quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Texto de Tere Tavares com fortuna crítica

 Pré-agonia

Não importava o que fizesse. Não agradava. Grudava-se no seu aperfeiçoamento por que sentia um enorme prazer nisso. Era o que lhe importava.
Aquela iníqua aldrava não se negava à Andarilha de quatro trilhas e mil inteiros. Faria de efervescências os seus canteiros e de silêncios cônscios os reinícios, os bons vícios de que desfrutava sem tornar-se um Lama ou uma Madre Teresa.
Mas Quase. Por calar-se e submeter-se aos grandes ventos dobrando-se, se preciso fosse, até rente ao chão. Ouve de Alguém: “Escapar. Sem fugir. Somente escapar Andarilha”.
O Quase lhe ardia feito um copo de vinho vindo dos barris que continham os rastros dos Pisadores que, com gosto, esmagaram as bagas arroxeadas e negras; os Pisadores que, do fruto dos próprios pés, nunca conheceriam o sabor de um belo gole – pois que furtado anteriormente à safra – os Pisadores que seriam, pelo Quase, engolidos como uma superabundância frustrada.
Andarilha, ainda no Quase e no seu Agradar embriagava-se bravia e refratária. Escoava-se como um cêntimo dos poemas de São João da Cruz: “Não posso prometer que virei e, quando venho, sou sem duração, sem aviso e nunca sozinha. Creiam-me. Não pendo dessa ferrugem, nem desse erro grudado na minha garganta. Porque o Tempo”.
Quanto mais a noite prosseguia e a lua se anunciava, mais pronunciada tornava-se a sua memória, mais febril e frágil era a mina d’água que o agora lhe negava, guardando-se para quando findasse o vácuo, o desterro de sabê-la exilada da Terra. Diz-lhe outro Alguém, num insolvente obséquio, como se ressuscitasse a cada sílaba e sufocasse, do início até o final um sinto muito: “Esses nódulos espalhados pelo corpo, das palmas das mãos à planta dos pés, esses que com o mínimo pronunciamento reavivam-se, recidivos, são todos os nãos que deixaram e deixam de serem ditos. São esses nódulos que, irremediável e invisivelmente, nos curam. Só quando atravessamos o negrume estamos prontos para abraçar a claridade. O tempo humano não é o mesmo de Deus. Minha Menina. Sinto muito”.
Andarilha aprenderia sem, contudo, deixar de apreender, como se não lhe importassem as desculpas que o Mundo, insubmisso, lhe pedia. Seguiria no contrassenso da Garra, como um Gato aguçado pela essência de um Leão, discordando da máxima de Kafka: "Há esperanças, só não para nós".
“Todo nó tem o viés e o revés reavivado no Verde. Nós também. A luz só é importante porque a escuridão é necessária. Por isso me chamo Andarilha. Nada, além disso, me representa ou me precede com tamanha exatidão”.
do livro de contos A LICITUDE DOS OLHOS Penalux- 2016 Francisco da Cunha
É um trecho do livro "A licitude dos olhos" do qual li alguns outros trechos, mas não a totalidade, tarefa para depois. Entretanto, há algo que me intriga sempre nesses textos da Tere Tavares, algo cifrados, com muita simbologia, tanto de nomes patronímicos quanto de nomes de outra natureza animal ou não. O texto corre, e rápido, no ritmo desnorteante, num quase alucinação. O "entrecho" mal se percebe ( mas o há) nos faz pensar em coisas como um voz oracular com construções sentenciosas, aforismos, máximas etc., um desconcerto de caminhos e saídas na narrativa com tendência a citações que indiciam autores de primeira linha da literatura universal. Está-se diante de um texto com estrutura complexa, enviesada, apontando para direções várias no tempo, no espaço e na condição existencial. Sua hermenêutica exige aparato crítico de maior curvatura, pois nos desafia a penetrar em caminhos ínvios exigindo abrir clareiras da parte do intérprete. inclusive não podendo este negligenciar a questão de genologia e suas formas de narrativas contemporâneas.
Francisco da Cunha e Silva Filho.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Aquarelas de Tere Tavares - Fortuna Crítica

Obras em exposição no álbum Tere Tavares desde 2015 na: 
Álbuns de 1ª Bienal Virtual de Arte Contemporânea no Brasil
https://www.facebook.com/media/set?set=oa.954722444561576&type=3 

https://www.facebook.com/media/set?set=oa.954722444561576&type=3&av=100001419602233&eav=AfZNktABWcZ2XhMLhnksYAWeH_SYcBDqkyAfe8z6yRgGQfyXdGbfbZdftcVnevLY7ko

Tere Tavares 
Da série "Mulheres" by Tere Tavares Cascavel, PR, Brasil.
                   "Mulher que sonha com o mar" - Aquarela - 2014- TT
"Eva" Aquarela - 2015 -TT

                                          "A Bailarina" - Aquarela- 2015- TT


Alguns Feedbacks:

Bebe Schmitt disse: Me lembrou Marie Laurencin.
Raquel Gallego disse: Si, siempre es un bello dia, cuando las mujeres se reunen.... Cuando armé. Mujer babel, un movil con piezas de madera unidas por hilos... Pensé en una babel de mujeres hablando distintas lenguas pero entendiendose unidas en su. Condicion femenina.... Y esa babel no cae... Esa babel somos nosotras.
Dorotea Duval disse: Estas pinturas debes ponerlas más grandes, en un post directo. Son preciosas... Y, como los iconos ---y también como mis rosas, creo-- no tienen nada que ver con el arte de los artistas, del mercado o de las galerías: son textos, imágenes para leer, pura comunicación, alma pura y viva. En eso son iguales a la pintoras de Raquel Gallego. Me siento feliz de haberlas unido.
Raquel Gallego disse: Gracias por el recuerdo, compatiremos amistad y obras... El arte es como el chocolate, mas rico si se comparte.
Marinella Dina disse. L'arte è un punto di contatto unico e irripetibile. Il tuo modo di dipingere il corpo femminile parla di amore per il corpo, il nostro corpo femminile, così bello e così armonioso. La tua è una ricerca dell'armonia, che si esplica in tutti i dipinti che fai. Che siano fiori o corpi femminili è sempre della bellezza che si parla e di quello che suscita in chi la guarda: ammirazione. Ognuno ha un'ottica diversa ma il punto è sempre quella: la grazia, l'armonia, la bellezza. Dicono salveranno il mondo. Io lo credo. Grazie di avere pensato a me per la condivisione. E' per me un privilegio. Francisco da Cunha e Silva Filho disse: O QUE IMPRESSIONISTICAMENTE VEJO PRIMEIRO NESSA EVA SÃOS OS OLHOS DELA, A VIVACIDADE, UM BRILHO COMO SE ESTIVESSE QUERENDO NOS DIZER ALGUMA COISA COM O OLHAR. OS OLHOS FALAM PARA QUEM OS VÊ COM CUIDADO, COM VONTADE DE NELES PENETRAR E REVELAR-LHE OS SEGREDOS E MISTÉRIOS DE UMA BELA MULHER. AH, QUANTO O OLHAR DIZ DO TODO!

A MINHA ADMIRAÇÃO PELO QUE FAZ EM AMBAS AS ARTES: A DA ESCRITA PROSA/POESIA. E A DO PINCEL E TELA UNIDOS À IMAGINAÇÃO DA AUTORA /ARTISTA.PARABÉNS.


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Fortuna crítica do Texto Acácia - Original publicado em 2013 na Germina - Revista de Literatura e Arte

Rosas de Verão-2016- Aquarela - Tere Tavares



Acácia

Onde se esgarçavam os labirintos sorridentes do céu? Quando se despira a noite para que dançassem sobre si as estrelas?
“Os peixes beijam arbustos à linha da água que se perfila na argila da minha alma. Teu corpo. Eu sorrio para que venhas banhar-me a fronte com o burburinho dos pássaros. Será que o sono dos pássaros é um dormir? Germinei em ravinas as telas melódicas da realidade. Como dizer-me se não seria eu a falar o motivo da minha vinda incontornável. Numa lua que não vejo, penso cultivar o teu sorriso telúrico a tua tez de orvalho num incêndio sem direção a ranger no horizonte, onde nascem as ancas anônimas do recomeço. Alguém indica onde está o arborescer que falta? À boca das proas alicerçadas nos teus olhos de harpa, tuas mãos de navios dedilhando-me em lentíssimas vagas, docemente”.
Inventou a luz, mas as estrelas não se perderam. Precisava de um manto para encobrir a desilusão na perícia inconclusa das metamorfoses para suster os pontos ínvios, coragem era tudo que lhe restava – mesmo ante o medo de perdê-la. A espessura lúcida evidenciava a volúpia vital que lhe envolvia os lábios, no diafragma das primícias diluídas e sem regresso, para onde confluem as palpitações das pedras, os alvéolos do vento. Não é somente as cepas de um espécime extinto ainda tilintando num sem rumo de solidão soprando-lhe os ombros, num tropeço entre espuma e água: marés, dardos e grãos.
“Não nos perdemos, apenas nos distraímos. Sabes? Aquele tempo incolor em que descascamos. Como gravetos de chuva ...criamos beleza, nunca o distanciamento”.
Então pousou os olhos sobre o seu brilho. Seu corpo. A terra em mais um pomar consumido em seu início intacto. À sua similitude.
Texto e Arte: Tere Tavares
Publicado originalmente na Germida - Revista De Literatura e Arte- 2013.

https://www.germinaliteratura.com.br/2013/ageneticadacoisa_teretavares_dez13.htm?fbclid=IwAR2bskLjXTrXdDG8GaSZ_O3M6-bpPnDtIAxzZ5nnQsj1ENsOtrzhiBzHweg


    Giovanni Francomacaro: Tere, testo e dipinto sono bellissimi! Complimenti!

    Francisco Da Cunha

    Sim , o texto e o que o acompanha, a pintura, se harmonizam na indefinição dos sentidos, na imanência do significado poético através do recursos metafóricos espraiados ao longo da linguagem tornada prosa-poesia ou poesia-prosa. Os enigmas das vozes que se ouvem se confundem entre si e falam uma linguagem que só quem desfruta da captação do poético pode entender. Um texto que equivale a um poema no qual as indeterminações são provocados por sensações simbólicas várias e multifacetadas. Parece um espaço onírico, onde beleza de formas e sentimentos afloram à superfície das águas oceânicas. Seu texto é pura poiésis.

     Raquel Gallego: Siempre comprendiendo la hermosa relación del hombre y la naturaleza... gracias por tu sensibilidad,Tere.

    Patrícia Claudine Hoffmann
    Tudo tão mágico... de outros mundos habitantes de ti. Obrigada por trazer tanta beleza. Que bom ter você perto da gente.

Guida Luis
Lindíssimo texto querida amiguinha Tere, nele há vida, cores, odores, tudo de belo que existe! A aquarela é imensamente bela!

Cristina Rinaldi
È meraviglioso cara Tere, sei una grande poetessa.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Texto do livro Diário dos inícios - Fortuna Crítica

 


Esquece o desespero o desprezo. Esquece que te desfolham. Esquece que a beleza tem a tez do esquecimento da esfera que se desorienta de ti. Recorda apenas de esqueceres e finge que estás alegre como as cordas de um piano. Lembra-te excessivamente que precisas de alguém que carregue o teu semblante que não prescindes do teu querer para ser o que quiseres. Torna finda a estrada o rito o ritmo a retórica a ingenuidade calada dentro dos teus abutres anônimos. Lembra-te do rebanho que é tristeza é lividez é mundo e anonimato. O misticismo. O minimalismo. Reconduz o fundo inescrutável dos teus horrores quase canções e cais. Abandona a beleza estrada desespero desprezo montanha ritmo rito canções cais mistério. Desesperada e exata é a náusea. Imita Deus quando te deres conta que és rebanho destroçado por que precisas das memórias alastradas no teu sangue mutilado na multiplicação incontável que te tornaste. Sê mais a alma e menos quase e nada. Reafirma o teu invólucro passageiro. Do ser da espera do erro da montanha do modo do para sempre. Sê apenas. Por ti.

Do livro Diário dos inícios, Metanoia Editora, RJ, Selo Mundo Contemporâneo Edições, 2021 – Tere Tavares

 

Francisco da Cunha

O seu texto-ensaio, Tere Tavares, anuncia um estilo de escrita muito pessoal, que se poderia situar entre o espaço ficcional e o do ensaio paramentado de energia poética. Tenho reparado no seu texto, este, por exemplo, que ora estou lendo, que há algo inusitado na sua prosa/poesia na qual o ritmo frasal, o recurso estilístico-sintático, apresenta uma a sucessão de palavras ou frases encadeadas que subverte a regra da norma da pontuação em língua portuguesa. Quero dizer, as frases ou palavras são plantadas na linha do texto sem o sinal de pontuação que se esperava gramaticalmente, no caso, a vírgula, provocando, assim, a novidade estilístico-fônica-rítmica. Decerto isso mereceria um estudo mais profundo tomando o todo da obra em questão ou mesmo vendo se tal ocorrência aparece em outros livros seus. 

 
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Aquisição  do livro pode ser feita na Editora Metanioa, RJ pelo linkk abaixo:
https://loja.metanoiaeditora.com/diario-dos-inicios


segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Fragmento do livro Destinos desdobrados de Tere Tavares - Fortuna Crítica

 As piores feridas são as invisíveis.

Fragmento do conto "Antigamente", Destinos desdobrados, contos, Ed. Penalux 2021
Tere Tavares


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João Esteves
Senti-a aqui perfeita e incrivelmente harmonizada com a voz de Emily Dickinson em seu poema "There's a certain slant of light", embora ambas tratem de temas diferentes, com diferenças também de lugar, momento histórico e idioma.

Francisco da Cunha
Onde a beleza do texto e da arte se dão as mãos e suscitam elevadas discussões em torna da dor humana, a dor na sua dimensão mais íntima.
Sempre bom receber um nova postagem sua, dileta escritora e amiga, Tere Tavares. As artes plásticas sobretudo na contemporaneidade diante das avassaladoras mudanças de concepções do mundo, da vida, da tecnologia e da da Natureza-Mãe, agora em grande risco de afundar-nos nos abismos construídos pelos homens maus: os chamados líderes mundiais que, em vãs promessas mentirosas, não querem enxergar o perigo que nos espreita como seres vivos da Terra. Daí que as artes e a própria literatura : os temas que são imensos diante dessas modificações rápidas, deverão ser tratados no campo da ficção e da poesia, sobretudo. Realmente, "as piores feridas são as invisíveis"

Severina Etelvina Silva
Por isso elas devem ser expressadas, caso contrário ela sufoca o corpo e mata a alma preciosa: Tere Tavares .

Guida Luis
Absolutamente de acordo, querida amiguinha Tere, refletindo nisso deixo aqui um poema de Carlos Drummond de Andrade:
Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Publicado em 1940, na antologia Sentimento do Mundo, este poema foi escrito no final da década de 1930, durante a Segunda Guerra Mundial. É notória a temática social presente, retratando um mundo injusto e repleto de sofrimento.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Fortuna crítica de um texto de Tere Tavares - do livro Campos errantes - contos 2018

                                                                Arte: Tere Tavares
 


Minah

Hoje se cumpre algo mais que uma razão para sorrir um vento mínimo que se instala na garganta e alcança os pulmões adoecidos de uma alegria quase indigente. Ardoroso é o torpor que lhe sai pelas narinas de um tempo tenro e terno como quando havia infância para segredar a orfandade não se sabe por que pacto reza ou culpa. Os afinados esmeros do destino, sem ordem alguma, debulham-se como finas e longas pernas de ave, como se beijassem seu futuro, ainda sem rosto e sem lágrima, por que oculto nas ondas proibidas pela febre e pelo ar pegajoso, rijo como uma pedra que lhe cai sobre os cabelos de seda, deixando-lhe o contraste de uma paz nunca escrita – a órbita a cada guerra. Há quem de si tenha saudade. Aquela de ter sido. E de ter-se ido. A respiração sem angústia seguindo-se nos entretantos, serenando-se em todas as idades que já fora olvido, armadura. “Tudo muda no pouco que me alcança com um capricho silente, incasto. Pertenço a essa inescapável condição humana que, por ser excessiva, é quase nula. Só os ossos sabem sobrar nessa cápsula amarga. Quero distanciar-me do diz-me o que não és para que eu diga o que nunca sou ou fui como essa vegetação que se salvou das explosões. Quero agora uma gota de chá que deixe o cinza menos refratário. Quero esperar tranquilamente pelas espáduas setembrinas e pelas estrelas inconsumíveis enquanto regresso à casa das rotulações inclinadas. É o sabor da novidade que espreito nas diferenças que sobejam entre a sabotagem e o jogo. A palavra ausente de impurezas”.
Minah inebria-se. Alma acima dos rios ainda não conhecidos dos mastros dos navios. Rabisca um firmamento particular, um planeta novo, um coração intocado, sem ser a inapta atitude da servidão. Colhe o arpejo recolhendo-se como uma ostra. Por mais que ela se esforce só diz que não encontra forma de dizer onde termina a inocência – esse precioso sentimento que perfaz a grandeza de ensinar e aprender. Finalmente se prostra por ser pequena, e quão pequena, para intuir a enormidade. Que a passagem sabe-a infinita, sofrida, assustadiça, mas também salvadora. Porque os olhos nunca se calam nem abafam o canto.
Conto do livro "Campos errantes" contos - Penalux, 2018- Tere Tavares
Arte: Tere Tavares 

Fortuna Crítica:

Francisco Da Cunha
Trata-se, enfim, de uma narrativa que, de forma harmônica, une poesia, ficção e um viés filosófico, porquanto é, no plano da inventividade de sentimentos e ações, de abstrações e concretudes, de antinomias que, muitas vezes, encontro em alguns versos pessoanos. Ou seja, o texto de Tere é plural afirmativo, negativo, contraditório, mas todo ele é permeado do poético. É difícil apreende-lhe as estruturas temático-liguísticas ou metalinguísticas nessa escritora que me parece escrever por encantamento diante da palavra escrita e do pensamento múltiplo de que se reveste sua perfomance e competência literária. Não é uma escritora que se presta aos esquemas de alto nivel de narrativas do seculo XIX, quer dizer, de uma forma, ainda que genial) da tradição literária. Ao contrário, a sua narrativa, que é de tessitura contemporânea mas sem abdicar de sabores clássicos percebidos semanticamente aqui e ali, centra-se mais em dois pilares básicos : a) na poeticidade e b) na linguagem voltada para si mesma como forma de tentar entender ou interpretar personagens, conflitos individuas ou coletivos , ações, tramas, espaços, tempos e sobretudo procurar dar um mergulho na precária e imprevisível condição da existência humana.

Adir Luz Almeida
Lindo demais. Tere tem uma escrita poética que me encanta.. Tere é, para mim, a personificação da sensibilidade!!