Arte: Tere Tavares |
Elbiah
não deixa nunca de finalizar a frase antes que o sono chegue. Na sincronia do mar sua alma navega como uma
canoa subtraída que talvez pouse numa praia inóspita e resgate uma aurora a
descer com sonhos e impaciências no compasso em que dançam as ondas. Como se
esperasse acostumada à ausência Elbiah agarra-se no sargaço que escurece a orla
suporta maresias e ventos como um carinho gestado impregnando a pele das
pedras. No engodo de suspender-se deixa-se ficar com o fervor dos veleiros
esquecidos chamados uma mulher de sorte ou desejos ou cavalos de ébano. Não me
furtei de ser-te o sonho infuso nem de sonhar-te. Chegarei a tempo de roçar as
chuvas e aclarar-me nos teus gestos.
Tere Tavares
Na ternura das horas- ensaios- 2017
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