quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Vida, Memória, Educação e Arte: Poética & Pintura de Tere Tavares

A Dra. Profª Adir Luz Almeida, fala sobre a grande escritora Tere Tavares: 

"O Encontro de hoje, com Tere Tavares, é o primeiro de uma série de três. Tere Tavares , lida com a Arte , que se apresenta através da Pintura e Literatura. Hoje apresentamos três livros.Outros virão . A Arte é " uma arma poderosa" contra a mesmice e a inércia. Assistir o Encontro é só clicar abaixo ou no Canal Conversações com Múltiplas Falas". (Adir Luz Almeida) 

Esse vídeo, por ela produzido, fala um pouco sobre a minha trajetória na Literatura e nas Artes. 
Cara amiga, Adir Luz Almeida, fiquei emocionada, do primeiro ao último minuto, ao ouvir e ver esse "Encontro", onde estou evidenciada pela tua apresentação, juntamente com a tua equipe, com algumas de minhas publicações Literárias e artísticas no teu vídeo: "Vida, Memória, Educação e Arte - Poética & Pintura. A grandeza da tua voz dando vida a alguns dos meus textos me encantou profundamente.
Imensa gratidão e alegria por esse presente que guardo para toda a minha vida. Um forte abraço!


quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Das coisas que se tornam pelas mãos juntas - Fortuna crítica

 Conto do livro Destinos desdobrados, 2021, Tere Tavares, Editora Penalux

Arte digital; "Árvore"- 2019 Tere Tavares



Das coisas que se tornam pelas mãos juntas

Thuarta, fixa os olhos para bem longe da varanda. Lembra das minúcias marítimas e das fronteiras insubmissas. Premedita e calcula. As estrelícias revisitam a ave-do-paraíso: [imitando-a, visando-a]. Clamam pelo não perecimento e pela fuga das normas.  Ouve-as e perambula pelas suas formas. Por vezes, a perspectiva é embaraçosa, mas evidente. Ir-se, entretanto, é imprescindível. Sapevo chi sei. Lê como se um floco de frescor pousasse sobre as úmidas concavidades das avencas – não florescem, mas, para Thuarta, é fácil ver-lhes as folhas, as hastes vibrantes, os pecíolos frios e negros como cílios de além-mar, adiante da calmaria sonhada ao pé de alguém que recolhe cada uma de suas películas; o vento as evita para não as ferir e elas se deixam caber num vaso à parede feito sentinelas, silhuetas difusas às suas costas.

Estrelas vermelhas em meio ao verde e tons de terra dizem sóis às metáforas que, mesmo mortificadas, sobrevivem ao tempo.  Ela diz a si mesma: “Avalio o voo que me devo. Ignoro que aprendo muito sobre os pássaros que nunca se escusam aos saltos no escuro. Tenho a coragem e a vontade de viver como primazia. Não me defino, tampouco definho. Defendo-me. Sou humana e falível. É tão frio morrer de frio. Penso, novamente, no mar. Se os pés deslizarem por entre as ondas, não haverá nenhuma filosofia que os detenha. Não sei se acontecerá nem o que penso: se sou outra invenção do que sou, não sei; sou para mim mesma oculta, escuto essa lição iniciática para além desse ar profano. Novo ano, será? ”.

Ela retorna à outra leitura como se antevista: “Uma rosa es todas las rosas. Tus dones son una extensión de tu alma. Cultivas la sabeduría solo cuando tienes dudas”. Apenas quando se percorre o mistério da própria obra ela será portadora de alguma perfeição. A arte permeia a subjetividade como um cão fiel ao seu dono e faz Thuarta sentir-se como se à própria paisagem. Caminha-se longuíssimas distâncias mesmo quando não se vive muito. O que é alijado do bem subverte a alma. À espreita, está o que se eleva ao cansaço, à corda de aço invisível; bravios espaços de parições incertas. Algumas pérolas nascem do sofrimento, mas também da felicidade. Nem tudo sucumbe ou fenece no fogo, na fumaça que anoitece a chuva. Porque caminhar sobre as pedras, confrange-te a viver os muitos depois, desde os breves estampidos à escuta solitária, do caderno inumerável à necessidade de reintegrares-te a cada momento. De quando te inscreves em algo inquisitivo. Do intuir e do ficar perplexo. O nexo que te adivinha. Então, passas a medir-te pelas águas e transformar todas as dores e todas as faltas num dilúvio.


Fortuna crítica:

Luís Filipe Pereira

Uma tristeza enorme o que se passa na Amazônia , o texto tradu-la bem.

Francisco da Cunha

Um texto de qualidade composto em atmosfera, diria, de quase sentido elegíaco. O poeta (no sentido de vate, daquele, vê mais longe), tem os olhos em geral atentos e vigilantes voltados para o que acontece no mundo, num continente, num país específico. Ele solta as asas da imaginação a fim de não só denunciar os males dos homens, mas também de transformar a realidade tenebrosa, desumana, indiferente, em linguagem literária. Poesia também é combate. Nem é preciso citar nomes, lugares, tema situação trágica, nome dos bois para sabermos do que se trata num poema assim elaborado, mal saído do forno, contra as absurdidades dos homens dos homens. O desenho, por si só, reforça a realidade tenebrosa a que podemos chegar em tempos de obscurantismo múltiplo.

Claudia Manzolillo

Apocalipse que se constrói a cada dia. O homem não aprende as lições do passado e incendeia o que não valoriza. Esquece até da sua própria casa. O que se vê hoje? Matança em todos os sentidos.

Marcio Sales Saraiva

Lembrei das queimadas

Geozenira Alves Nogueira

Poeticamente lindo! Triste, sentido na pele. Maravilhoso, você existir.

 

Adquira seu exemplar com a autora pelo facebook: https://www.facebook.com/tere.tavares.1




quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Publicação do livro LUZ



                                                                 Capa: Tere Tavares

Publicar um livro é sempre um desafio, por mais que tenhamos publicado outros livros anteriormente. Cada livro cria a sua correnteza estética e ética, os seus caminhos e estranhamentos. Há acertos e há falhas, mas nunca falta a ardente razão criativa que nos faz escrever. Tudo é novo e tudo é diferente. Estamos celebrando a nossa ousadia e trazendo ao mundo o livro LUZ. Que se torne leitura. 

Tere Tavares



Prefácio de Amanada Kristensen

PREFÁCIO LUZ

 

Esta página é redutora e por isso contrasta com toda a prosa vaga-lume que espera os olhos de um leitor atento e sensível à sua luz.

 

Como leitora privilegiada da obra Luz (2024), de Tere Tavares, sou capaz de afirmar que o ato de me embrenhar em suas escre(vi)vências, ainda no prelo, permitiu-me, ao longo de diversas atualizações quanto aos sentidos dados e (de)formados pela autora, (re)edificar um alargamento subjetivo de meus horizontes de expectativas.

Isso implica afirmar que a recepção da obra de Tavares levou-me, pela constante desconstrução do familiar – proposta, especialmente por meio do potencial semântico de suas combinações lexicais posteriormente recuperadas – a um enriquecimento não só metalinguístico quanto ao que considero, por exemplo, o fazer literário, mas especialmente, ao aprofundamento de uma percepção dialética acerca da corporificação sensível-estética de conceitos abstratos  relativos à natureza humana, como a inadequação x harmonia; superficialidade x profundidade etc., dando a tais duplos abstratos carne e osso por meio do complexo existir de personagens densos.

Como prefacerista, e já na esfera do que conhecemos como crítica literária, tenho de admitir que elaborar meios didáticos para descrever o efeito estético da prosa poética de Tavares, fez-se matéria sisífica: quando pensava chegar ao topo das tentativas de parafrasear a experiência da substância literária propositada pela autora em seus dizeres, percebia-me apenas limitada à superfície estrutural de sua obra ou, até mesmo, à estagnação do susto ante um fazer literário-artístico absolutamente original; teriam assim penado Wolfgang Iser e Benjamin Moser para, respectivamente, adentrar a literatura de Dickens e Clarice Lispector?

 Embora ciente de minhas deficiências perante o inefável prazer estético a que fui submetida, considerarei meios passíveis de descrição proposicional quanto à recepção da obra da autora que articula conto, crônica e aforismo[1] para abordar especialmente a metalinguagem e a dissecação de consciências que, nitidamente, conflitam entre id, ego e superego, expressando a partir de seus comportamentos discussões filosóficas, sociais e afetivas acerca das emoções humanas. Para ilustrar faces desse contexto artístico de produção, recorrerei, especialmente à crônica metalinguística e filosófica Desescrever e ao conto O pássaro, marcados respectivamente por monólogos e fluxos de consciência complexos e representações alegóricas das sensações e comportamentos humanos.

Em Desescrever, a temática da metalinguagem, ou seja, dlinguagem literária que se debruça sobre si mesma, propõe a palavra literária enquanto palavra desnuda que preenche artisticamente o ser-poroso: o homem moderno que, embora cheio – de si e de saberes – existe amplamente fragmentado. Aproximo a proposta metalinguística de Tere Tavares do dizer literário enquanto dizer nu, pois como insinua o próprio título, Luz lança um Fiat lux aos olhos gastos de leitores habituados à (des)informação em excesso advinda por intermédio de uma palavra gasta cuja couraça ideológica – repleta de pré-conceitos – é preciso despir.

 O poeta amazônida Thiago de Mello anteciparia esta percepção da linguagem em Silêncio e Palavra, direcionando-nos que A couraça das palavras/ protege o nosso silêncio/ e esconde aquilo que somos. Tere Tavares, por sua vez, vem nos mostrar que a linguagem literária deve estar além da couraça: é preciso (res)semantizar as conceptualizações do homem, ou seja, seu processo de compreensão de si e o mundo, desmistificando-as. Nas palavras da autora quanto à linguagem literária: O dizer é intocável por conter a impassividade do verbete ágrafo, por refutar as obviedades. Nunca toques as palavras miseráveis, deixa-as morrer em pré-palavras entre as intolerâncias das coisas gastas”.

Diversas combinações lexicais propostas por Tavares como verbete ágrafo geram um efeito de estranhamento no leitor pensado, o que Umberto Eco chama de Leitor-Modelo. Este, num grau complexo de informações enciclopédicas que não devemos aqui desconsiderar, é direcionado a um caminho de apreensão dos sentidos pelo desmembramento de contínuas construções semanticamente paradoxais e inicialmente irreconciliáveis; afinal, um verbete propõe conceituar verbalmente, ou seja, pela grafia, pela escrita, um conceito. Ao propor que a linguagem literária é impassiva e comporta-se tal qual um verbete ágrafo, Tere Tavares confirma um dos diversos aspectos cognitivos gerados pela literatura moderna, que é a movimentação e deformação semântica: a expansão da fronteira entre a experiência humana e a articulação linguística, reforçando aspectos icônicos da linguagem, fazendo-a próxima das sinestesias. Para o teórico da literatura Gellhaus (2012, p. 7) “[...] a literatura trabalha no limite do não-proposicional e cria novas formas de articulação [construindo] modelos para a percepção de realidade e para a reconstrução de experiência”. Considera-se que o âmbito do não proposicional abarca “[...] impressões sensoriais imediatas e pré-linguísticas, como experiências de sons, cores, odores e impressões táteis, mas também experiências altamente complexas, marcadas emocionalmente, como traumas e recordações” (Gellhaus, 2012, p.7).  A temática metalinguística de Tavares antecipa, pois, o próprio percurso existencial de suas personagens que, geralmente, em sua nítida ingenuidade, antes sentem a mágica epifânica das coisas, que podem descrevê-las. Agem como se percebessem, por exemplo, um arco-íris como o olho nu do mundo e embora quase não o possam descrever como um fenômeno óptico e meteorológico, são capazes de experenciar sua beleza; assim, as personagens de Tavares direcionam o leitor antes à sensação dada pela linguagem literária que à proposição lexicográfica desta.

No conto O pássaro, por exemplo, o leitor é apresentado a uma ave que já no nascimento passa por diversas dificuldades para ser-no-mundo e que, posteriormente à maturidade, perde sua característica genuína: a capacidade de voar. Aproveitando-se do símbolo do pássaro para propor uma alegoria do comportamento do Homem, Tavares aborda desde o abandono afetivo nos primórdios da vida até a sensação de uma existência absolutamente podada em sua própria natureza, uma vez que o pássaro perde a capacidade de voar e lhe resta uma “cicatriz circunscrita no dorso, o desequilíbrio do corpo e a humilhante condição psíquica”. Embora inundado pela incompletude, o pássaro prossegue, fincando sua pulsão de vida no ensinamento dos filhos rumo ao ápice de suas existências: “[...] o inevitável e definitivo voo que é o sonho e o prazer inerente de todas as aves sãs”, até que possa, finalmente, “descansar da vida”: “ele se pôs sob uma árvore ressequida, cerrou os olhos, cabeça pendida sobre o peito, imaginando o que fora anterior à tragédia de não mais ser, até que o céu o recolhesse”.

 O leitor é levado a rememorar suas incompletudes e, em seu imaginário, enquanto persegue o caminhar existencial do pássaro, acaba por associar sua condição à sua própria catarse – a um efeito transformador – que o direciona ao exercício reflexivo-hipotético acerca do que vem a se configurar uma natureza humana que não pode exercer seu fim humano: um homem que não encontrou o amor? Uma mulher infértil cujo sonho era ser mãe? Uma filha que, amando a mãe, jamais pôde receber esse amor de forma recíproca?  O sofrimento patológico de um acumulador de riquezas incapaz de perceber a fome do outro? Muitas seriam as possibilidades proposicionais, mas nenhuma delas é mais semanticamente profícua, no sentido de ressemantizar o que conhecemos por inadequação, que a recepção da sensação dolorosa de (re)conhecer sensivelmente, num pássaro sem asas, sua total perda identitária. Ainda quanto a esse conto, em seu desfecho, a narradora propõe uma reflexão filosófica acerca da incompletude dos sujeitos, que parece (re)problematizar a própria natureza do ser humano – ser necessariamente incompleto que continua sendo, mesmo sem quase poder sê-lo: “Ser-te eu quando nem mais. Remar mesmo sem asas, porque se foram. Remar, em ti, as fraturas do sem mar”.

Comportando-se tal qual a personagem do conto Saga, Tavares é uma “[...] grande mulher que mesmo na estiagem chove”. Resta, então, ao leitor moderno acomodado às prosas gastas fazer-se capaz de, como uma criança que engatinha o mundo, esquecer-se um pouco do conforto adulto da água morna do chuveiro elétrico ou da couraça das palavras e aventurar-se a uma chuva de Luz jamais passível de repetição, mesmo num calendário de 365 oportunidades, ou num repertório tão numeroso tal qual o é a Literatura Brasileira Contemporânea.

Amanda Kristensen

 

Escritora das obras Pelas Frestas, Entre-Terras e Os segredos de Vó Trudes.

Doutora em Letras, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Mas principalmente amiga, admiradora e leitora de Tere Tavares.

 

 

 



[1] O aforismo é um gênero na fronteira entre o literário e filosófico. Propõe definições breves pautadas pela subjetividade. A forma aforística em Tere Tavares perpassa por um dizer poético e é definida pela autora como “fragmentos de luz”. Dentre os diversos ‘fragmentos’ propostos pela escritora ilustra-se sua definição quanto ao valor da arte estar menos na questão autoral e mais na matéria artística: “O valor da Arte está no que, a ela, se dispensou de trabalho até autografá-la”.

 


                       Posfácio de Giovanni Francomacaro, Itália

Posfácio LUZ

"Madame Bovary sono io" dichiara Flaubert, volendo così affermare che in ogni personaggio l'autore mette un po' di sé stesso; pertanto ogni racconto potrebbe essere inteso come una biografia in cui l'autore gioca a nascondino con sé stesso.

Tere Tavares non mente, non si nasconde, possiede una scrittura che non posso definire in altro modo che limpida; nelle sue storie non appare il percorso di un personaggio e nemmeno la cronaca di una vita, ma la storia di una trasformazione; c'è una ricerca del sé più intimo e questa ricerca avviene proprio come i suoi disegni: con tratti privi d'incertezza che fluttuano decisi e sicuri come il volo di un colibrì.

Il senso delle storie di Tere è ricercare la propria unicità che si può manifestare solo nel proprio io; ma non l'io egoistico, che sconfina nell'ego, ma l'Io importante, perché portante di una intera esistenza che non può terminare con la parola fine ma si rinnova ogni volta con la parola "conoscere", una parola che nasconde fra le pieghe delle lettere una parola ancora più misteriosa: nascere, e rinascere.

Tere Tavares è inquieta come la sua terra, rivolta emozioni come fossero sassi conficcati nel cuore, non si nasconde ma combatte contro la crudezza del mondo e della vita, e si pone di fronte al male con la sua arte, che innalza come uno stendardo, oppure un'arma che invece di uccidere genera vita.

Giovanni Francomacaro, Itália.

 

Posfácio  LUZ – Tradução por Tere Tavares

"Madame Bovary sou eu" declara Flaubert, querendo, assim, afirmar que, em cada personagem, o autor põe um pouco de si; portanto, cada história pode ser entendida como uma biografia em que o autor brinca de esconde-esconde consigo mesmo.

Tere Tavares não mente, não esconde, tem uma escrita que não consigo definir senão clara; em suas histórias não aparece a trajetória de um personagem ou mesmo a crônica de uma vida, mas a história de uma transformação; há uma busca pelo eu mais íntimo e essa busca se dá exatamente como em seus desenhos: com pinceladas livres de incertezas que flutuam decidida e confiantemente como o voo de um colibri.

O significado das histórias de Tere é buscar a própria singularidade que só pode se manifestar no próprio eu; mas não o eu egoístico que faz limite com o ego, mas o eu importante porque é o portador de toda uma existência que não pode terminar com a palavra fim, mas se renova, a cada vez, com a palavra "conhecer", palavra que esconde, entre as dobras das letras, uma palavra ainda mais misteriosa: nascer e renascer.

Tere Traves é inquieta como a sua terra, revira as emoções como se fossem pedras confinadas no seu coração, não se esconde, mas luta contra a crueza do mundo e da vida, e enfrenta o mal com a sua arte, que ergue como um estandarte, ou uma arma que, ao invés de matar, gera vida.

Giovanni Francomacaro, Itália.

 




 


                                                     Capa: Fotografia da Autora, Tere Tavares

domingo, 26 de maio de 2024

TERE TAVARES - CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DE LITERATURA DE AUTORIA FEMININA PARANAENSE- UEM

 

Meus livros publicados

Há um certo tempo, consto na Universidade Estadual de Maringá- UEM-PR, no Catálogo de Autoras/Escritoras de Literatura Parananese: o CEDOC- LAFEP. Houve uma atualização e a disponibilizo aqui, nos links, para consultas, leituras e divulgação. O texto abaixo, fala sobre o projeto bem como seus objetivos. Sinto-me honrada, agradecida e alegre por obter esse reconhecimento, não apenas meu, mas de muitas outras Mulheres Autoras de Literatura do Estado do Paraná.

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"CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DE LITERATURA DE AUTORIA FEMININA PARANAENSE
A literatura brasileira de autoria feminina, conceituada não a partir de clichês essencialistas e/ou sexistas, mas como produção literária construída a partir da perspectiva sociocultural da mulher, frequentemente, subversiva em relação às práticas socioculturais de inspiração patriarcal, consiste em uma realidade relativamente recente e tardia em relação a certos países estrangeiros: só a partir de meados do século XIX é que podemos falar no tímido início de uma tradição literária de autoria feminina no Brasil. De modo especial, o Paraná, sendo um estado com características tradicionais, considerado marginal em relação aos grandes centros culturais do país, acaba por ter potencializadas as dificuldades da consolidação da tradição literária de escritoras locais.
O Centro de documentação de literatura de autoria feminina paranaense (CEDOC-LAFEP), ideologicamente alicerçado em uma postura de revisão e de problematização dos saberes hegemônicos, constitui-se como espaço (sempre em construção) de divulgação da produção literária de escritoras paranaenses, bem como fonte e estímulo de pesquisa acerca dessa produção literária, em certa medida, ausente do cenário da História da Literatura Brasileira. Sendo assim, seus objetivos são promover a visibilidade da literatura de autoria feminina produzida no Paraná; fortalecer a pesquisa acerca da literatura de autoria feminina; e contribuir para com o desenvolvimento dos estudos feministas e de gênero.
Apesar da invisibilidade no âmbito nacional e, em certa medida, também local, existe uma vasta produção literária de mulheres no Paraná. Ocorre, no entanto, que diferentemente dos grandes nomes, obviamente masculinos, da literatura paranaense, essa produção, do mesmo modo como tem ocorrido com a literatura de autoria feminina em geral, não tem conquistado a credibilidade do mercado editorial nacional. Sendo assim, fica restrita à circulação correspondente às editoras de pequeno porte, sejam elas paranaenses ou de outros estados, quando não, àquela que pode alcançar as chamadas “produções independentes”.
O CEDOC-LAFEP orgulha-se em pôr luz nessa tradição literária situada, pode-se dizer, à margem da margem, ao mesmo tempo integrante e dissidente da já conhecida (não sem muito esforço) tradição literária de autoria feminina brasileira, ela mesma, integrante e dissidente da Literatura Brasileira!"
Lúcia Osana Zolin- Coordenadora do projeto.
----------------------------------------------------------- Links de acesso:

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Consigo inventar a partir do que sinto - Texto do livro Meus Outros - Fortuna Crítica

Consigo inventar a partir do que sinto

Se não, o que sinto?
Penso que a ficção serve em demasia a quem quer se descobrir, e, se tudo não será o início de tudo ou a sua continuidade inacabada.
E eu, alma autocrítica que permite somente a visão das frestas, o subterfúgio imperfeito no pouco que transporto para o papel, sou igualmente falha, sou a fraude menos enganosa, o fingimento menos mentiroso.
Talvez, o único personagem válido seja aquele com a existência em toda a realidade de não existir. Não tenho Pedros, Marias, Alexandres, Joanas, nem Josés.
Com o que digo e entendo de mim, das coisas, reservo algumas mensagens que apresentam um ser meu ou de outrem – supostamente nascido.
De verdade – e aqui a melhor morada de poder confiar sem receio de não haver compreensão – gosto da indômita procura, do escuro que cria espaços para deflagrar a luz, dos arredores que conduzem o centro.

Francisco Da Cunha

No seu texto, denso de subjetividades, Tere, ficcional ou mesmo poético ou poético-ficcional, a escrita literária me lembra por vezes, um poema de Fernando Pessoa, ou seja, uma afirmação é contrastada por um negação, como nas aporias, no luz e sombra, no céu e no inferno, mas é uma narrativa, neste caso aqui, de viés metalinguístico, na qual fala o narrador da própria forma de se exprimir, de fazer literatura com ideias, num diapasão que vai de um extremo a outro do mundo do pensamento interior e dos sentimentos íntimos indevassáveis do personagem. Mas, sem citar nomes de personagens, segundo assinala o texto, cria-se, destarte, no corpo do enunciado, uma multidão de caminhos, de atalhos, com notas autorais, ou mesmo autobiográficas filtradas pela criatividade da narrativa que jamais dará ao leitor o pulo do gato, porque, se o fizer , o texto se revela e, desta maneira, , se livra daquilo que é bem precioso na ficção: as ambiguidades, quer nas ideias ou pensamentos de quem narra, quer no desafio que o crítico vai encontrar para o deslinde da complexidade própria da ficção contemporânea.

Raquel Gallego

Si, Tere, buscadora indomable!!!! Tus hallazgos son el regalo que le haces al mundo!!

Severina Etelvina Silva

E eu consigo perceber a partir do que vejo, a beleza que a natureza vai deixando no caminho, o perfume que os jardineiros vão deixando no ambiente. Tere Tavares é uma honra ler seus textos e ter-te em minha vida. Se a alma caminhante se deixa encontrar o coração prepara a morada para os viajantes.

 


quarta-feira, 13 de março de 2024

Texto - Clemente - do livro Entre as águas- Tere Tavares - Fortuna Crítica

 

                                    Arte:Tere Tavares - Pescador ao pôr do sol.


Clemente

O sol sumia por entre as pedras entristecidas. As ondas, como enormes maços de nostalgia, esparramavam-se incansavelmente sobre a imensidão difusa da praia.

Era uma vez um desvairado pairando sobre a vastidão. Atravessou a crueza da sombra e foi ter com os rochedos. Era possível que estivesse num lugar onde provasse toda a sorte de sensações. Seu objetivo era o lado oposto. Lá encontrou ondas maiores e ameaçadoras. Alguém vendia ilusões a cinco reais.

Resolveu retornar ao lugar de onde viera. Sentia-se vigiado. Sequer se lembrava dos seus. No brilho dos finos grãos de areia, como redigidos por uma estrela de meio-dia, lia-se o motivo de cada ser que ali houvesse aportado. Seriam legíveis aos outros os passos que dava na mesma proporção que lhe eram nítidos os rastros dos outros?

O desvairado, contorcido pelas bifurcações do pensamento, almejava estar diante de outro cenário.  Mal podia conter o torpor da sua terrível ansiedade. “Deves sentir cada direção escolhida, seja como for”. Aplaudiu ao sinal como quem se agarra ao intransponível. “Terás de sentir também esses ares recém-plantados, e os infinitos. Queres? Quem sabe as areias movediças? Não recomendo que te satisfaças tão rapidamente”.

Atendeu sorrindo com a febril consciência de um ponto sem ponto. Provara a todos e a si mesmo – a mente liberta o fazia sentir-se lucidamente fecundo, eufórico. O primeiro nascimento, o segundo viver, o terceiro término. Não lutou contra a canção espiralada no peito. Brincou com os seixos. Guardou alguns búzios. Não se tornaria opaco outra vez. Era como se repartisse a própria vida sobre um tabuleiro interminável, o delírio cinza e sublime – sem perceber a loucura que o acompanharia até o céu. 

Tere Tavares, livro Entre as águas, Contos, 2011.

 

Francisco Da Cunha

Texto belíssimo tanto nas descrições quanto na narração.Antes de tudo, é um texto lírico entre contrastes e alegiras UM texto em que os eleitos inanimados se ani.izam ao mês.o tempo,realizando uma simbiose de beleza de pensa.entos saudáveis a alusões não bem aceitas pela voz narrativa.

A narrativa é de terceira pessoa, mas as frases da enunciação aspeadas parecem ser como se fossem orientações conduzidas pelo narrador de terceira pessoa. A linguagem da autora, através do discurso tanto do narrado quanto do que ouve um personagem interlocutor, por vezes, dá a impressão de que que são uma mesma personagem transitando do discurso do enunciado para o discurso da enunciação. Essa é uma estratégia da autora para lidar com a complexidade da história que é transmitida a nós, leitores. O mais intrigante ou instigando é que a disjunção do narrador de terceira pessoa com o discurso do narrador da enunciação, se causam embaraços de vozes narrativas, ela, a disjunção é compensada pelo todo do texto em si. Que dirigimos nosso olhar para as ideias e pensamentos do texto. É nesse ponto que o tema de alguém determinado a atravessar para um outro lado pelo que o texto diz ou oculta torna a história de alguém muito palatável e atraída a amar a continuidade na leitura dessa narrativa, como disse, permeada pelo lirismo, pela poeticidade textual. No discurso narrativo, no chamado "récit”, o ponto mais elevado da comunicação literária se faz graças ao poder e magia encantaria da linguagem que desliza suavemente, por assim dizer, na realidade entendida no plano individual pelo recurso do lirismo envolvente e pelas ideias transmitidas através de dois espaços literários: o da ida e o do regresso. Penso que ler uma narrativa de Tere Tavares é adentrar no reino da poesia de mãos dadas com a prosa. Ler essa autora é predispor-se a enfrentar a magia, a fábula, a indeterminação, o domínio do oráculo, ou, por outras palavras, a entidade pelo espelho de Carroll. Enfim, é penetrar na desautomizaçâo exigida como um vetor sofisticado do sublime poético.

 By Francisco da Cunha e Silva Filho, RJ

Geovane Fernandes Monteiro

Encantador seu texto, Tere! Consegue com maestria conduzir o leitor a soltar as mãos e abrir os olhos diante da linha malabarista da boa e confiável literatura. Havemos de cair? Eis a responsabilidade que o texto de Tere Tavares nos possibilita.

Giovanni Francomacaro - Itália.

Dipinto stupendo! E Stupendo anche il brano. Non so spiegarti perché ma nel Folle , pellegrino, ho visto l'anima femminile. La follia appartiene a chi non sa dove si trova e dove andare. Il tuo folle ha in se la sua meta: l'inferno e il paradiso, il cielo e la terra, e l'abbraccio del mare che tutto sublima. Clemente è una Donna.

Tradução by Tere Tavares: Pintura incrível! Estupenda também a canção. Não consigo explicar porquê, mas na Loucura, peregrinação, vi a alma feminina. A loucura pertence àqueles que não sabem onde estão e para onde ir. Sua loucura tem seu objetivo: inferno e céu, céu e terra, e o abraço do mar que tudo sublima. Clemente é uma mulher.

In facebbok em 12 03 24
lhttps://www.facebook.com/tere.tavares.1/posts/pfbid08LhJDK6Fc6Z66ZrUTb8Nag8wFqGaP1UXU6EFQScDinUwuco2jjRis96Q5CXy7edml


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Odara - Conto de Tere Tavares - Coletânea "A arte pela escrita IV", PT - Fortuna crítica

 Odara

Matura-se em fases tão irresignáveis quanto é certa a sutileza das mudanças, sendo invariavelmente o resultado do que imagina sem evidenciar o que aparenta ao olhar alheio – um desabafo pretérito e inescrutável.
Às vezes pensa em enviar-lhe o último sentimento que o navegou, o passeio que reescrevera no ontem. Lembra-se das coisas que, quase inconfessavelmente, lhe confessou. Conhece-a talvez mais profundo do que alguém que tenha convivido consigo, entretanto, é tão triste perceber que jamais lhe dirá que um dia a percorreu, quanto mais que esteve tão próximo do seu amor, que foi lancinante a voz da razão a retorná-lo, quiçá, a um porto seguro – aprendera com o tempo e guarda isso para sempre – é grato por cada palavra que não trocaram, por cada devaneio que, mesmo agora, ao rebuliço de lembrar-lhe o sorriso, se avizinha dele, na mente, na pele.
No alto do seu quinhão de vida nunca perdeu a importância, como se reconhecesse entre todos os anônimos uma alma similar à dele, à curiosidade, à inquietude que, mesmo madura, ainda o habita – e como reconheceria a si mesmo no que desejava se assim não fosse? Fora tão pudico, fora como é, tanta a demora, a fugacidade de estar naquele lugar, naquele dorso irresponsável. E se pergunta sem encontrar resposta ou repelindo-a: porque algo tão breve fora suficiente para impregnar-lhe o resto de todos os seus dias?
Ainda não conhece toda a química com que foi feito. Fora do seu espaço há outros espaços que o incitam indefinidamente à busca. Como não identificar-se no que explora, como sendo ele próprio a descobrir-se? Do contrário, como nasceriam, quanto se tatuariam de si os ocasos do mundo?
Nas linhas cujo espelho inevitavelmente o reflete, não é possível refletir – suspenso como um ponto hesita entre ser sensato ou enlouquecer. Percebe que as margens jamais se encontram e, talvez por isso, permaneçam inseparáveis singrando, indeléveis, o placentário espaço de onde tudo surge.
Com deuses bons e maus a lhe agarrarem o pensamento confia nas palavras como alguma coisa que não degenera. “Mesmo que o amanhã não surja não será por que o mataste, mas por que terás morrido antes que ele chegasse”.
Ouve de um Sadhu que a verdade não supera a busca pela verdade. E que belas sílabas sibilam por entre os minutos esculpidos de sua presença. Vê-se como um anjo azul que se recusa a cair, um velho cancioneiro que ainda é juventude.
Texto: Tere Tavares publicado na Coletânea "A arte pela escrita quatro" (2014),
Mosaico de Palavras Editora, e EscriitArtes.- Portugal -PT Fortuna Crítica:

Marinella Dina: Solo tu hai questo potere di descrivere queste sottigliezze dell'anima che rendi così flessuose, lineari, che le vediamo anche noi con i nostri occhi. " Si rende conto che i margini non si incontrano mai e, forse, per questo, rimangono inseparabili singendo, indelebili, il placentario spazio da cui tutto sorge." C'è molta filosofia in ciò che scrivi, nascosta negli anfratti. "il pensiero si affida alle parole come qualcosa che non degenera." C'è l'uomo, la donna, che descrivi nel suo andare nel mondo, viandante, che ci pare amico perchè lo riconosciamo come amico, amica, come noi stessi siamo. Ogni volta rinnovo il piacere della scrittura che accarezza l'anima... prosa poetica d'altissimo 
livello. 

Carlos Ricardo Soares
Sempre gratificante e inspirador ler e pousar os sentidos sobre as possibilidades das palavras que escreves como se as inscrevesses com um estilete na superfície de barro do mundo, e tacteá-las com os olhos.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

TEXTO: "Minah" -do livro de contos "CAMPOS ERRANTES' - 2018 - Tere Tavares - Com fortuna Crítica

 Minah

Hoje se cumpre algo mais que uma razão para sorrir um vento mínimo que se instala na garganta e alcança os pulmões adoecidos de uma alegria quase incandescente. Ardoroso é o torpor que lhe sai pelas narinas de um tempo tenro e terno como quando havia idades pequenas para segredar a orfandade não se sabe por que pacto reza ou culpa. Os afinados esmeros do trajeto, sem ordem alguma, debulham-se como finas e longas pernas de ave, como se beijassem seu futuro, ainda sem forma e sem lágrima, por que oculto nas ondas proibidas pela febre e pelo ar pegajoso, rijo como uma pedra que lhe cai sobre os cabelos de ouro, deixando-lhe o contraste de uma paz nunca escrita – a órbita a cada guerra. Há quem de si tenha saudade. Aquela de ter sido. E de ter-se ido. A respiração sem angústia seguindo-se nos entretantos, serenando-se em toda a ação que foi olvido, armadura.
“Tudo muda no pouco que me alcança com um capricho silente, casto. Pertenço a essa inescapável condição humana que, por ser excessiva, é quase nula. Só os ossos sabem sobrar nessa estrutura amarga. Quero distanciar-me do diz-me o que não és para que eu diga o que nunca sou ou fui – como essa habitação que se salvou das explosões. Quero uma gota de água que deixe os lilases menos cordatos. Quero esperar tranquilamente pelas espáduas setembrinas e pelas estrelas inconsumíveis enquanto regresso à casa das rotulações inclinadas. É o sabor da novidade que espreito nas diferenças que sobejam entre a sabotagem e o jogo. A palavra ausente de impurezas”.
Minah inebria-se. Consumição acima dos rios ainda não conhecidos pelos mastros dos navios. Rabisca um firmamento particular, um planeta novo, um coração intocado, sem ser a inapta atitude da servidão. Colhe o arpejo, recolhendo-se como uma ostra. Por mais que ela se esforce, só diz que não encontra forma de dizer onde termina a sensibilidade – esse precioso sentimento que perfaz a grandeza de ensinar e aprender. Finalmente, se prostra por ser pequena, e quão pequena, para suportar a enormidade. Que a passagem sabe-a infinita, sofrida, assustadiça, mas também salvadora. Porque os olhos nunca se calam nem abafam o canto.
do livro "Campos errantes" contos -Editora Penalux, SP - 2018 by Tere Tavares. Fortuna Crítica:

Francisco Da Cunha

Trata-se, enfim, de uma narrativa que, de forma harmônica, une poesia, ficção e um viés filosófico, porquanto é, no plano da inventividade de sentimentos e ações, de abstrações e concretudes, de antinomias que, muitas vezes, encontro em alguns versos pessoanos. Ou seja, o texto de Tere é plural afirmativo, negativo, contraditório, mas todo ele é permeado do poético. É difícil aprender-lhe as estruturas temático-linguísticas ou metalinguísticas nessa escritora que me parece escrever por encantamento diante da palavra escrita e do pensamento múltiplo de que se reveste sua performance e competência literária. Não é uma escritora que se presta aos esquemas de alto nível de narrativas do século XIX, quer dizer, de uma forma, ainda que genial, da tradição literária. Ao contrário, a sua narrativa, que é de tessitura contemporânea, mas sem abdicar de sabores clássicos percebidos semanticamente aqui e ali, centra-se mais em dois pilares básicos: a) na poeticidade e b) na linguagem voltada para si mesma como forma de tentar entender ou interpretar personagens, conflitos individuas ou coletivos, ações, tramas, espaços, tempos e sobretudo procurar dar um mergulho na precária e imprevisível condição da existência humana.


Francisco Da Cunha

TRECHO FICCIONAL DE SEU LIVRO ACIMA-CITADO. É UMA EPIFANIA PRA MIM. AO LER O TEXTO POR INTEIRO E ME DELICIAR ORA COM AS BELEZAS RETORICAS PELA VIA DA POESIA, ORA PELAS TRISTEZAS QUE TEIMAM EM CHEGAR A MIM , LEITOR APEGADO AO TEXTO LITERÁRIO TANTO EM POESIA QUANTO EM PROSA. ESSE TRECHO É ADMIRÁVAEL E ME PARECE PERMEADO INTEIRAMENTE DO LIRISMO, MAS DE UM LIRISMO AINDA RESISTENTE A LAMENTAÇÕES DE CERTO LIRISMO DA TRADIÇÃO LITERÁRIA, VISTO QUE, A MEU VER, SEU TEXTO TEM UMA SINTAXE HÍBRIDA DE SABOR ,POR VEZES, CLÁSSICO, EMBORA O SEU MODO DE NARRAÇÃO SE SITUE NO PRESENTE DE UM TEMPO TÃO DIFÍCIL À HUMANIDADE. TRECHO FEITO DE BONDADE E DE PRESSÁGIOS, DE ALEGRIA E PESARES, DE POESIA E FICÇÃO, SEGUNDO JÁ MENCIONEI. HÁ ALGO TAMBÉM DE BARROCO, MA NECESSITARIA DE MAIS LEITURA, OU SEJA, DA LEITURA POR INTEIRO DA OBRA EM QUESTÃO. AQUI LHE FAÇO UM BREVE COMENTÁRIO QUE NÃO CHEGA ÀS EXIGÊNCIAS PROTOCOLARES DE ENSAIO NEM MESMO DE UMA MERA RESENHA. SÃO REFLEXÕES QUE O SEU TRECHO NARRATIVO DESPERTAM NESTE VELHO LEITOR DE LITERATURA TANTO BRASILEIRA SOBRETUDO, QUANTO ESTRANGEIRA TRADUZIDA OU LIDA NO ORIGINAL. MEUS PARABÉNS PELO SEU TALENTO VERBAL. DEUS A ABENÇÕE, QUERIDA AUTORA.

Francisco Da Cunha  

Que texto refinado na sua linguagem diferente! Quando digo diferente é porque me impressiona a conjugação entre o pensamento do narrador e a forma de linguagem de lugar comum Seria essa a linguagem que se aproxima da poesia. de um parágrafo mais extenso cujas frases se sobrepõem umas às outras a fim de produzir no leitor um sentimento de interioridade É una prosa incomum que nos propicia sentidos novos;como se estivéssemos a ler um poema falando sobre ações humanas de mistura com referências múltiplas a todos os seres da Natureza .Abracos, Tere

Sandra Maria De Andrade Freitas

AHHH, querida e talentosa Tere Tavares, tua escrita recria "um firmamento particular" quer na exigente forma... quer na emoção de um conteúdo para encontrar "um planeta novo" seja ele fisico e/ou ficcional!!!! Bjs, querida amiga, que por generosidade de talento, recorre às tintas para dar contorno das artes plásticas à tua brilhante escrita!!!!

Joao Pinto É uma prosa intimista, me parece mais poética onde o símbolo predomina como criação. Bravo, sua escrita sinuosa onde o adjetivo faz-se como teia solta e se precipita.



Arte: Tere Tavares


segunda-feira, 12 de junho de 2023

Poema do livro Diário dos inícios - de Tere Tavares - Fortuna crítica

 

       Livro Diário dos inícios - poesia- 2021- Matanoia Editora, RJ
              https://loja.metanoiaeditora.com/diario-dos-inicios
                                                                     Foto: Tere Tavares


Impasse
Talvez ouçam as súplicas de um sonho enorme
Que não cabe na casa
A luz asperge sons. Nada arrefece a sensação de pânico.
A face é pequena para esses embaçamentos frios
É outro o sabor das luas minguantes.
Nenhuma folhagem entre ir e vir
Sobra rigidez entre solo e água
Entre vidro e madeira.
Casa sem curva. Desvalimento.
Antes de tudo: o Lar.
******


Fortuna crítica:

Marinella Dina
Lasci sempre dentro chi ti legge un senso di appartenenza, un suono poetico che si fa sigla, impronta comune a tutta l'umanità. Pochi riescono come te a uscire dal limite della propria personalità e a rendere il linguaggio accessibile universalmente, Non mi stupisco ma mi rallegro che molti si siano accorti della tua speciale poetica. Universale. Pulita, accorta. Un forte abbraccio e sempre grazia.

Angela Fagundes
"É outro o sabor das luas minguantes" As frutas são mais doces, mas a ideia de "minguar" acho que leva às lágrimas... Amiga querida, amo a sabedoria que você trabalha seus poemas.

Raquel Gallego
Simple, profunda y conmovedora como las pequeñas grandes cosas cotidianas.Gracias.

Adir Luz Almeida
Tere Tavares , suave como um pequeno punhal. Adorei, como adoro o seu estilo, muito próprio, de escrever. A imagem só atinge em cheio.