I
Entardecer na cobertura
para ariel tavares
o vento sopra nas coroas das palmeiras
o sal do mar se infiltra em todos os lugares
da pele à raiz dos cabelos
a noite diz boa noite mas não promete ser boa
haverá ressaca e a maré alta trará consigo
tudo o que puder arrebanhar
o braço da maré não é feito de moliços
nem de ossos
é feito da força líquida e invencível das gotas
o vento alucinante prospera
e a lua sopra suas mantas prateadas
então sobre as areias antes brancas
há manchas
nuanças de breu
daqui de cima não vejo tudo
embora escute o que imagino
o que me diz esse eu
desdizente
para ariel tavares
o vento sopra nas coroas das palmeiras
o sal do mar se infiltra em todos os lugares
da pele à raiz dos cabelos
a noite diz boa noite mas não promete ser boa
haverá ressaca e a maré alta trará consigo
tudo o que puder arrebanhar
o braço da maré não é feito de moliços
nem de ossos
é feito da força líquida e invencível das gotas
o vento alucinante prospera
e a lua sopra suas mantas prateadas
então sobre as areias antes brancas
há manchas
nuanças de breu
daqui de cima não vejo tudo
embora escute o que imagino
o que me diz esse eu
desdizente
para ti, minha bela flor de caracóis,
sob o teu regaço de moça
o sargaço dessa mãe
extrema e nunca ausente
que te sente
porque te ama.
sob o teu regaço de moça
o sargaço dessa mãe
extrema e nunca ausente
que te sente
porque te ama.
II
Marejar
meu sentir é mais ligeiro a cada manhã
e essa copa de araucária quase entristecida
onde o vento pousa a alegria de sua velocidade
implacável
eu de pouca altura e pouco peso
coaduno-me em luzeiros obscuros
cinzelados de mar e suor
a forma do ar que me suporta
e desenferruja a madeira que se perfila em minha alma
o espinhoso dorso que fui para alguém
meu sentir é mais ligeiro a cada manhã
e essa copa de araucária quase entristecida
onde o vento pousa a alegria de sua velocidade
implacável
eu de pouca altura e pouco peso
coaduno-me em luzeiros obscuros
cinzelados de mar e suor
a forma do ar que me suporta
e desenferruja a madeira que se perfila em minha alma
o espinhoso dorso que fui para alguém
que alguém foi-me
numa nostalgia sem eco
o temor do amortecimento da luz
enganando o que anseio
insinuando tentações que já não alcanço e quero
um esgar úmido e parco e inquisitivo
como sabiá à esquerda do improviso
o quinhão que me não quer
o coração impreciso
de cujo olhar me perco.
numa nostalgia sem eco
o temor do amortecimento da luz
enganando o que anseio
insinuando tentações que já não alcanço e quero
um esgar úmido e parco e inquisitivo
como sabiá à esquerda do improviso
o quinhão que me não quer
o coração impreciso
de cujo olhar me perco.
III
que sabor tem o verso
que aporta entre ondas e espumas,
o novo não teria mansidões e areias,
motivos para instar turbulências e brumas,
algumas oceanando mansas
outras irresolutas e afoitas,
onde te cansas,
quando há portas sem qualquer perspectiva,
insuspeitamente, feito música,
entre o que muda e o que emudece,
sobrarão as palavras
que suportas.
IV
nobremente argutos
sem a ignomínia das palavras
ou quaisquer outros tolos orgulhos
só fazem proferir luzes
senão assim
preferem ser como as pérolas
e as marés
alguém maior os coroará
no altar-mor
e se ajoelhará diante deles
o que duvida
de suas sinceridades límpidas
quando e se souber
será depois que eles souberam
mesmo cerrados dirão
além do que fingem não olhar
sedas, retinas, pétalas e cílios
Pássaros de Abril
perambulando entre as vozes sem nome
ásperos como o desespero
cheirando a sal e uma branca flor-de-lis
com a preocupação de irem-se
num vôo feliz
aguardam as brisas breves do outono
– eterno é o movimento – algo do parvo ninho.
do céu, invejados pelas nuvens,
Um só
uma rosa sobre os muros
esmorecidos
uma coisa visível está arruinando o mundo,
ou a entropia o está concertando,
como uma sinfonia desleal que declara,
erramos,
errantes filhos de uma Terra insatisfeita,
empobrecida pela prole,
cujos mármores despem a sombra
e não resiste
aos tremores que a música denota,
deixa, na gravitação da eternidade.
e os cântaros recolhem
mesmo cerrados dirão
além do que fingem não olhar
sedas, retinas, pétalas e cílios
...ondas e arco-íris.
V
perambulando entre as vozes sem nome
ásperos como o desespero
cheirando a sal e uma branca flor-de-lis
com a preocupação de irem-se
num vôo feliz
aguardam as brisas breves do outono
– eterno é o movimento – algo do parvo ninho.
do céu, invejados pelas nuvens,
lançam ao mar as doces lanças de giz.
VI
uma rosa sobre os muros
esmorecidos
uma coisa visível está arruinando o mundo,
ou a entropia o está concertando,
como uma sinfonia desleal que declara,
erramos,
errantes filhos de uma Terra insatisfeita,
empobrecida pela prole,
cujos mármores despem a sombra
e não resiste
aos tremores que a música denota,
deixa, na gravitação da eternidade.
e os cântaros recolhem
as primeiras lágrimas do sol.
(Foto e poemas by Tere Tavares)
Poemas publicados na antologia Saciedade dos Poetas Vivos Digital - Vol 11
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http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/obrasdigitais/saciedigpv/11/tere01.php
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