segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Fragmento do livro Destinos desdobrados de Tere Tavares - Fortuna Crítica

 As piores feridas são as invisíveis.

Fragmento do conto "Antigamente", Destinos desdobrados, contos, Ed. Penalux 2021
Tere Tavares


__________________________________

João Esteves
Senti-a aqui perfeita e incrivelmente harmonizada com a voz de Emily Dickinson em seu poema "There's a certain slant of light", embora ambas tratem de temas diferentes, com diferenças também de lugar, momento histórico e idioma.

Francisco da Cunha
Onde a beleza do texto e da arte se dão as mãos e suscitam elevadas discussões em torna da dor humana, a dor na sua dimensão mais íntima.
Sempre bom receber um nova postagem sua, dileta escritora e amiga, Tere Tavares. As artes plásticas sobretudo na contemporaneidade diante das avassaladoras mudanças de concepções do mundo, da vida, da tecnologia e da da Natureza-Mãe, agora em grande risco de afundar-nos nos abismos construídos pelos homens maus: os chamados líderes mundiais que, em vãs promessas mentirosas, não querem enxergar o perigo que nos espreita como seres vivos da Terra. Daí que as artes e a própria literatura : os temas que são imensos diante dessas modificações rápidas, deverão ser tratados no campo da ficção e da poesia, sobretudo. Realmente, "as piores feridas são as invisíveis"

Severina Etelvina Silva
Por isso elas devem ser expressadas, caso contrário ela sufoca o corpo e mata a alma preciosa: Tere Tavares .

Guida Luis
Absolutamente de acordo, querida amiguinha Tere, refletindo nisso deixo aqui um poema de Carlos Drummond de Andrade:
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Publicado em 1940, na antologia Sentimento do Mundo, este poema foi escrito no final da década de 1930, durante a Segunda Guerra Mundial. É notória a temática social presente, retratando um mundo injusto e repleto de sofrimento.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Fortuna crítica de um texto de Tere Tavares - do livro Campos errantes - contos 2018

                                                                Arte: Tere Tavares
 


Minah

Hoje se cumpre algo mais que uma razão para sorrir um vento mínimo que se instala na garganta e alcança os pulmões adoecidos de uma alegria quase indigente. Ardoroso é o torpor que lhe sai pelas narinas de um tempo tenro e terno como quando havia infância para segredar a orfandade não se sabe por que pacto reza ou culpa. Os afinados esmeros do destino, sem ordem alguma, debulham-se como finas e longas pernas de ave, como se beijassem seu futuro, ainda sem rosto e sem lágrima, por que oculto nas ondas proibidas pela febre e pelo ar pegajoso, rijo como uma pedra que lhe cai sobre os cabelos de seda, deixando-lhe o contraste de uma paz nunca escrita – a órbita a cada guerra. Há quem de si tenha saudade. Aquela de ter sido. E de ter-se ido. A respiração sem angústia seguindo-se nos entretantos, serenando-se em todas as idades que já fora olvido, armadura. “Tudo muda no pouco que me alcança com um capricho silente, incasto. Pertenço a essa inescapável condição humana que, por ser excessiva, é quase nula. Só os ossos sabem sobrar nessa cápsula amarga. Quero distanciar-me do diz-me o que não és para que eu diga o que nunca sou ou fui como essa vegetação que se salvou das explosões. Quero agora uma gota de chá que deixe o cinza menos refratário. Quero esperar tranquilamente pelas espáduas setembrinas e pelas estrelas inconsumíveis enquanto regresso à casa das rotulações inclinadas. É o sabor da novidade que espreito nas diferenças que sobejam entre a sabotagem e o jogo. A palavra ausente de impurezas”.
Minah inebria-se. Alma acima dos rios ainda não conhecidos dos mastros dos navios. Rabisca um firmamento particular, um planeta novo, um coração intocado, sem ser a inapta atitude da servidão. Colhe o arpejo recolhendo-se como uma ostra. Por mais que ela se esforce só diz que não encontra forma de dizer onde termina a inocência – esse precioso sentimento que perfaz a grandeza de ensinar e aprender. Finalmente se prostra por ser pequena, e quão pequena, para intuir a enormidade. Que a passagem sabe-a infinita, sofrida, assustadiça, mas também salvadora. Porque os olhos nunca se calam nem abafam o canto.
Conto do livro "Campos errantes" contos - Penalux, 2018- Tere Tavares
Arte: Tere Tavares 

Fortuna Crítica:

Francisco Da Cunha
Trata-se, enfim, de uma narrativa que, de forma harmônica, une poesia, ficção e um viés filosófico, porquanto é, no plano da inventividade de sentimentos e ações, de abstrações e concretudes, de antinomias que, muitas vezes, encontro em alguns versos pessoanos. Ou seja, o texto de Tere é plural afirmativo, negativo, contraditório, mas todo ele é permeado do poético. É difícil apreende-lhe as estruturas temático-liguísticas ou metalinguísticas nessa escritora que me parece escrever por encantamento diante da palavra escrita e do pensamento múltiplo de que se reveste sua perfomance e competência literária. Não é uma escritora que se presta aos esquemas de alto nivel de narrativas do seculo XIX, quer dizer, de uma forma, ainda que genial) da tradição literária. Ao contrário, a sua narrativa, que é de tessitura contemporânea mas sem abdicar de sabores clássicos percebidos semanticamente aqui e ali, centra-se mais em dois pilares básicos : a) na poeticidade e b) na linguagem voltada para si mesma como forma de tentar entender ou interpretar personagens, conflitos individuas ou coletivos , ações, tramas, espaços, tempos e sobretudo procurar dar um mergulho na precária e imprevisível condição da existência humana.

Adir Luz Almeida
Lindo demais. Tere tem uma escrita poética que me encanta.. Tere é, para mim, a personificação da sensibilidade!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Meu livro, Destinos desdobrados na leitura e resenha de Nic Cardeal

Na sua coluna "Minha Lavra do teu livro" de Nic Cardeal, que vai publicada na Revista Ser MulherArte e transcrevo na íntegra



:

A PALAVRA EM SEUS 

'DESTINOS

 DESDOBRADOS'


“A Literatura é um estado de alma, uma sensibilidade inata que se talha na constância e na curiosidade: haveria como moldar a alma sem ferir-se? A pele que me veste é uma estratégia. O sonho, quando consciente, é quase a antecipação da realidade. Que essa outra forma de parecer real me seja perene, porque todas as realidades são relativas conforme se adentra na engenharia do mundo.”
(Tere Tavares, in: ‘O aroma da alma ou todos os nomes’, Destinos desdobrados, p. 101)

DESTINOS DESDOBRADOS é um dos mais recentes livros de TERE TAVARES, publicado pela Editora Penalux em 2021. Na maioria dos 73 contos, curtos ou longos, a escritora escreve sobre mulheres, ora sendo a própria protagonista, ora escolhendo suas personagens e as esmiuçando, na busca pela compreensão da alma feminina.

Logo no primeiro texto, deparamo-nos com seu testemunho explícito pela necessidade da palavra para a sobrevivência da mulher no mundo:

“Começo a desorientar a realidade. A ficção nada mais é do que um naufrágio salvador, um outro aspecto do real que possui suas próprias vertentes. Escrevo, seja qual for a estação, porque sou uma eterna enamorada por palavras. Algo de mágico exala-se da paciência que não sei ter. Não se trata de pressa, mas de uma espécie de urgência na mente, a travessia do espanto que me exila da assoberbada lonjura do tempo, da injúria que tenta subtrair o Sol do meu rosto e, inglória, abate-se antes de atingir-me. Enfrento o terror da estrada coberta de perigos, o pasmo ante o silêncio sombrio da morte, o desmoronamento; é tão profundo mergulhar na alma que me reformula como se argila novíssima.
O ritmo vivo do meu ser rente às flores, testemunha-me o sorriso. Dá a ti mesma esse presente e destrói os ídolos, diz-me a voz desde a primeira fêmea nascida. Irmana-te a todas as mulheres que foram testemunhadas pelo assombro. Não coadune com a exortação prenunciadora da perda da sanidade e da aceitação da mentira dos milênios que te concernem culpas e incúrias. (...)” (p. 14) (sublinhado meu).

A escrita de Tere Tavares, embora seja narrativa, também é prosa poética, pois encontramos pura poesia em seu modo de dizer, que me faz lembrar muitas vezes da 'introspecção', ou do 'lirismo' de Clarice, como mencionou Chico Lopes sobre Destinos desdobrados"(...) Certamente, vemos aqui o mesmo lirismo desenfreado, a perplexidade existencial constante, de uma Clarice Lispector em "Um sopro de vida" (...)".

Tere demonstra que é possível, sim, a plenitude da palavra, ainda que na (in)compreensão do universo feminino. Seus contos são permeados de tons filosóficos, de percepções, de insights, de denúncias do cotidiano, e é como se a autora, por meio de suas personagens, desdobrasse os destinos de todas as mulheres em múltiplas possibilidades de compreender o quase intraduzível sentido do feminino – apenas compreensível [ou quase] por aquelas almas que se atrevem a vir à Terra ‘vestidas’ de mulheres. A autora pesquisa a vida em seu âmbito cotidiano – ao mesmo tempo atenta às reflexões, metáforas que o permeiam, como uma fiel observadora das linguagens sutis da alma humana – trazendo à escrita um aviso: é necessário que o mundo se subverta em novos futuros – onde a mulher seja reerguida, considerada em pé de igualdade ao sexo oposto. Por isso mesmo e, creio que propositalmente, seus contos sejam ambientados nesse 'estranho agora', para que possa extrair de suas personagens a urgência que todas sentimos – de nos resgatarmos do luto que perdura há séculos: o luto das violências machistas corriqueiras, misóginas, que nos deixam constantemente atordoadas diante da realidade. Então, ela escreve: “(...) Pelo fim da violência contra o ser feminino (...)” (p. 18); ou, ainda: “(...) No Brasil, morre uma a cada duas horas, de cruzes, de fogueiras, de facas, de balas, de murros, urros, assédios, estupros e vociferações, pelos motivos mais torpes, ou mesmo sem motivos (...)” (p. 132). E adverte:

“(...) Quem escreveu a história sempre foram os misóginos que tiveram em mente um único ponto de vista: as mentiras e a crueldade dos carrascos e dos opressores. Por mais que o tempo passe, a história não erradica a herança dessa ancestralidade; chão de contínua e imperdoável tragédia. Só é possível compreender o mundo com os princípios do ser verdadeiro, a liberdade ampla, o respeito mútuo, a compaixão e sabedoria.
O que nos torna verdadeiramente humanos é a palavra, ainda que não seja pronunciada" (p. 65).

Nós – mulheres (e, quem sabe, alguns, vários, muitos dos homens?) – reconhecemo-nos em Tere Tavares, nas suas mulheres de Destinos desdobrados – 'Umadelas', Aborim, Ela, Deméter, Junaha, Hastha, Menimma, Thessa, Thuarta, Nidaba, Mirmaha, Thagiah, Luiha, 'Vidaedor', Teresa, Tebash, 'Amulherqueescondiaorosto', 'Amulherquefoimãe', Lívia, Lisvaliasa, Freya,  Mirnia, Flordelis, 'Amulherquedesejaser'... quantas mais? – mulheres-metáforas, mulheres-palavras, mulheres-urgências! Porque somos insubmissas e intranquilas, sufocamos ou gritamos, somos sobressalto e quietude em um só ato, porque, como bem disse Gustave Flaubert (citado por Tere), “a mente humana é comparável a uma borboleta que assume a cor das folhas em que pousa. Você se torna o que contempla” – não apenas por fora, no mundo em que caminhas, e mais ainda por dentro, nos campos em que tua alma – original – habita! E a autora anota: “Minha mais bela obra de arte, talvez, seja minha própria vida” (p. 23). Quiçá seja por isso que as mulheres ecoem uníssonas entre passado, presente e futuro, em cada uma de nós:

“(...) Rio, com desespero, as mulheres mães filhas meninas avós que ressoam em mim e dançam em torno da ceia as injustiças que lhe são impostas [todas elas se estampam, impiedosamente, nas instantâneas manchetes midiáticas e logo são esquecidas, enterradas, pranteadas e, contudo, gritam: até quando a tirania sobre o nosso ser, esse caminhar como personagens-espelhos de um solo incerto, sendo servas ou cevas da banalidade e do crime?]. Rio, como um ato de denúncia e revolta perante o inevitável, rio do que minha memória ajunta; rio da solidão; na sorte e no infortúnio, rio de mim; toda a dor sucumbe quando encontra o riso: essa é toda a fortuna, o único pilar que pode levar-me a alguma felicidade, então eu repito como se gritasse, para todas, um porto, uma pista, uma faísca: ama, antes, a ti mesma, ou tudo será em vão. Porque é preciso justificar a velocidade da vida. (...)” (p. 33) (sublinhado meu). 

A autora parece se tatuar em cada texto, como se os vários destinos de si mesma, no universo da escrita, também se desdobrassem em realidades paralelas, onde sua alma navega – íntegra – ainda que feita das múltiplas peças de um mosaico. Nessas suas ‘tatuagens metafóricas’, encontramos diversas reflexões sobre seu viver no mundo. Por exemplo: “(...) Que o pesadelo é estar acordado, que o Universo nem sabe que existimos, apenas compreendemos que temos um papel, um átrio onde agimos; isso nos importa e é parte do que tanto investigamos; nanopartículas, nanométricas, nanofios mensuráveis ou anônimos, mas sempre em movimento a traçar os destinos. (...)” (p. 71). Embora essas ‘tatuagens’ sejam em sua  maioria femininas, a palavra de Tere é amplificada para além do gênero, da forma, da matéria. Seus contos não são apenas contos de narrativas estanques no espaço e no tempo. Não. São devaneios metafísicos e, pensando assim, lembro do filósofo e poeta francês Gaston Bachelard: A imaginação, em nós, fala, nossos pensamentos falam. Toda atividade humana deseja falar. Quando essa palavra toma consciência de si, então a atividade humana deseja escrever, isto é, agenciar os sonhos e os pensamentos. A imaginação se encanta com a imagem literária. A literatura não é, pois, o sucedâneo de nenhuma outra atividade. Ela preenche um desejo humano. Representa uma ‘emergência’ da imaginação (in: ‘O ar e os sonhos’, p. 257 – sublinhados meus). Em seus devaneios, Tere Tavares escreve contos que se entrelaçam em uma única meada, pois podemos lê-los como fios condutores que nos conduzem a uma mesma direção – aquela da 'consciência de si' de que fala Bachelard, que vai preencher essa emergência da imaginação humana – como UM todo. Então, é como se finalmente acordássemos do sonho por dentro de nós, sob o olhar 'clínico' de C. G. Jung: “Quem olha lá fora sonha, quem olha por dentro acorda” (também citado por Tere, p. 73). E, nesse meu devaneio sobre os devaneios de Tavares, volto a citá-la: “(...) Às vezes, o afeto é como um fio finíssimo que, para viver, necessita apenas que o saibamos unir para que nos acompanhe para sempre, como um contínuo fato de resistência. Há que multiplicar os olhos usando todos os sentidos, os visíveis e invisíveis. (...)” (p. 87).

Sim, os Destinos desdobrados de Tere vergam-se até que ela mesma também se desdobre quase biograficamente – na metáfora da palavra o escritor constantemente se desenha – e nós, leitores atentos, teremos a possibilidade de reconhecê-lo, ainda que sejamos [todos] limitados em nossa capacidade de decifrar o outro. Ela diz: “(...) Se me perguntarem da Mulher anterior a mim, direi que a conheço porque dela sou descendente; se me perguntarem da Mulher que represento hoje, sou eu, e eu não me conheço, e, nesse não conhecer de mim, eu caminho sabendo do rumo que não chorará o balançar das minhas saias e saídas, do tempo lento que, como o piar de um pássaro, sustenta as asas que não sei ter, porque sou humana e voo no imaginar. (...)” (p. 97).
 
Há muitas perguntas nas reflexões de Tere Tavares. Ela sabe disso, porque diz: “tudo existe na procura” (p. 105). Por isso, seus contos se sucedem em uma contínua busca por respostas, fazendo-me [outra vez] lembrar de Clarice: “Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever” (in: ‘A hora da estrela’, p. 15). Ao mesmo tempo em que procura, Tere já sabe de antemão, como se lesse em si mesma o presságio da palavra: “(...) Nada tenho a dizer, senão que a vida tem sua própria sabedoria e, embora o esforço, nem sempre compreendo tudo. Viver cada momento, ultrapassar cada linha que se fecha no horizonte, rir à vontade ainda que haja motivos para não rir – eu te compreendo e estendo as minhas mãos, ouso ser todas as mulheres que te possam dar sossego, mesmo ao seguir-te sem que repares, erguendo-me como irmã ou amante ou mãe, de um sangue anterior ao meu, ao nosso, talvez a que não se importa com a garganta do tempo: imaginando-o pelo tremeluzir dos olhos, prevendo o quanto ainda viverás e, que o fim, quando vier, será indolor (...)” (p. 144). Talvez, por esta razão que a autora não sossegue da escrita – ou será a literatura seu melhor descanso, na tarefa tantas vezes extenuante de viver? Quem sabe... então, ela diz: “(...) Só a alma é capaz de responder e, comumente, ela nada exige senão que a encontremos em nossa armadura de carne e osso (...)” (p. 99). Penso que Tere Tavares já a encontrou, pois sobre ela – a alma – escreve sua palavra. Ela também já sabe que nenhum voo será tardio, porque somos – todos os que navegamos nas 'escrituras' – os construtores da imaginação. Quando regressarmos aos ‘princípios do devaneio’, como já advertira Bachelard, por certo compreenderemos que o voo não está na asa, nem o caminho nas pegadas – “porque tudo é vastidão” (p. 169).

(Nic Cardeal)


    capa do livro Destinos desdobrados 








Dois contos de Destinos desdobrados:

1)

LAGO

Os pássaros – esses seres que não refutam a própria cor: ela poderia falar a vida inteira sobre eles. A Natureza toda lhe é motivo de palavras e emudecimentos. Como ontem, quando andou sob o olhar das araucárias, uma delas recebeu seu abraço enquanto seu companheiro a aguardava. Esqueci-me de tudo, por instantes, mas não de ti. Ela disse. Eles observaram o quero-quero que, receoso, afastava-se, a garça pequena à beira do barranco, seus passos conjuntos brilhando n’água. Viram o martim-pescador entre os galhos de uma árvore baixa semelhante ao mangue. Conversaram, ao longo do percurso, sobre os filhos. Do quanto ambos se maravilhavam em vê-los adultos e seguros por lhes terem dado a liberdade de se encontrarem e se aperfeiçoarem continuamente. No retorno, estampavam-se em flocos, as azaleias arroxeadas, ainda com orvalho entre as pétalas. Ela guardou o chapéu de largas abas na mão esquerda. Quis falar-te dessas palhas trançadas e uma sílaba aquática saltou de junto aos peixes com o silêncio da profundidade: o que é, para mim, sublimação; essa água pura resgatando-nos para um amanhã de trilhas diáfanas que ainda não conhecemos. Enquanto a grama se aquece, o mulungu – cuja tintura induz ao sono profundo – abre mais uma flor excentricamente vermelha. A gama de sombras quase secas, esse amor ameno, sucinto e translúcido laço a nos dar direções para além desse lugar extremo que nos permite durarmos – por querermo-nos tanto. Ela disse e ele sorriu-lhe: Somos tanto, juntos!

(pp. 68-69)


2)

MEDITAÇÃO 

O tempo, esse ser ausente, tem suas maneiras de acordar-nos. É uma dádiva, uma carícia abrir os olhos a cada manhã.

A linguagem é pluralidade em si mesma, não se esgota jamais, e se engrandece na criatividade, na engenhosidade e maestria. Engana-se quem pensa que há facilidade nessas tramas, tampouco há dramas, mas se tu amas as palavras fazes delas escritas em fases, ases a jogar nos mares da leitura. Como alguém que respira avesso aos estilos de nados e que não se submete às águas pesadas, à turbidez excessiva. As gotas de luz emanam do céu e se arredondam à minha janela como lágrimas invertidas. Nada é prematuro, nada é tardio. Tudo é agora. O som me encanta e interrompe a dor por alguns momentos.

(p. 84)


Tere Tavares


TERE TAVARES é natural de São Valentim/RS e atualmente reside em Cascavel/PR. É escritora, pintora e artista visual.

Fez parte da Mostra ‘Poesia Agora’, em 2015. Em 2018, concedeu entrevista ao ‘Como eu escrevo’; e, em 2020, ao ‘Café Pós-moderno’ da ‘Obvious’, sediada em Portugal. Também em 2020 publicou diversos textos no’ Museu da Língua Portuguesa’, no projeto ‘A Palavra no Agora’. É participante do ‘Portal Lusófono Lítero-artístico EscrtArtes’. Integra a ‘Academia Cascavelense de Letras’. Edita o blogue ‘M-eus Outros’.
 
Participou de publicações em diversas revistas literárias virtuais, tais como: ‘Germina – Revista de Literatura e Arte’; ‘Escritoras Suicidas’; ‘Mallarmargens – Revista de Poesia e Arte Contemporânea’; Revistas ‘Fénix-Logos’ e ‘EisFluências’, de Portugal; Revista ‘Soletras’, de Moçambique; ‘Vitabreve – Revista de Arte e Cultura’; ‘Acrobata Literatura – Artes Visuais e Outros Desequilíbrios’; ‘Amaité Poesia & Cia’; ‘Fotos e Grafias’; ‘Escrita Droide’; 'Germina- Revista de Literatura e Arte' ‘Quatatê: Página Brasileira de Poesia do Mundo’; ‘Revista Ser MulherArte’; entre outras.
 
Participação em coletâneas e antologias: A arte pela escrita III (Portugal, 2010); Saciedade dos Poetas Vivos (vol. 11, 2010); Cartas ao Desbarato (Portugal, 2011); A arte pela escrita IV (Portugal, 2011); A arte pela Escrita VIII (Portugal, 2015); Antologia Poética 29 de abril 
 o verso da violência (Patuá, 2015); Sobre lagartas e borboletas (Selo Editorial Scenarium, 2015); Aquafúria  uma antologia de poetas sedentos (2015); A arte pela escrita IX (Portugal, 2016); Diversos – poesia e tradução (Edições Sempre em Pé, Portugal, 2016); I Antologia digital de poesia ‘Porque somos Mulheres’ (Revista Ser MulherArte ,2020); Antologia ‘Parem as máquinas’ (categorias poesia, conto e crônica, Selo Off Flip, 2020); entre outras.

Livros publicados: Flor essência (poesia, edição da autora, 2004); Meus outros (poesia e prosa, Coluna do Saber, 2007); Entre as águas (contos, edição da autora, 2011); A linguagem dos pássaros (poesia, Patuá, 2014); Vozes & recortes (contos, Penalux, 2015); A licitude dos olhos (contos, Penalux, 2016); Na ternura das horas (ensaios, Assoeste, 2017); Campos errantes (contos, Penalux, 2018); Folhas dos dias (e-book, ensaios, Selo Ser MulherArte Editorial, 2020); Destinos desdobrados (contos, Penalux, 2021); e Diário dos inícios (poesia/ensaios, Meatanoia Editora/Selo Mundo Contemporâneo Edições, 2021).

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Fortuna crítica para textos e artes de Tere Tavares

 Pinturas

O lugar uma pequena praia, a hora o final da tarde, o personagem o mesmo – muitos e ninguém, todos e nenhum – imaginários de um mundo, de presenças ausentes.
E um veneno me cobre o corpo. Outra vez a dor dá a certeza de que isso não mata. Então eu vivo pelo que precisa de mim, porque adivinho o que se passa na minha cabeça. Eu prometo não prometer nada senão cumprir a promessa de não prometer.
Juro, a minha jura é verdadeira. Juro a verdade pela sua raridade. Choro pela florescência que aflora perto de mim, e pelos gestos que se perdem no mundo e não brilham sobre as pessoas e sobre o mundo. Eu choro pela galáxia suspensa na axila de uma política ruim de um político mau que nem se importa se vou estar aqui amanhã ou se a desconhecida não sabe que a conheço e falo com ela. Eu falo de coisas grandes de pessoas pequeninas que jamais perdem a graça; os prismas de uma grandeza de um pequeno hoje, que pode ou não se repetir.
E por isso atendi os pincéis naquele plano. Então pintei a esperança no sorriso daquela mulher de vestido branco. E suas mãos finas escondi sob a cabeleira que se derramava sobre os ombros corajosos. Eu lhe dei um tom mais branco no rosto e proclamei a transparência da sua felicidade. Eu lhe dei uma casa com telhas novas e vasos de cerâmica no jardim. Eu lhe dei um par de olhos e uma boca de meio-sorriso imitando a Mona Lisa.
E suas belas formas estão refletidas em tudo o que é da sua natureza. Apesar do meio-sorriso, ninguém imagina uma inteligência fora do comum por trás do carmim daqueles lábios e o fulgor daquele olhar. Nem triunfos, nem menos valia. Eu a pintei apesar de tudo. Eu lhe dei as nuvens claras e o sol iluminado. Eu lhe dei o céu mais bonito que pude ver.
Outro dia, quando for novamente amanhã, lembrará de ontem e de hoje de uma forma tão particular que nada se parecerá com algo que tenha sido somente um tempo ido.
do livro "Meus Outros" (2007) By Tere Tavares

"Flor de Maio" -OST- 50x60 2007
By Tere Tavares

Carlos Emílio Corrêa Lima (In memoriam)

Seu conto “A Viagem” , de seu livro "A licitude dos olhos" é uma revolução narrativa, estrutural, imagética, algo realmente extraordinariamente inesperado em nossa literatura brasileira. Tê-la como escritora nesse país é um privilégio cultural, estético, de larga indução, amiga Tere Tavares.


José Maria Alves Nunes
Com o esmero e competência característicos.

Marie France Bonnefoy
Magnifique portrait bonne journée mon amie.

Antonio De Jesus Anjes
Ela pincela com a fluência que os outros verbalizam os seus sentimentos. Porém, nem todos conseguem dizer o que ela diz nas pinceladas de diferentes matizes. Outro dia, olhando em seus olhos, vi bem no fundo da sua alma, pincéis e caracteres brincando de contar histórias que só ela e uns poucos privilegiados amigos seus conseguem ver e entender. Azuis dizem da sua paixão pelas ondas do mar. O branco, dos embates entre a força das águas e a dureza das rochas teimosas das águas rasas dos costões onde ela costuma passear, pés descalços. As ondas, enciumadas, apagam as suas pegadas na areia. Já a sua alma, tem a profundeza das paragens abissais, onde ela se reserva para tricotar contos e poemas de rara beleza. E, em silêncio, coleciona uma a uma as suas deliciosas conchinhas literárias e as telas sobre o seu tema recorrente: as belezas do mar.

Francisco Da Cunha
Trecho de um livro que me parece lidar com a reconhecida matéria poética de sua ficção . A linguagem é tudo que, em primeiro lugar, sinaliza a ficção de Tere Tavares. E, na narrativa, instantes há de poeticidade com crítica social. Combinar beleza de formas de linguagem artística e plasticidade com alusão à má política me parece uma função literária de alta relevância ao papel de um escritor em qualquer parte. Uma observação: o quadro de pintura é belíssimo e cheio de vivacidade de espírito. Parabéns.

Giovanni Francomacaro
Bellissimo...Questa vota un'ottima traduzione, da brividi. La Piccola Venere si colloca fra cielo e terra, e pare accogliere, ma nello stesso tempo respingere lo sguardo. Essa ha il pudore e la meraviglia dell'adolescenza, che ogni donna porta con sé per tutta la vita, anche se divenire grandi significa crescere nel dolore.

*********

Abaixo, fortuna crítica do conto "Live the life" do livro Destinos desdobrados, prosa, 2021, Penalux. By Tere Tavares

Maravillosa Tere Tavares:
..."para a claridade do sentir." 

Dorotea Duval Son palabras tan extraordinarias en su simpleza que solamente un alma de poeta y visionaria puede expresar su significado. Querida amiga, me han llegado al corazón y en este momento son como un oráculo precioso. Gracias al Universo que te ha dado tanta luz y la generosidad para darlo a todos que te aman.

Dorotea Duval  La hermosa lengua portuguesa puede registrar matices de una finura infinita y Tere Tavares es una sacerdotisa de ese rito maravilloso: "la claridad del sentimiento" resulta un logro maravilloso del ser humano pleno y completo, un equilibrio perfecto ente la razón y la emoción, un don de los ángeles.. Una frase como esta justifica cien años de oír estupideces vacías. Adoro a Tere Tavares, un sol, una luna, un Universo, un tesoro...es como amanecer con La Luz que nace, con el canto sabio de los pájaros, con el olor sanador del bosque y del mar, con un fuego sagrado en el corazón.

E, abaixo , mais algumas manifestações de Dorotea Duval, sobre escritas e pinturas:

Dorotea Duval Mi querida amiga Tere Tavares, en tus palabras, en tus imágenes pintadas, en tus fotografías... en todo lo que haces hay siempre un "ainda mais", un algo más iluminado por la presencia de tu inmenso Espíritu. Creo que todo lo que haces y dices no es sino la manifestación de Algo Superior que necesita ser expresado para que lo tomemos en este estado en el que estamos. Eres un Ser de Luz. MARAVILLOSA reina de las palabras y del cariño inmenso a la sabiduría perfecta. Tere Tavares, Es un don de Dios: hermosa, inteligente, humilde, talentosa... Una verdadera maravilla que nos colma de amor con las palabras y las imágenes nacidas de su alma. Es un honor conocerla.

Dorotea Duval, perfil do facebook, de uma mulher extraordinária, cidadã do mundo, plena, de espírito livre, engrandecendo a todos com sua existência. Ela se descreve(ia) assim: Dorotea Duval. Nacida en Detroit en 1927, de padres españoles. Viví en Francia y España. Actualmente vivo en Riano, Lazio, Italia.
Tem ainda um perfil dela aqui: 
https://www.instagram.com/rosasdeinvierno/



terça-feira, 16 de agosto de 2022

Um presente para as minhas artes ou Fortuna Crítica


Arte: Teresa- pintura digital - 2019 - By Tere Tavares

"Devo dire che gente come Tere Tavares crea a cada momento un mondo migliore, con la parola e la sua imagen... Tere Tavares, fa un mondo per noi, diverso, quel mondo che noi non pensiamo ma che vediamo nel nostro sogno. Quello é, per me il vero artista. Tere non fa lavori artistici per vendere o per farsi un ego. Tere Tavares crea un mondo nuovo per una umanità nuova. Su arte é sacro".

"O que sería decirte, querida amiga es que tus dibujos y pinturas tanto esta de las auraicarias, --que tienen también la dulzura de unas flores de anís y que juegan con la escala-- y la anterior, la joven que hiciste con bolígrafo, conservan ambas la presencia de tu gesto y se puede leer en el dibujo la danza de tu mano sobre el papel, fijando la imagen que tu sentimiento y emoción convierten en algo material. Vemos la idea emocionada tomar cuerpo, encarnarse. Y eso es como un pequeño milagro que resulta inmenso. Pura poesía donde se juntan las artes de la danza, la pintura, el gesto... Un punto donde en Universo converge en un puro amor. Un abrazo del corazón".

Que una mujer de una cultura tan completa no haya perdido la frescura de su palabra ni de su trazo, que haya conservado la naturalidad más encantadora y que la humildad sea su verdad más acabada hace que conocer a Tere Tavares sea una maravillosa oportunidad de la vida. Creo que tú eres una persona que ha construido un mundo interior de gran riqueza, armonía, Amor Universal... Y esa LUZ sale por los poros, esa luz se irradia... En tu pintura, preciosa y pura, sin ninguna pretensión (¿Tienen pretensiones las Flores? No, tienen una finalidad. Y tus pinturas tienen la finalidad de comunicar la belleza simple de un mundo que no siempre se ve. Tere Tavares, no tengo dudas de que es una trabajadora de la luz y la belleza, una artista especial, un talento único".

Caminhos de araucárias - ost. 2012

Mulher com livros - caneta esferográfica- 2015

O que seria dizer-te, querida amiga é que os teus desenhos e pinturas tanto esta das auraucárias, -- Que têm também a doçura de uma flor de anis e que jogam com a escala -- e a anterior, a jovem que fizeste com Caneta, conservam ambas a presença de seu gesto e pode ler-se no desenho a dança de sua mão sobre o papel, ajustando a imagem que seu sentimento e emoção convertem em algo material. Vemos a ideia animada de tomar corpo, encarnar-se... e isso é como um pequeno milagre que é imenso. Pura poesia onde se juntam as artes da dança, a pintura, o gesto... um ponto onde no Universo converge em um puro amor. Um abraço do coração.

By Dorotea Duval: Dorotea Duval, um perfil do facebook, de uma mulher extraordinária, cidadã do mundo, plena, de espírito livre, engrandecendo a todos com sua existência. Ela se descreve(ia) assim: Dorotea Duval. Nacida en Detroit en 1927, de padres españoles. Viví en Francia y España. Actualmente vivo en Riano, Lazio, Italia.
Tem ainda um perfil aqui: 
https://www.instagram.com/rosasdeinvierno/

***

E a minha querida artista e amiga Ornella Dina Mariani, da itália, diz:
Marinella Dina. "L'arte è un punto di contatto unico e irripetibile. Il tuo modo di dipingere il corpo femminile parla di amore per il corpo, il nostro corpo femminile, così bello e così armonioso. La tua è una ricerca dell'armonia, che si esplica in tutti i dipinti che fai. Che siano fiori o corpi femminili è sempre della bellezza che si parla e di quello che suscita in chi la guarda: ammirazione. Ognuno ha un'ottica diversa ma il punto è sempre quella: la grazia, l'armonia, la bellezza. Dicono salveranno il mondo. Io lo credo. Grazie di avere pensato per la condivisione. E' per me un privilegio". "A arte é um ponto de contato único e único. A tua maneira de pintar o corpo feminino fala de amor pelo corpo, o nosso corpo feminino, tão lindo e tão harmonioso. A sua é uma busca da harmonia, que se explora em todas as pinturas que você faz. Que sejam flores ou corpos femininos é sempre da beleza que se fala e do que suscita em quem a olha: admiração. Cada um tem uma ótica diferente, mas o ponto é sempre: a graça, a harmonia, a beleza. Dizem que vão salvar o mundo. Acho que sim. Obrigado por pensar e compartilhar. É para mim um privilégio".

***
E, a minha querida amiga e artista imensa, Raquel Gallego, da Argentina, e a doce amiga Maria Lucia Periotto, brasileira, endossam: Raquel Gallego
Feliz día, Tere, maravilloso recibir palabras tan elogiosas de Dorotea...tu talento enorme las merece.
Si no supiéramos de tu sensibilidad, de tu talento literario y pictórico y de tu amor por la naturaleza lo adivinariamos por tu foto, por tu bella y serena sonrisa. Gracias.
Maria Lúcia Periotto
Che sia in letteratura o in pittura, ha la perfezione di chi fa ció che ama.
                                                             ***

E o leitor e amigo, mestre das letras, brasileiro, Francisco da Cunha e Silva Filho, afirma:
O QUE IMPRESSIONISTICAMENTE VEJO PRIMEIRO NESSA EVA SÃOS OS OLHOS DELA, A VIVACIDADE, UM BRILHO COMO SE ESTIVESSE QUERENDO NOS DIZER ALGUMA COISA COM O OLHAR. OS OLHOS FALAM PARA QUEM OS VÊ COM CUIDADO, COM VONTADE DE NELES PENETRAR E REVELAR-LHE OS SEGREDOS E MISTÉRIOS DE UMA BELA MULHER. AH, QUANTO O OLHAR DIZ DO TODO!  A MINHA ADMIRAÇÃO PELO QUE FAZ EM AMBAS AS ARTES: A DA ESCRITA PROSA/POESIA, E A DO PINCEL E TELA UNIDOS À IMAGINAÇÃO DA AUTORA /ARTISTA. PARABÉNS DE NOVO. 

Francisco Da Cunha
ANTIGO, PORÉM, BELO E SUGESTIVO. NÃO É PRECISO ENTEDER TUDO EM ARTE DE DESENHO, DE PINTURA, DE ESCULTURA. O QUE É PRECISO É APRECIAR-LHE O CONJUNTO, O ARTEFATO. O QUE É NECESSÁRIO É LANÇAR OS OLHOS PARA AS LINHAS E AS FIGURAS AINDA QUE, COMO EM MÚSICA, NÃO ATINEMOS COM O SENTIDO GRÁFICO-VISUAL-TEMÁTICO. QUE É SÍMBOLO E, POR ISSO, MAIS INTUÍDO PELO LEIGO DO QUE COMREENDIDO. NEM TODA BELEZA É CONSTRUÍDA PARA SER ENTENDIDA E SIM PARA SER HAURIDA COMO FORMA DE ARTE.

               Arabesco, (um tanto antigo) grafite e creiom, 2004, Tere Tavares


O amigo Giovanni Francomacaro, da Itália, me diz: 

Giovanni Francomacaro
Un artista è come un Vagabondo: non troverà mai un posto dove fermarsi, perché lui sa che la bellezza non è un comodo rifugio dove fermarsi sazi e al calduccio; la bellezza è come una farfalla, leggiadra e inafferrabile, oppure come una ragazza dagli occhi ballerini, che mentre ti manda un bacio, è già fra le braccia di un nuovo amore. La bellezza è sempre un nuovo giorno, un nuovo sguardo, un nuovo viaggio, e non c'è freddo, timore della notte, che possa fermare un vagabondo, e impedirgli di vedere una nuova alba in un nuovo mondo.
                                                   ***

E essas palavras vieram da amiga, Rosiris Inglese, brasileira e poeta:

Do que nasce no azul - aquarela -2017
 

Rosiris Inglese
Que linda e criativa essa pintura! Quantos olhares! Quanta vida camuflada na natureza! Mãos que buscam agarrar o barqueiro e seus passageiros. Olhares sensuais, de ira ou de atenção. Um rosto de mulher ou apenas o verde se transformando e incorporando o lado sombra do ser humano ou seria o inverso? Talvez o lado sombra da natureza captando o humano? Essa obra nos convida a uma viagem .

                          ****
Gratidão, eterna, pelos olhares e incentivos, leituras e ecos. PS. As obras comentadas são essas: A bailarina, Caminhos de araucárias, Eva,
A mulher que sonha com o mar

A Bailarina - arte digital - 2017

A Mulher que sonha com o mar - aquarela -2019

                                                    Eva - aquarela - 2015