A dor me ser
afundo a mão entre as águas
trago seu remanso sobre o meu não saber delas
para recortar a lâmina úmida
acredito que haja um assovio
na lágrima que é lume sombrio
tremulando como alvéolos
teares nas chaminés do campo
quando a noite se enfraquece
no cio das aves
outro é o pão que alumia o dia
argila que se molda uma única vez
agora são rios os raios que se aquecem no frio
e se aconchegam e se verbalizam no silêncio
– nada diria para que continuasses a dizer
– nada diria para que continuasses a dizer
tantos voos suspirando nesse vazio
onde a correnteza é o lar grave da margem
o anseio da ilha – que me reste somente
o que consigo beber dos seus leitos breves,
como um círio raso e único...
como um círio raso e único...
quando a guarida é remo e rede,
quando não me disfarço de mim - sonrío.
Tere Tavares
em
Debaixo do Bulcão poezine
n.º 41 - Março 2103
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