Um painel de pano descendo do teto. É neste espaço artesanal que se gravam as intuições, o surreal dos passos. Passos de antanho e de agora, de amadurecimento e frescor indeléveis.
As flores voláteis e douradas são a estrada de Alice. Depois vem o convite ao mar, num quarto pequeno, o buquê, natureza viva. No quarto maior onde a mãe dorme, a miragem, e novamente, em duas nuances uma linguagem de flores, o claro obscuro em escorridas e femininas liberdades. No corredor o lugar ao léu, a lagoa com três patinhos mansos.
Tem outra cena de lago e ocas ao poente lambendo a crueza das paredes.
O leite no escuro na sala da máquina de costura velha comanda outra vez a dança das flores junto a estante de ferro. Na cozinha os frutos suculentos da época. Em seguida, o novo do lago - não há como não refugiar-se nas águas - reflexos e beija-flores.
O que é isso que a desordem da vida pode sempre mais do que a gente?(Guimarães Rosa)
E os olhares urbanos aguardam algumas das que serão as últimas pinceladas.
Foto- Ariel Tavares
7 comentários:
A vida, como um pincel, rasga o horizonte das flores perpétuas que acrescenta de efemeridades plenas. E ai, nesse lugar de verde e vagem, brotam as flores que incendeiam de palavras a poeta.
Um beijo minha querida amiga
Todos os olhares urbanos aguardam o retorno ao bucolismo dos passos quem, por vezes, por medo, não damos e que nos tornariam (tão) mais felizes...
Belíssimo
Mel
A arte de Terê transcende, flutua, e como nave nos transporta para os mais diversificados mundos.
A nossa percepção trabalha com associações. Elas nos emocionam, e as suas histórias parecem saídas do romance de Macedonio Fernández (minha última obsessão)e esta é a representação da Docepessoa. Tudo fica trêmulo como a página de um dispositivo móvel que pede para ser trocada de lugar. E um simples toque satisfaz o seu nosso desejo. Felicidades, sempre e obrigado.
Querida Tere
Encantada!
Quem diz o que é ou não é ordem para a alma humana.
Ela cria e re-cria sem mesmo que que a comporta perceba.
Gostei desse texto. Caminha-se, acompanha-se os lugares, os movimentos, mesmo daquilo que ali está, como tela, como flores sobre cômodos.
Uma descrição lírica.
Beijos, amiga
Belas são todas as cores, de todos os lagos, de todas as`águas, de todas as flores. Quanto brilham esses reflexos, união harmoniosa de cada uma e de todas as pinceladas, traço de união entre o Homem e toda a natureza. Sim, também a sua, em sintonia com tudo o que é vida.
Excelente texto, Tere. Orientado para um lolhar diferente e muito mais abrangente que derrube a crueza das paredes.
Um beijinho e mais uma vez obrigada pelas palavras e pelo carinho.
Oi Tere, eu nunca vou cansar de ler-te. Mesmo distante sou pássaro que se abriga em teus ninhos.
Tuas prosas , pedras preciosas são.
meu afeto
Lu C.
Mel,
Salete,
Zé,
Lu,
Djabal,
Maria João,
...é sumo doce o que abstraio das palavras que deixam por aqui. Obrigada pela companhia.
Abraços
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