quarta-feira, 7 de julho de 2010

Tán hermosa


O teu corpo vê,
mas não a tua mão.
De ponta a ponta
com a fúria encarcerada
num olhar incolor
Instala uma ferida
sobre a minha sina,
Que restauro com arnica.

Como quem sobe a duna e admira
a demora do sol sobre os seios,
Eu soube não indagar se era uma aposta,
O meu palco a sua veste entreaberta.

No momento máximo de não estar acordado
Dorme sonâmbulo
o suor com a sua claridade.

O meu holofote que apreendo
passado um certo tempo
Um ensaio partido ao meio
– Enquanto passeio
pelos livros, letras se despem
e viram folhas –
Como veias abertas:
meus anseios.



Imagem- Renoir (girl sleeping)