lichinga, Moçambique, 04 de Maio 2015
Flor essência. Neste livro de apenas 96 páginas, Tere Tavares (amiga escritora e poeta, Brasileira) confirma aquilo que tenho dito nos últimos dias, «os modelos são todos para todos». Odeio os ensaístas que têm a tendência para comparar uma escrita com a outra. Toda a escrita que não seja plagiadora é singularmente de quem cria. Por mais que haja imagens criacionais numa, assim como na outra letra é patético igualmente inserir um poeta ou escritor no feto pronto, ou imagens semelhantes. Tere Tavares concebe a sua escrita com uma perfeição ao nível da língua, letra-poética, imagens tinta e voz. Tornando a sua escrita para o leitor “ecrã” de projecção cinematográfica. Neste caso, o leitor vem ver nesta escrita o mínimo e a essência dos objectos que ela descreve sobre a sua agradável letra: “a lagrima não diz/ o rio que me percorre/ nem o riso me define / … a nudez é/ sempre forte demais/ na continua fluência/ de buscar o íntimo mistério”. Tere Tavares emociona e apaixona o leitor, leitor que dá significação aos mínimos detalhes da escrita e da letra, dos exercícios e da prática, da arrumação e da perfeição: “as coisas que digo/ não me dizem/ já as que calo me contam …”. Há um descrever muito íntimo e profundo que só uma poeta madura, como Tere Tavares, nesta escrita pode fazer: madura? Eu não disse madura, talvez esteja equivocado entre os radares desta letra, cuja semente foi lançada pela Tere Tavares “… Tua saia toda vida/ toda sorte o teu seio/ e branca toda lágrima que molhasse a boca/ das flechas que atiras ao destino”. Há igualmente um exercício que é muito importante em criação da letra literária, em particular a poesia: “a abelha chegou/ bebeu o néctar da flor de limoeiro/ vestiu-se de me// o pássaro chegou pousou no galho em meio aos espinhos vestiu-se de ninho// homem … vestiu-se de mel/ … ninho/ … limoeiro”. Tere Tavares não só é poeta e/ou escritora, é também “gostadora” de palavras de forma mestra e especial: “noiva do sol/ veste-se de olhos negros/ núpcias da noite”: esta poeta é concreta! Isso sim, caracteriza a sua escrita singular, pelo menos neste livro, que para mim livro não sei se é (isso transcende o ser livro), mas autêntica viagem. Talvez se justificado pelo facto da mesma poeta Tere, para além de pintar em telas de papéis, igualmente em telas de tinta plástica (arte): “sou incapaz/ de chorar uma lágrima de cada vez/ vejo-me cachoeira/ chorando todas as chuvas juntas/ e a cada poente/ tépido … no anseio de um sonho ressôo”. Esta escrita inspira e ensina não a escrever, mas a pintar imagens lindas e perfeitas quando o jogo na escrita ganhar outro conceito como “aprimorar” a beleza, e o gongorismo desta perfeição erra apenas o que é: “o sol vermelho/ acalma o horizonte/ fico assim/ a perder-se no avesso do dia/ até que a unidade de um sopro me contemple” nesta mesma escrita, para além do amor ao mínimo do concreto das coisa(S?), existe igualzinho a essência de preferência e aqui eu me encontro: “a madrugada é mãe santa/ traz flores silvestres/ as únicas que valem apena” esta poeta também gargalha a letra sem limite. A letra fica frustrada e ri-se com ela e volta a estar furiosa. Contudo, Tere Tavares é uma das poucas escritoras com estas características, até porque não pretendo comparar! Comparar, comparar o quê?
Lino Mukurruza
Lichinga, Moçambique, 04 de Maio 2015
Lino Mukurruza
(Moçambique) Lino Mukurruza (pseud.). Lino Sousa Mucuruza, moçambicano. Publicou “Vontades de partir & outros desejos” – Poesia. (FUNDAC, 2014), “Almas em tácitas” – Poesia (LUA DE MARFIM, 2015) Colabora em diversas revistas, nacionais e internacionais, só para destacar algumas: (“PIRÂMIDE”, “SOLETRAS”, “LITERATAS”, “CORREIO DA PALAVRA” – Revista da ALPAS 21, “XITENDE”, “SINESTESIA” Caderno literário “PRAGMATHA” entre outras). Consta nas antologias poéticas “CLEPSYDRA” – Coordenada pela poeta Gisela M. Gracias Ramos Rosa - (COISAS DE LER, 2014), “À FLOR DA ALMA” – Coordenada pela poeta Sandra Ferrari Radich Fresa - (SOL, 2014) “Vozes do Hiterland” (Letras de Angola, 2014), “PREMONIÇÕES” – (LUA DE MARFIM, 2015), “POEMA-ME” (LUA DE MARFIM, 2015), “POESIA DE PINTAR E SER FELIZ” (LUA DE MARFIM, 2015) na 12 Volume da antologia “LOGOS” (Janeiro, Fevereiro 2015), foi vencedor mencionado e participa na antologia do XXX prémio mundial de poesia “NÓSSIDE” 2014. Vencedor em segundo lugar do 2º Concurso de Literatura da Academia de Letras, Artes Ciências de Brasil (ALACIB). Vencedor em 3º lugar do concurso internacional de literatura ALPAS 21 “a palavra do século” (Brasil, 2015). Actualmente cursa Português na Faculdade de Ciência da Linguagem, Comunicação & Arte da Universidade Pedagógica (Niassa) igualmente membro de direcção (tesoureiro) do Clube de Escritores Poetas & Amigos de Niassa (CEPAN).quarta-feira, 6 de maio de 2015
Participação na Mallarmargens - Revista de poesia e arte contemporânea
Minha participação na Revista mallarmargens revista de poesia & arte contemporânea. Obrigada Jandira Zanchi por esse feliz presente.
Grande abraço.
Para leitura acessem:
http://www.mallarmargens.com/2015/05/2-poemas-de-tere-tavares.html
Grande abraço.
Para leitura acessem:
http://www.mallarmargens.com/2015/05/2-poemas-de-tere-tavares.html
domingo, 3 de maio de 2015
Participação no Vita Breve
Obrigada pelo convite e publicação do conto e da pintura Ana Lúcia Vasconcelos.
Para leitura acessem: http://www.vitabreve.com/prosa/142/5/o-homem-que-brilhava/
Para leitura acessem: http://www.vitabreve.com/prosa/142/5/o-homem-que-brilhava/
Participação no blog NÓSTRES
" a arte, a poesia de Tere Tavares"
Muito grata pelo convite Mariza Lourenço, e pela publicação.
Todos esses poemas compõem o livro "A Linguagem dos Pássaros",
publicado pela Editora Patuá em 2014.
Ainda há exemplares à venda.
Muito grata pelo convite Mariza Lourenço, e pela publicação.
Todos esses poemas compõem o livro "A Linguagem dos Pássaros",
publicado pela Editora Patuá em 2014.
Ainda há exemplares à venda.
Quem se interessar, basta acessar o site http://editorapatua.com.br
domingo, 26 de abril de 2015
Publicação na Revista Vanilla
Eis uma matéria sobre meu livro "A Linguagem dos Pássaros" (poesiaEditora Patuá 2014) publicada pela Revista Vanilla edição de número 6, de 2015.Grata ao jornalista Nelson Junior, meu amigo de Pato Branco, PR, por esse presente.
Publicação de poemas na Revista Acrobata
Para o amigo Demetrios Galvão.
Qual a minha emoção ao abrir a correspondência e ver a Acrobata mostrando-me a feitura, finíssima feitura aliás. Mais uma agradável surpresa me felicitou ao ver meus poemas publicados na primeira página! Quanta alegria!
E ao percorrer a Acrobata, a cada nova página, autor, ilustrações, textos riquíssimos, meu entusiasmo pela Literatura aumentava. Parabéns a todos os participantes dessa edição. Faço o registro, com essas fotos, desse presente inefável. Obrigada ao corpo editorial da "Acrobata-Literatura Audiovisual e outros Desequilíbrios".
E ao percorrer a Acrobata, a cada nova página, autor, ilustrações, textos riquíssimos, meu entusiasmo pela Literatura aumentava. Parabéns a todos os participantes dessa edição. Faço o registro, com essas fotos, desse presente inefável. Obrigada ao corpo editorial da "Acrobata-Literatura Audiovisual e outros Desequilíbrios".
Assinar:
Postagens (Atom)