Foto By Tere Tavares |
Trânsfuga
No infinito das folhas, nas sombras, não sei de ti as arestas acesas, conversas entre amigos sobre a razão de viver, tu, o rosto torturado e perdido por detrás do nariz, espreguiças sinais de fogo à camilha, o algarismo que temos no intelecto, como objeto.
Cupidos dorminhocos acordam ao teu lado amores de papel, a tentação, como diria a réplica menos indigna e sem convicções, deitas por terra um ferimento profundo, uma acha de zelo para o que míngua.
O homem de casaco amarelo engana os tolos, as novas maneiras de ver se houve Adão ou Eva, ateístas controversos, metrópoles de caos e técnica, como se mestres morressem a cada segundo.
Enquanto quase me ajoelho – às vezes pecas e nem desces do salto – não sei se devo agradecer, longe de mim, gosto, não gosto, é assim que eu fico, baba de caracol, borboleta adestrada. Porque morta. Como esse escorpião que trazes amarrado.
do livro "Entre as Águas" (2011) By Tere Tavares
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