segunda-feira, 10 de agosto de 2020

terça-feira, 21 de julho de 2020

Folhas dos dias - Um livro de Tere Tavares

Um e-book publicado em 17 de julho de 2020


FOLHAS DOS DIAS

Autora: Tere Tavares
Gênero: Ensaios poéticos
N° de páginas: 53
Formato: PDF
Tamanho: 2,9MB
ISBN: 978-65-00-05790-4




ONDE COMPRAR:
• com a autora: t.teretavares@gmail.com
Preço: R$ 18,00

SOBRE A OBRA:
Ensaios poéticos divididos em cinco capítulos, onde na abertura de cada um deles a autora nos presenteia com uma de suas belíssimas pinturas. Em Folhas dos Dias, Tere fala da vida, de seus sonhos, anseios e indagações sobre a natureza das coisas, dos seres e das coisas da natureza. São incursões da alma em todos os tons, deixando-nos imagens e impressões das mais diversas. E a certeza de que suas palavras são desenhadas com a mesma acuidade de seus pincéis. Sua arte é tão poética quanto filosófica.
[Chris Herrmann - escritora e editora]

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Poemas publicados no projeto Pixel Ladies e Revista Ser MulherArte

"A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso continuamos o desafio poético com imagens da Pixel Ladies e da Revista Ser MulherArte durante a pandemia. As mulheres poetas que se sentirem convidadas podem escrever um poema a partir desta imagem e postar aqui nos comentários. Depois os poemas serão publicados na Revista Ser MulherArte e na página da Pixel Ladies". 
"Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte
por Bianca Velloso, Suzana Pires, Chris Herrmann e Lia Sena
Pixel Ladies é um grupo de fotógrafas brasileiras com experiências de vida diversas e a Revista Ser MulherArte é um coletivo de artistas mulheres de língua portuguesa. Ambos têm o objetivo de divulgar a produção artística das mulheres.
A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso a Pixel Ladies e a Revista Ser MulherArte lançaram um desafio poético durante a quarentena. A Pixel Ladies propõe a imagem em postagem no Facebook e as poetas que se sentirem tocadas escrevem um poema. A Revista Ser MulherArte seleciona e publica".

Poemas com que participei a partir de 07 de Junho de 2020 até 11 de julho de 2020:

A Naturalidade que falta

Há um detalhe que talha o caminho
Interrompe a harmonia da paisagem

Uma criança sozinha
O balanço vazio
Ou seria uma alma faminta entre os troncos das árvores?
Talvez a solidão grassando à luz do dia
Uma promessa distante
A obscuridade do presente
A desenhar um raro instante
Enquanto tudo diz
Que a humanidade nunca mais será a mesma
[Tanta é a morte que a especula
A tragédia que a persegue]
Por nunca ter referido o seu mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.

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Das incertezas agudas

Essa música que brota das águas

Mistura-se aos flocos sussurrantes
Como se gritos desses introspectivos dias

A primavera chegará sem garantir flores totais
Sem profecias à desilusão
Segue-se no quando em quando
Nas agudíssimas insolvências

Talvez uma nova Terra seja criada
Talvez um novo céu azule mais essa turbidez

Enfim. Nada finda sem fim.

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Sororidade
Frater
Toda a cor é coração.

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Natureza Morta

Esse conjunto não natural
Esse emaranhado estático e desértico
Crava pedras agudas no azul escasso do céu. Quanta ironia salta dessas flechas nocivas à vida. Quanta evasão nos corações que não batem mais. Anda pelo frio, tu, que açoitas o carinho das noites. Sem alma. Sem flama. Sem nunca mas ouvir o verde.

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link para ver o projeto e para leitura dos poemas
http://www.sermulherarte.com/search/label/Projeto%20Pixel%20Ladies%2FSer%20MulherArte?m=1&fbclid=IwAR2oIpoAwC1ldF3BU2s-w2_IOU1vF44WqdBiaF7QA999A-wcVUwBwEDzI1k

domingo, 24 de maio de 2020

Participação na I Antologia Digital de Poesia da Revista Ser MulherArte

Muito honrada em participar entre as 149 autoras aqui publicadas.
Obrigada Chris Herrmann e Lia Sena. Antologia Digital ‘Porque Somos Mulheres’.
Revista Ser MulherArte! A Literatura se alegra e se engrandece pelo vosso trabalho.
Sucesso sempre.

http://www.sermulherarte.com/p/antologia.html?showComment=1590346026895

Conjugação

Ter a lavratura do destino nas próprias mãos
Escavando-o com o rigor de quem se lança à vida
Como ave incansável
Saber-se em anéis perpétuos de sopros e vozes
E livros concebíveis por inúmeras fontes
Em sopros de sublimidade
Em contínuos avanços
No ensejo de aceitar os inumeráveis desafios
Ser Mulher
Encher o mundo de luz sem nunca deixar de percebê-la.

Tere Tavares

Publicação na Revista Acrobata

A Revista Acrobata faz um excelente trabalho na divulgação de
"Literatura e Artes Visuais e outros Deslequilíbros", como ela se denomina. Vale muito conhecê-la!

Meus agradecimentos ao editor e escritor Demetrios Galvão pela oportunidade e incentivo na publicação:
https://revistaacrobata.com.br/demetrios/conto/3-contos-de-tere-tavares/

Acessem o link acima para leitura.

3 Contos de Tere Tavares


O homem que nunca era visto - do livro "Campos errantes" Ed. Penalux 2018

O homem indizível - do livro " A licitude dos olhos" Ed. Penalux 2016
Impermanência - do livro "Campos errantes" Ed Penalux 2018

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Publicação no Escrita Droide

escrita droide 

Três contos foram publicados no Escrita Droide, juntamente com três imagens de Arte também de minha autoria.
Meus agradecimentos aos administradores/editores: Mariza Lourenço e Alberto Bresciani pela oportunidade e incentivo. Desejos de sucesso, sempre, a esse riquíssimo espaço!

Para leitura e visualização acessem o link abaixo:
https://escritadroide.blogspot.com/2020/05/tres-contos-de-tere-tavares.html

Os contos compõem o livro "Campos errantes" contos - 2018 - Editora Penalux, SP

Do que a altura toma para si mesma

Eva

Prece

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Publicação de conto e pintura na revista Feminina SerMulherArte

Um conto e uma tela nas artes integradas de Tere Tavares.
Gratidão Lia Sena  e Chris Herrmann pela oportunidade e publicação de meu trabalho na "Revista Feminina SerMulherArte de Arte Contemporânea". Honrada por fazer parte. 
Desejos de sucesso e continuidade. 


Para leitura segue o link:
http://www.sermulherarte.com/2020/04/artes-integradas-de-tere-tavares-um.html

Quotidiano - do livro "Campos errantes" - contos - 2018 - Editora Penalux, SP



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Posfácio do livro Campos errantes de Tere Tavares por Dorotea Duval




Dorotea Duval escribe acerca de Tere Tavares

No conozco personalmente a Tere Tavares, nunca he tenido en mis manos un libro suyo ni he contemplado frente a frente ninguna de sus pinturas: Tere Tavares es una de mis amigas de Facebook, un personaje del que sería imposible hablar sin hablar del personaje que esto escribe --una señora que acaba cumplir noventa años y que pinta rosas-- en esta zona difusa del sueño donde todos somos creación de todos. Hijos de la percepción y de nuestras propias referencias nuestra historia de personaje nos ayuda a comprender --¿a soportar?-- la realidad de la vida que se desenvuelve de este lado de la pantalla. Entre símbolos, alegorías, falacias del estilo, fantasías compensatorias automisericordes, todos vamos creando una novela coral, un castillo imaginado-no-imaginario de pura verdad. En el corazón de la ficción todo es cierto. Y casi siempre mas interesante y misterioso. Desconocido para nosotros mismos, nuevo, sorprendente.

En Facebook tener un grupo de más de dos mil amigos se vuelve algo difícil de gestionar, sobre todo si no tienes nada que vender, nada que publicitar, ninguna ganancia ajena al hecho del juego epistolar. Hoy, estos amigos se han quedado en unos seiscientos: Cancelamos la vulgaridad, la superficialidad, la exhibición personalista, la propaganda encubierta, la mala educación, la falta de humor, de estilo, las confidencias egocéntricas, la vanidad, el descuido, la chabacanería, el machismo, el feminismo trasnochado y sobre todo la estupidez. Quedó lo mejor, con unos diez o veinte --no más; tal vez menos--, hermanas y hermanos que representan lo mejor de lo mejor. Tere Tavares, está entre ellos. Siempre estuvo, siempre estará, porque esta mujer maravillosa es lo opuesto a todo el amargo elenco de pecados mediocres que acabamos de mencionar.

Tere Tavares, una señora que pinta y escribe, es una luz que sobresale, brilla, fulgura. No ciega; aclara, ilumina. Nunca dice yo; yo tengo, yo sé, yo quiero, nunca dice me duele…Dice nosotros y allí están sus hijos, su esposo, los amigos íntimos, los de carne y hueso… y también los lectores, los que miran sus maravillosas pinturas, las hermanas del Facebook, los caballeros hermanos, el mundo entero. Las personas como Tere Tavares nunca se imponen; son sencillamente imponentes.

Pintar un rostro que se pueda leer como un paisaje, la expresión cambiante de un paisaje que nos mira, mover los géneros sin perder la caligrafía personal ni el equilibrio constituye un raro estado de gracia de la pintura, fresca, honesta, sin los artificios de una ingenuidad inventada. En un momento de grandes formatos, de artistas que ya no pintan sus propios cuadros, que se realizan trabajos enormes con vistas a los museos, pinturas como las de Tere Tavares son una esperanza de salvación, un camino secreto y luminoso. Doy gracias por la maravillosa dignidad de estas obras bien hechas, que tampoco se imponen, que también son imponentes porque las cosas hechas de verdad, con decencia de humanos tienen la entidad de una obra de la naturaleza. Una verdadera creación, un don precioso, tan bello, tan generoso y no una simple manufactura

En el mundo de Tere Tavares un colibrí es una flor que vuela, es una flor que besa. Un mar pintado es todo el mar, todos los mares de cada uno, el recuerdo del mar de infancia y la memoria de los mares que nunca vimos. Y también los muertos en el mar. Una rosa es todas las rosas y la palabra rosa y el nombre Rosa, y las cuatro letras y el número cuatro y un cubo de oro donde se asienta el mundo y desde el que podemos mirar la memoria del mundo: se inclina sobre un campo de trigo y pensamos en la Madre de la madres, en una mujer que tiene en el vientre a todas las mujeres, en Yemanyá, la diosa, con su collar de cauríes y de peces. Estrella del Mar; luz que nos viene de tan lejos, que comenzó viajar cuando aún no existían las montañas.

Una de nuestras hermanas queridas, Dina Marini, me dijo un día algo que se puede decir también de todas las hermanas y sobre todo de Tere Tavares: que hay en nosotras una mujer que que no admite la derrota. Una mujer fuerte que ama la belleza, que no admite su falta, ni la falta de gracia, ni los gestos desgarbados. Una mujer que tampoco admite la negligencia, la pereza, la resignación; que va por la vida con el elegante paso de quien nunca pierde su orgullo ni su compostura nacidos del coraje de ser una mujer.

En Tere Tavares existe, además, una inmensa zona de dulzura, de extremada gentileza que solamente tienen las personas que han sido --que son--, muy amadas y frente a la cual se reformula algo ya dicho: Aquella a la que los dioses propicios aman, muere muy anciana, con buena salud, amada, sin soledad, ni rencor, ni promesas incumplidas. Con el pasado superado --no olvidado, no perdonado-- con el futuro a sus pies, a la vista, como un pequeño animal de compañía. Y el presente, luminoso y eterno. Porque al pasar el tiempo, algunos seres luminosos, van encontrando los fundamentos de su existencia toda. Las piedras con las que marcamos el camino de ida, algunas mojadas de lágrimas, otras iluminada de risas, que ahora, de vuelta a casa, se han convertido en diamantes.

Dorotea Duval
Riano, Italia
Marzo de 2018

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Dorotea Duval escreve sobre Tere Tavares

Não conheço Tere Tavares pessoalmente, nunca tive nas mãos um livro dela nem contemplei frente a frente nenhuma de suas pinturas: Tere Tavares é uma de minhas amigas do Facebook, um personagem de quem seria impossível falar sem falar do personagem que ora escreve --uma senhora que acaba de completar noventa anos e que pinta rosas-- nesta zona difusa do sonho onde todos somos criação de todos. Filhos da percepção e de nossas próprias referências, nossa história de personagem nos ajuda a compreender -- suportar? -- a realidade da vida que se desenvolve deste lado da tela. Entre símbolos, alegorias, falácias do estilo, fantasias compensatórias de autocompaixão, todos vamos criando uma novela coral, um castelo imaginado-não-imaginário de pura verdade. No coração da ficção tudo é certo. E quase sempre mais interessante e misterioso. Desconhecido para nós mesmos, novo, surpreendente.
Ter um grupo de mais de dois mil amigos no Facebook torna-se algo difícil de administrar, sobretudo se você nada tem para vender, nada para propagandear, nenhum proveito além do fato do jogo epistolar. Hoje, estes amigos reduziram-se a uns seiscentos: Cancelamos a vulgaridade, a superficialidade, a exibição personalista, a propaganda disfarçada, a má educação, a falta de humor, de estilo, as confidências egocêntricas, a vaidade, o descuido, a grosseria, o machismo, o feminismo antiquado e sobretudo a estupidez.  Ficou o melhor, com uns dez ou vinte --não mais; talvez menos--, irmãs e irmãos que representam o melhor do melhor. Tere Tavares, está entre estes. Sempre esteve, sempre estará, porque esta mulher maravilhosa é o oposto de todo o amargo elenco de pecados medíocres que acabamos de mencionar.
Tere Tavares, uma senhora que pinta e escreve, é uma luz que se sobressai, brilha, fulgura. Não cega; clareia, ilumina. Nunca diz eueu tenhoeu seieu quero, nunca diz me dói… Diz nós e ali estão seus filhos, seu esposo, os amigos íntimos, os de carne e osso… e também os leitores, os que olham suas maravilhosas pinturas, as irmãs do Facebook, os cavalheiros irmãos, o mundo inteiro. As pessoas como Tere Tavares nunca se impõem; elas simplesmente são imponentes.
Pintar um rosto que se possa ler como uma paisagem, a expressão cambiante de uma paisagem que nos mira, mover os gêneros sem perder a caligrafia pessoal nem o equilíbrio constitui um raro estado de graça da pintura fresca, honesta, sem os artifícios de uma ingenuidade inventada. Em um momento de grandes formatos, de artistas que já não pintam seus próprios quadros, que realizam trabalhos enormes com vistas aos museus, pinturas como as de Tere Tavares são uma esperança de salvação, um caminho secreto e luminoso. Dou graças pela maravilhosa dignidade destas obras bem feitas, que tampouco se impõem, que também são imponentes porque as coisas feitas de verdade, com decência de humanos têm a substância de uma obra da natureza. Uma verdadeira criação, um dom precioso, tão belo, tão generoso e não uma simples manufatura.
No mundo de Tere Tavares um colibri é uma flor que voa, é uma flor que beija. Um mar pintado é todo o mar, todos os mares de cada um, a lembrança do mar da infância e a memória dos mares que nunca vimos. E também os mortos no mar. Uma rosa é todas as rosas e a palavra rosa e o nome Rosa, e as quatro letras e o número quatro e um cubo de ouro onde se assenta o mundo, de onde podemos avistar a memória do mundo: Inclina-se sobre um campo de trigo e pensamos na Mãe das mães, em uma mulher que tem no ventre todas as mulheres, em Iemanjá, a deusa, com seu colar de conchas e de peixes. Estrela do Mar; luz que nos vem de tão longe, que começou a viajar quando ainda não existiam as montanhas.
Uma de nossas irmãs queridas, Dina Marini, me disse um dia algo que se pode dizer também de todas as irmãs e sobretudo de Tere Tavares: que há em nós uma mulher que não admite a derrota. Uma mulher forte que ama a beleza, que não admite sua falta, nem a falta de graça, nem os gestos desajeitados. Uma mulher que tampouco admite a negligência, a preguiça, a resignação; que vai pela vida com o passo elegante de quem nunca perde seu orgulho nem sua compostura nascidos da coragem de ser una mulher.
Em Tere Tavares existe, além disso, uma imensa zona de doçura, de extremada gentileza que somente têm as pessoas que foram --que são--, muito amadas e frente à qual se reformula algo já dito: Aquela a quem os deuses propícios amam, morre muito anciã, com boa saúde, amada, sem solidão, nem rancor, nem promessas descumpridas. Com o passado superado --não esquecido, não perdoado-- com o futuro a seus pés, à vista, como um pequeno animal de companhia. E o presente, luminoso e eterno. Porque com o passar do tempo, alguns seres luminosos vão encontrando os fundamentos de sua existência inteira.  As pedras com as quais marcamos o caminho de ida, algumas molhadas de lágrimas, outras iluminadas de risos, que agora, de volta a casa, se converteram em diamantes.

Dorotea Duval
Riano, Itália
Março de 2018

Tradução: por João Batista Esteves Alves/RJ

Posfácio do livro Campos errantes de Tere Tavares por Ornella Dina Mariani


Tere Tavares per Orenlla Dina Mariani

"Nessun Dio si fa vedere nel deserto che sogna la pioggia" Tere Tavares

Potrei estrapolare altre mille poesie così, da un suo racconto, incise nella leggerezza della sua prosa poetica che si adorna di poesia non per compiacimento o estetica ma perché la sua anima ne è intrinsecamente pervasa, imbevuta al punto da tracimare.
Il suo scrivere è quindi non solo prosa poetica ma poesia pura che si dilunga in descrizioni particolareggiate di stati d'animo come di anfratti marini, avvallamenti e sponde e rive dove la sua eroina cerca con noi la spiegazione di sé, del suo esistere in tanta luce. La Luce è la protagonista ultima e mai vinta e affiora ovunque. La si sente persino nella cadenza delle strofe che hanno una particolare calda cadenza. Luminosità aerea, vista prospettica dall'alto da un punto di vista filosofico, che la rende estranea agli avvenimenti pur vivendoli appieno.

Un sentire antico, aulico, quello di questa autrice brasiliana che rende i suoi personaggi devoti alla luce, quindi anche all'ombra, il suo immediato rovescio (la sera raggiunge sempre tutti) ma che ci parla di una Umanità migliorata da questo contatto intimo con la natura, i suoi segreti e le sue meravigliose protuberanze, che noi chiamiamo alberi, mare, foglie, fiori, tramonti e come ultimo fiore, la nostra anima.

Tere Tavares ha dentro un canto che vuole dedicare al mondo. E' un canto che parla della sua anima che negli anni ha guardato il mondo e il Il mondo è stato fermo ad osservarla. In questo mutuo scambio di sguardi c'è come un mutuo scambio di doni perché lei ha l' intima consapevolezza di capire il mondo e i suoi ingranaggi nascosti. Glieli ha suggeriti il vento, le spighe di grano, il sole cocente, il sole quando tramonta, la luna rotonda o quando è solo uno spicchio nel cielo nero. Lei sente dentro di sé cantare tutto questo e quando accade sente il tempo che è fermo e il suo silenzio rimbomba, esplode come quando in un cielo grigio c'è la saetta del tuono. Lei è Natura e si sente madre e figlia sua.

Non si capacita di come il mondo abbia dimenticato questa intima conoscenza, questa immersione rapida nell'arcano. Lei scrive poesie che parlano di questa sua patria d'elezione, scrive e dipinge tratti di questa sua visione. Uccelli, fiori, donne sono composti della stessa materia del sogno. Lei ritrae ma anche vola. Il pennello vola sulla tela e si posa come un uccello quando vuole mettersi a cantare. La mano corre sulla tastiera e compone versi come in preda ad una visione arcana. Lei meriterebbe un secolo meno violento, anche nel suo paese. Lei sente sulla pelle tutte le paure di questa storia tormentata. Lei non si nasconde ma trova rifugio nel suo mondo. Chi legge i suoi scritti ha come l'impressione di diventare come uno dei personaggi delle tele di Chagall: vola libero sui paesaggi dell'anima.

Non può fare a meno di dare questa sensazione di leggerezza, di maestosità, di visione dall'alto- Come aquila sorvola, come passero si posa, come rondine migra, come usignolo ella canta la sua vita e così canta anche quella del mondo intero.

 Ornella Dina Mariani - Lecca- Italia / Giugno/2018

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Tere Tavares por Ornella Dina Mariani

“Nenhum Deus se faz ver no deserto que sonha com a chuva”. Tere Tavares

Eu poderia extrair milhares de poemas assim de um dos seus contos, gravados na leveza de sua prosa poética que se adorna de poesia não pela satisfação ou estética mas porque sua alma está intrinsecamente imbuída de poesia, embebida ao ponto de transbordar.
Sua escrita é, portanto, não só prosa poética mas poesia pura que se detém em descrições detalhadas de estados de espírito como de profundezas marinhas, concavidades e encostas e margens onde a sua heroína procura conosco a explicação de si, do seu existir em tanta luz. A luz é a protagonista final, jamais vencida e aparece por toda a parte. Pode-se senti-la até na cadência das estrofes que possuem uma cadência calorosa e especial. Luminosidade aérea, vista prospectiva do alto de um ponto de vista filosófico, que a torna estranha aos acontecimentos apesar de vivê-los plenamente.
Sentimento antigo, solene, o desta autora brasileira que faz seus personagens devotos da luz, portanto também da sombra, seu reverso imediato (a noite sempre atinge a todos) mas que nos fala de uma Humanidade melhorada por este contato íntimo com a natureza, seus segredos e suas maravilhosas protuberâncias, que chamamos árvores, mares, folhas, flores, pores do sol e, como última flor, a nossa alma.  
Tere Tavares traz em si um canto que quer dedicar ao mundo.
É um canto que fala de sua alma que ao longo dos anos observou o mundo e o mundo ficou parado a observá-la. Nesta mútua troca de olhares há uma espécie de troca de presentes porque ela tem a íntima consciência de compreender o mundo e suas engrenagens ocultas. Sugeriram isto a ela o vento, as espigas de cereais, o sol escaldante, o sol poente, a lua redonda ou quando é somente um gomo no céu negro. Ela ouve isso tudo cantar em seu interior e quando é o caso ouve o tempo que se acha parado e seu silêncio ecoa, explode como quando há o relâmpago do trovão num céu cinzento. Ela é natureza e da natureza se sente mãe e filha.  
Não entende como foi que o mundo esqueceu esta compreensão íntima, esta imersão rápida no arcano. Ela escreve poemas que falam de sua terra favorita, escreve e pinta a partir desta sua visão. Pássaros, flores, mulheres, são compostos com o próprio material do sonho. Ela retrata, mas também voa. O pincel voa sobre a tela e pousa como um pássaro quando quer cantar. A mão corre sobre o teclado e compõe versos como tomada por uma visão arcana. Ela mereceria um século menos violento, também em sua terra. Ela sente na pele todos os medos dessa história atormentada. Ela não se esconde, mas encontra refúgio no seu mundo. Quem lê os seus escritos tem a impressão de se tornar como um dos personagens das telas de Chagal: voa livre sobre paisagens da alma.
Não pode deixar de dar esta sensação de leveza, de grandiosidade, de visão do alto.
Como águia sobrevoa, como pássaro pousa, como andorinha migra, como rouxinol ela canta sua vida e assim canta igualmente a do mundo inteiro.

Ornella Dina Mariani – Lecca- Itália – Junho de 2018
Tradução por: João Batista Esteves Alves/RJ







quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Do Paraná para o Maranhão! Para o mundo!

Agradeço ao editor e poeta Carvalho Junior, pela publicação, em seu QUATATÊ, de quatro poemas de minha autoria.É com oportunidades e espaços assim que nos animamos a prosseguir. OBRIGADA!

Para leitura acesse o link abaixo:
https://quatete.wordpress.com/2020/01/28/4-poemas-de-tere-tavares/?fbclid=IwAR36y1RyzGMztAfHN3aGrB2bEAJ7tawRWZkQdT2Vd9hRFdtam4RMVirwLnw

Tere Tavares |Cascavel/PR|. Escritora e pintora brasileira, autora dos livros Flor Essência (2004), Meus Outros (2007), Entre as Águas (2011), A linguagem dos Pássaros (Ed Patuá, 2014), Vozes & Recortes (Ed Penalux, 2015), A licitude dos olhos (Ed Penalux, 2016), Na ternura das horas (Ed Assoeste, 2017) e Campos errantes (Ed. Penalux, 2018). Conta com publicações em antologias, jornais e sites literários nacionais e internacionais. Integra a Academia Cascavelense de Letras. Blog: http://m-eusoutros.blogspot.com.br; https://www.facebook.com/tere.tavares.1   
Fingidor

Quando o pensamento ignora a palavra

não o ato …a atitude

Horas internas de um passeio exterior

Poemas do livro: "A linguagem dos pássaros" - poesia- 2014- Editora Patuá, SP

domingo, 26 de janeiro de 2020

Natureza

Foto By Tere Tavares

Cultuar o movimento fecundo onde a Natureza exerce suas obras-primas.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

"Campos errantes" de Tere Tavares - Prefácio

Prefácio por Carlos Emílio Corrêa Lima



Literatura em estado de ânimo

Exercícios cósmicos de um novo sol, fêmeo, de mar doce e longo, sinuoso, um novo sol de estio e estilo. Depois, prontas as águas da escrita-chuva, chovem por novos sulcos da terra, súbitos outrados sentidos, rioutros. E se ergue uma onda de mar de dentro da selva salva da escrita nesta inédita timbragem textual de fibras, ondulações de sentido, conexões novas entre coisas que jamais antes haviam se unido nem em Dante; nesta escritantena, encontra-se o que nunca fora pensado e sentido anteriormente e, desse modo, mostrado a nós, leitores desacostumados ainda a isso que ali surge pela primeira vez. Mas não é neosurrealismo embora pareça, também não é o método cut up do William Burroughs aqui tamborilado, não é herança da poesofia dramática de Clarice Lispector, esse tom desconhecemos, versos que saltam de uma prospecção frondosa de uma prosa assimétrica, ao absurdo que é bordado com fios e cabelos doidos de uma avestruz linguística que ciclomeu dos frutos de ouro longe, das bordas do invisível. Sabemos invisivelmente como é, ping e pong de tintas e tudo começa a pintar-se de uma outra forma, com desexatas desatadas novas configurações. O figurativo aqui instala-se abstrato, nada que se pareça com as formas habituais do escrever e do dizer a que estávamos acostumados. Os verbos soam sempre mais longe do que ser, haver e estar, os verbos escolhidos e colhidos entre estalos de cristal e rugidos de silêncio que os torneiam de novas peles, outras conduções ideativas. Tudo cresce 10 textualmente, proliferante, nesse enverdecer do dizer, nesse manual de estilos aleatórios autodiccionais. E de modo algum são também gongorismos desestudados, aqui estuados em pleno século XXI, rotores dados. A maioria dos textos aqui porejados são perfis, gênero literário que vai muito esquecido, abstradamente aqui praticados com esmero e interlúdios. Rilke e seus conselhos a um jovem poeta transita em treliças por aqui, essas intercaladas sinuosidades, esse método outro do dizer. Não há modo previamente existente de se avaliar essas frases riquíssimas, de imagens ambivalentes flutuáveis, que são mais do que frases estéticas, palavras a escorrer. Segue então essa nova forma de realizar imagens, forma mais incorpórea, porque não familiar, resina fresca. São poemas sem espaços entre os versos, parecem textos de propagação de uma estranha espécie de inteligência sobre-humana, mais do que artificial, onde as frases decolam de si mesmas para o que não sabem, foras das cores e formas conhecidas.

Não são contos, nem poemas, nem prosa poética, nem poemas em prosa, nem crônicas aladas de efusivas transparências velocíssimas, mas novos almejamentos, novas vontades da e 11 inacessíveis, inatingíveis cambiantes fluxos fraseônticos. Muitos, ou quase todos os trechos dos textos desse livro são de uma luzência hermética atordoante. “Campos errantes”. Este livro autodenomina-se assim, é o que melhor exemplifica seu movimento, cada capítulo-conto-perfil-mancha é um minucioso manifesto estético, com minúcias e fímbrias jamais vistas. Cada vez mais, à medida que vamos nos adentrando nele, ocorrem citações invisíveis, uma filosófica narrativa, pois o narrador é um coletivo de um ser indeterminado, que não se manifesta fisicamente, não sendo portanto, um narrador autoritário. Um narrante errante coletivo universal. Alguns dos textos em coro fractal desse livro de Tere Tavares me fizeram lembrar o primeiro livro de contos de Gilmar de Carvalho, seu isolado e desbravador Pluralia Tantum, publicado em meados dos anos 1970, pois também esse livro cearense-universal enfeixava experimentos em cada uma de suas entradas e picadas na mata da linguagem.

É como se voltássemos, em outro nível do tempo, em outra enseada e vertente da história literária às manchas e fantasias, às silhuetas, gêneros literários não mais nomenclicados hoje em dia, como se estivéssemos num interregno, numa mudança de rumos dos rios coletivos da linguagem. Estamos num pré-nascer de uma legião de sucedimentos de uma linguagem-pensamântica prosperante que ainda não sabemos, e nem podemos com os recursos teóricos atuais, delinear. Esses textos expõem-se soantes exuberantes em suas pré-formas, desdirecionando tudo a que estávamos ritmados. Trechos de flora teatral, filigranados, línguas botânicas, bafejam seus dramas de elixir em nervuras e grafemas entrincheirados. Personificações, prosopopeias, ilusionisimos, vertigens, clarividências, fibras cantantes, estrelas falantes, frases farfalham como galhos a beber nas suas 12 atiladas pontas, águaluz. Muitos dos pós-contos aqui parecem a tradução em palavras de um vitral art-noveau de ferro e vidro multicor, náutico-alado. Tudo no “lápis do improviso”, ou pictóricas teclas líquidas de tinta do escrito, segredos fonéticos do acaso estruturado são ditos em remos buscantes e folhas reposicionadas, repronunciadas. As citações, as frases das falas escritas entre aspas, onde cada frase é um manancial que se refigura e que se conjuga a outra frase-manancial numa tapeçaria líquida que nunca se evapora, fluente de dizeres escritos na fímbria do insistir adentro do espaço a que nunca antes se chegara, pois são dizeres nada cuneiformes, sempre glissantes e mutantes, num desarquivamento-relâmpago, são poemas numa nova forma do escrever... Flashes, perfis-flashes. Um misticismo arcaico e esotérico que se fantasia de novas particularidades. “Captura da ancoragem”. Frases quase incompreensíveis – e o que mais belo que isso? – em busca de psiquês. A narrativa nunca é veio, mas se incorpora em forma de cantaria caligráfica, desepicentro amarelo de todas as cores móveis, água vidente de vias e rumos, tendões de água direcionada, de jatos cruzados vindos de todos os sentidos, uma nova prosa simbolista à vista da leitura, jogos pictóricos da linguagem, uma reciclagem dos símbolos, uma linguagem com milhões de lados, uma poeira sonora de mitos porosos, desconexos, dos espaços regirados ao contrário do contrário. Máximas misturadas com narrativas, e narrativas em miniatura, novas citações, aromáticas, de aromas que fogem a qualquer som e significado. Mergulhando e entrando no sentido e saindo fora dele, de qualquer significação mesmo aquelas mais fora de tudo que até então havia sido dito ou entoado, axiomas ditirâmbicos fora dos âmbitos, um manual filosófico de mil sendas ambulantes, caminhos libertos de suas rotas e acrobáticas estradas que saltam no infinito. Gritos e 13 calmores em dúbios e ambíguas nervuras tipográficas, silábicas, sonoras, flutuantes estórias não-narrativas, quentes clamores do escrito. Os versos são escritos nas frases, sem problema, com relativismos em constante aceleração imagética, tecendo velozes combinações verbais inconcebivelmente transitórias em sua externa casca textual, nada ruidosa, silenciosamente discursiva. Poemas textuais. Transistórias. Não-estórias, transístores. Quase perfeita e esmerada, navega a embarcação de esmeralda altíssima da escrita, com seus enigmas florais intervaladados, do recém-inventado ultra-dizer, treliças trêmulas de orvalho e leitura interestelar, proliferação de signos inovados, compêndio de experimentações textuais, como jardins indecifráveis, oscilantes. No final do livro, depois dos grandes voos de tapeçarias flutuadas navegantes, há três contos e meio mais narrativos, agora mais como flutuações mais estruturadas sobre a grande trama da água da linguagem da autora, que são como réstias de um livro futuro de suas mil e uma mãos. Este aqui é, entretanto, um composto experi-mental de iluminações, seus eternos cadernos da linguagem recém-chegada do desconhecido.

Carlos Emílio Corrêa Lima – Fortaleza- CE

terça-feira, 23 de julho de 2019

Campos errantes concorre ao prêmio Oceanos

Uma alegria imensa constar entre os concorrentes ao prêmio Oceanos com meu livro de contos Campos errantes. Agradecimentos à editora Penalux, SP, e a todos que me acompanham nessa bela seara da Literatura.


Os livros participantes foram inscritos por 314 diferentes editoras. Neste ano, as publicações independentes, com edição do próprio autor, somam 49 livros e representam 3,3% do total das inscrições.
Concorrem ao prêmio autores de 11 diferentes origens. Dentre os países de língua portuguesa, temos, do continente africano, quatro angolanos (todos publicados em Portugal); dois cabo-verdianos (um publicado em Cabo Verde e um em Portugal); nove moçambicanos (sete publicados em Moçambique, dois em Portugal) e um autor de São Tomé e Príncipe (publicado em Portugal). De Portugal, foram inscritos 145 autores e, do Brasil, 1.300.
Há ainda livros publicados em cinco países cujo idioma oficial não é o português: Alemanha (com 2 livros); EUA (com 4); Irlanda (2); Ilhas Maurícias (2) e Holanda (1).
Dentre as categorias avaliadas pelo Oceanos, poesia – com 690 livros – corresponde a 47% das inscrições. Os romances somam 446 obras e representam 30,4% do total; os livros de contos – 225 inscrições – perfazem 15,4%, seguidos por 82 volumes de crônicas (5,6%) e 24 obras de dramaturgia (1,6%).
Cada jurado tem acesso, via sistema, aos livros que lhe cabem ler e avaliar – de modo que cada obra inscrita tenha três avaliações, por diferentes jurados. Os livros analisados tem uma marca-d’água Oceanos com o nome do jurado que deve ler e avaliar a referida obra. Os PDFs enviados nas inscrições tem acesso restrito aos jurados e aos curadores do prêmio.
Conheçam no link todas as obras de todas as categorias que estão concorrendo:
https://portal-assets.icnetworks.org/uploads/attachment/file/99980/Oceanos-2019-Inscri%C3%A7%C3%B5es-V%C3%A1lidas.pdf

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Do que o círculo ouve

Arte: Tere Tavares

Elbiah não deixa nunca de finalizar a frase antes que o sono chegue.  Na sincronia do mar sua alma navega como uma canoa subtraída que talvez pouse numa praia inóspita e resgate uma aurora a descer com sonhos e impaciências no compasso em que dançam as ondas. Como se esperasse acostumada à ausência Elbiah agarra-se no sargaço que escurece a orla suporta maresias e ventos como um carinho gestado impregnando a pele das pedras. No engodo de suspender-se deixa-se ficar com o fervor dos veleiros esquecidos chamados uma mulher de sorte ou desejos ou cavalos de ébano. Não me furtei de ser-te o sonho infuso nem de sonhar-te. Chegarei a tempo de roçar as chuvas e aclarar-me nos teus gestos.

Tere Tavares
Na ternura das horas- ensaios- 2017

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Campos errantes no Potiguar Notícias

Campos errantes no Potiguar Notícias, Rio Grande do Norte.

Quem acompanha com olhar atento o panorama das artes e dos que a praticam com profundidade de intenções e pureza de objetivos, há de notar que vem aumentando a freqüência com que artistas que trafegam em outras modalidades da arte vêm se dedicando também à literatura. Não estamos nos referindo àquela longa tradição que inicialmente destaca o debate entre as artes irmãs, ou aquela acolhida nos estudos de literatura comparada sob o viés da comparação de uma literatura com outra ou outras, ou a comparação da literatura com diferentes esferas da expressão humana. Sobre isto muito já se escreveu por sinal. O que salientamos é a ocorrência, e cada vez com maior freqüência, de um verdadeiro amálgama, uma mescla da expressão artística de autores em variadas manifestações.
 
Belo exemplo de artista de múltiplos talentos é Tere Tavares que para além da pintura, pratica literatura de alta qualidade (com incursões no gênero de poesias, contos e prosa poética). Após vários livros e outras tantas exposições de seus belíssimos quadros, brinda-nos agora com o volume de textos em prosa poética que abordam dentre tantos aspectos de nossa sensibilidade e de nosso viver contemporâneo, verdadeiras pérolas de conscientização existencial. Mas que ninguém se engane quanto ao fruir dessa obra de características bastante peculiares. Não há textos ‘fáceis’, mastigados e de imediata assimilação. Demandam do leitor a cumplicidade com uma escrita cifrada em Flashes, como afirma Carlos Emílio Corrêa de Lima no Prefácio da obra: “Flashes, perfis- flashes. Um misticismo arcaico e esotérico que se fantasia de novas particularidades. ‘Captura da ancoragem’. Frases quase incompreensíveis - e o que é mais belo que isso? – em busca de psiques. A narrativa nunca é veio, mas se incorpora em forma de cantaria caligráfica, desepicentro amarelo de todas as cores móveis, água vidente de vias e rumos, tendões de água direcionada, de jatos cruzados vindos de todos os sentidos, uma nova prosa simbolista à vista da leitura, jogos pictóricos da linguagem, uma reciclagem de símbolos, uma linguagem com milhões de lados, uma poeira sonora de mitos porosos, desconexos, dos espaços regirados ao contrário do contrário”. Parece muito complexo? Não é. Passemos ao depoimento que nos dá Ornella Dina Mariani de Lecca na Itália em texto de Posfácio, síntese bastante pertinente sobre esta obra de Tere Tavares: uma “alma que está intrinsecamente imbuída de poesia, embebida a ponto de transbordar. Sua escrita é, portanto, não só prosa poética, mas poesia pura que se detém em descrições detalhadas de estados de espírito como de profundezas marinhas, concavidades e encostas e margens onde a sua heroína procura conosco a explicação de si, do seu existir em tanta luz”.
 
Destacamos nos trechos de Carlos Emílio Corrêa de Lima e Ornella Dina Mariani, algumas palavras: “flashes”, “estados de espírito” e “em busca de psiques”. Aí temos o que refletir, e muito. Nossa psicologia já admite que o nosso estado de consciência é fenômeno em continua elaboração construtiva ou destrutiva. Vivemos um período no qual o ser, entendido como unidade prioritariamente orgânica, cede lugar a complexas unidades psíquicas - com a mesma febre de criações (paixões), com a mesma monstruosidade de formas espirituais (erros, violências, mentiras), e com a mesma incerteza e instabilidade. Sim, por certo, é o que a olhos nus podemos observar. Período de monstruosas construções, repetimos. Mas por outro lado, parece emergir um lento trabalho subterrâneo de amadurecimento e de assimilação que se opera no mundo psíquico-social, dando lugar a que o equilíbrio estável e fechado do passado se precipite na revolução do modo de pensar. Não é a arte a suprema expressão da alma humana? E por qual razão o fenômeno artístico não possuiria também os seus ciclos, que outra coisa não são senão os ciclos do fenômeno psíquico?
 
Eis que, para espanto dos que não conseguem visualizar um boi se não o apalparem muito bem apalpado, surge inopinadamente – porque impositiva -, a febre da evolução e a insaciabilidade de nossa alma que são forças irresistíveis e universais, a nos impelir para mais alto. Como que uma lei invisível, que requer contínua dilatação do nosso psiquismo. Positivamente encontramo-nos em um momento em que não é mais possível fugir ao dilema: ou compreender ou se exterminar. Não estamos falando de problemas abstratos, religiosos, ideológicos ou teóricos. Mas de uma problemática social e individual concreta. Problema de vida e morte, porque nossa ignorância constitui nossa impotência, e não atinamos ainda em desenvolver uma vontade cada vez mais viril, uma inteligência sempre mais aguçada, e um coração cada vez mais sensível e aberto. Uma equação muito simples se impõe para a nossa macacada: aceitar uma vida bestial ou lutar pela civilização da humanidade. Essa a vitória ‘biológica’ que a evolução impõe nesse momento histórico. E peço desculpas aos leitores por esse desabafo virulento. Foram pensamentos como esses que se desencadearam em meu ser após ler os textos de “Campos errantes”. Querem ver? Apenas um: “Magno”.
 
"A gélida laje me traz algumas anotações desconexas, leões dormindo em árvores, caçadores à espreita, convites aceitáveis, uma frase de Simone de Beauvoir, uma inconsistência que atrapalha as formulações exitosas e a seguir desaparece. Ando ao contrário para estar no lugar certo. A perspectiva é persuasiva. Sou transitório, musical como as cachoeiras. Somente quem transmite confiança torna-se confiável. Magno luta por qualquer migalha de entusiasmo que possa captar; em si, estão presentes as leituras graduadas, as interpretações retorcidas como escadas em caracol, o brevíssimo culminar das tragédias, o argumento, o brio, as armadilhas perpétuas e póstumas de alguém que, insaciavelmente, investiga-se ou é investigado.
 
Magno transita pelas abreviaturas liquefeitas em sua derme de ostra – um traje cravado e quase inorgânico. Distingue-se pelo que pensa e desguarda-se do desastre, como o que lê num papel amassado: ‘A formosura, embora todo o seu fascínio, pesa como uma paixão consoante ao desconforto. Todas as mulheres são lindas e lidas – são a deriva e a derivação, o refúgio e o desespero, os encantos que eternizam: meros detalhes de composição, de um confrontável pensamento a circular em acordes de fôlego e talento. Precisamos de novas e inovadoras referências. Estar no padrão ditado pelos falsos autores da beleza – não é tão simples carregá-la – que nos querem atrair em seus próprios claustros: meandros subjacentes que não reconhecemos porque profundamente cruéis e ilegítimos’. 
 
Num fragmento chamado casa, Magno recebe um broto esculpido pela Lua que embala a noite lúdica. As pedras, as plantas e tudo o que vive sussurram simbologias para lhe indicarem a fecundidade que se espalha como as penas quando retiradas dos travesseiros. ‘Sou ilha irredutível e tudo me é afiançável quando colho com os sentimentos os valores naturais, os enovelamentos do farfalhar planetário. À demanda do dia e às manhãs noturnas. Emociona-me essa evidência costurada em ciclo inicial, fatídico, como se todas as coisas falassem dos distúrbios por percorrer. O sentido dessa expectativa de vida após a vida não é algo que se possa traduzir racionalmente. Sob o fulcro da razão, as únicas e impalpáveis deduções – colocando nisso as fraquezas, dogmas, polêmicas e complexidades – são as que nos permitem alcançar expansões que fogem do absoluto e do definitivo; a incansável busca é o fecho, o resquício último de alguma réplica plausível. Quando nada me socorre, me lembro de Deus. Há de me guiar o Sol ao crepitar das borboletas. E me instruir sobre como captar a estridência dos grilos’”.
 
Voltemos finalmente ao Posfácio de Ornella Dina Mariani. Forçoso concordar com ela quanto ao trabalho que a autora realizou e que “nos fala de uma humanidade melhorada por este contato íntimo com a natureza, seus segredos e suas maravilhosas protuberâncias, que chamamos árvores, mares, folhas, flores, pores de sol e, como última flor, a nossa alma. Os “Campos errantes” da senhora Tere Tavares nos levam a pensar no Absoluto, aquela verdade escrita em nosso mais potente instinto, na nossa aspiração maior que é a de subir sem limites, subir eternamente.
 
SERVIÇO
Livro: “Campos errantes”, contos de Tere Tavares. Editora Penalux, Guaratinguetá – SP, 2018, 196p.
ISBN 978-85-5833-435-8

http://www.potiguarnoticias.com.br/noticias/40242/campos-errantes-a-busca-pelo-absoluto-no-livro-de-contos-de-tere-tavares


Meus agradecimentos aos editores.