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Rosa Oceânica - Arte By Tere Tavares
Do
que o circulo ouve
Elbiah não deixa nunca
de finalizar a frase antes que o sono chegue.
Na sincronia do mar, sua alma navega como uma canoa subtraída que,
talvez, pouse numa praia inóspita e resgate uma aurora a descer com sonhos e
impaciências no compasso em que dançam as ondas. Como se esperasse acostumada à
ausência, Elbiah agarra-se no sargaço que escurece a orla, suporta maresias e
ventos como um carinho gestado impregnando a pele das pedras. No engodo de
suspender-se, deixa-se ficar com o fervor dos veleiros esquecidos, chamados uma
mulher de sorte ou desejos ou cavalos de ébano: “não me furtei de ser-te o
sonho infuso nem de sonhar-te. Chegarei a tempo de roçar as chuvas e aclarar-me
nos teus gestos”.
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(Originalmente publicado na revista "Escritoras Suicidas" de Outubro/2016
http://www.escritorassuicidas.com.br/edicao52_4.htm#teretavares52
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